OPINIÃO: CAMINHO CORRETO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA GAÚCHA?

Coluna de Fausto JR. no Jornal A FOLHA - Torres

Candidato do PDT defende agenda liberal mesmo estando em um partido mais socialista: um desafio
15 de janeiro de 2018

Esteve em várias cidades aqui do Litoral norte na semana que passou, o pré-candidato à vaga de concorrente ao governo do RS dentro do PDT, o ex-prefeito de Canoas Jairo Jorge. Ele está preparadíssimo para o embate, com motes de campanha na ponta da língua e com um discurso coerente, sem contradições.
O preparo de Jairo Jorge mostra também que ele deve propor uma agenda diferente da agenda que o PDT geralmente apresenta, mais social, mais à esquerda. Ou seja, convenceu seu partido também. Sua proposta caberia como uma luva em um candidato extremamente liberal, ou “neoliberal” como chamam na esquerda. Ele quer DIMINUIR drasticamente o tamanho do Estado, cortar níveis hierárquicos e diminuir a carga tributária. Jairo Jorge acredita que desta forma as empresas ficarão mais competitivas, consequentemente venderão mais e se incluirão mais na economia, e consequentemente também gerarão mais impostos para o Estado, mesmo com alíquotas subsidiadas como propões o projeto do pedetista, além de ser uma forma de CAPTAÇÃO de indústrias para o Estado, vindas de outros lugares do Brasil ou vindas principalmente de fora, as multinacionais.
Concordo em gênero, número e grau com a PROPOSTA de Jairo Jorge. Acho que sua plataforma vai brigar mais com o candidato do PSDB, Eduardo Leite, que deve ser similar, ou com algum candidato dos partidos Liberais que surgiram, como, por exemplo, o “Novo”, que vai de Manoel Bandeira, ou com a proposta do PP, que pode projetar campanha com algo parecido através de Luiz Carlos Heinz.
O difícil será ir para o segundo turno com este discurso. Se o PDT entrasse com seu discurso tradicional, defendendo um Estado grande, mais social, com mais políticas públicas de apoio direto ao cidadão mais necessitado e com a defesa das estatais, como se comporta a esquerda, talvez competisse com PT, que talvez vá de Miguel Rosseto, ou com PC do B de Manoela, ou com PSOL, ou com outras plataformas mais socialistas. E aí se ganhasse a vaga no segundo turno, o PDT iria disputar ai sim, com as propostas liberais e seu discurso seria competitivo.
Mas talvez estejamos chegando a um amadurecimento na politica. Ou seja, numa certeza clara e institucionalizada de que, para se desenvolver e criar emprego, renda, e melhor ambiente coletivo, o crescimento das empresas e da produção em geral é a única receita. Não dá para emplacar mais àquele discurso que o empresário é o bandido da sociedade, que não se preocupa com o social, o que é errado na base, mas que muitos discursos políticos ainda sobrevivem com este mote de bater em quem empreende.
Talvez, portanto, o PDT esteja defendendo o trabalhador sugerindo que a criação de emprego é a melhor forma de defesa da categoria, o que se poderia chamar de Trabalhismo Neoliberal. Parabéns ao PDT.

PMDB TERIA DE DEFENDER A MESMA COISA

Ainda não estão definidos os nomes das agremiações para concorrer ao governo do Estado. Mas o PMDB deve tentar a reeleição do atual governador Ivo Sartori, que também terá chances. Explico.
A choradeira que denigre a imagem do atual governador vem das pessoas ligadas ao sistema público: servidores, CCs e pensionistas de servidores do RS, que receberam seus salários com atraso. A outra parte dos mais de 10 milhões de gaúchos pode estar vendo o governo como uma administração responsável, que cuidou de não deixar o estado ficar inviável, embora tenha atrasado salários e feito muito pouco investimento. E este discurso pode ser bom para se reeleger.
Mas o governo Sartori deveria propor um novo governo similar ao sugerido pelo candidato do PDT. O de DIMINUIR o tamanho do Estado e de deixar as empresas mais competitivas. Pra mim trata-se de um segundo passo administrativo depois de fechar as torneiras dos cofres, que estavam abertas e sem medidor até o ano de 2014.
E o discurso pode ser bem empregado por ter sido responsável de não cortar a estrutura de forma radical no primeiro momento, mas de fazer o tema de casa após regular o fluxo de caixa do sistema económico público, como fez e faz o atual governador.

DISCURSO DA ESQUERDA VAI SER DE ESPERANÇA DA “VOLTA”

O advento do impedimento da ex-presidente Dilma em 2015, feito pelo Congresso Nacional, portanto de forma Política, embora dentro da lei, deixa um ENORME espaço para a esquerda nesta eleição que se aproxima. O pessoal do PT chamou sempre o impedimento de GOLPE e mantém este estribilho de discurso nos dias atuais, reportando inclusive aos tribunais (justiça) a culpa de entrar no “golpe”, caso o ex-presidente Lula seja condenado em segunda instancia e não possa concorrer no pleito deste ano à presidência do Brasil.
Sempre achei que politicamente para os adversários era um equívoco fomentar o Impeachment de Dilma. Achava que para a oposição, a obrigação de Dilma ter de cortar na própria carne da esquerda os erros cometidos nos 12 anos de poder de Lula e dela, entre 2003 e 2014, seria uma forma mais natural dos opositores deste sistema se fortalecerem e enfraquecer os apoiadores da esquerda no Brasil nesta eleição de 2018. A ex-presidente impedida inclusive já anunciava medidas similares às tomadas pelo presidente Temer em seu governo, simplesmente por ter a obrigação de brecar o caminho do fosso que o Brasil estava rumando.
Pois agora no Brasil – com Lula ou com outros defensores da política de Lula no governo, como aqui no RS, o discurso da esquerda se abre para ter um saudosismo coerente. Vão dizer que na época de Lula tinha mais emprego, mais politica de apoio direto, mais dinheiro para o povo, enfim. E o povo vai acreditar, porque se trata de um fato. Não dá para provar que os problemas atuais do Estado do RS são frutos do governo do PT, nem que os problemas do Brasil são frutos também da era Lula/Dilma, 2003/2014.
Com certeza a esquerda deve ir firme ao segundo turno com este discurso. E a roubalheira, que seria debitada só ao PT após o mensalão e o início do petrolão, acabou se espraiando para o PMDB, PP e até o PSDB, pelo menos em indícios. Portanto, roubalheira como mote de concorrente sobra para poucos partidos. A maioria esta envolvida do sistema de captação de recursos da política, institucionalmente corrompido no Brasil.

OPORTUNISMO DE MORALISTAS

No mundo inteiro, a assunção da chamada “direita” no poder tem acontecido muito mais por países ter a obrigação de colocar as finanças em dia do que por ideologia. A população como um todo quando nota que a coisa não está bem, acaba preferindo administrações CONSERVADORAS nas ações de Estado e da economia para salvar problemas gerados por erros administrativos anteriores. Isto aconteceu na Espanha, na França, na Grécia e em vários outros países.
Mas os arautos do conservadorismo de COSTUMES aproveitam o momento e se projetam em cima de preconceitos que foram injetados nas cabeças das sociedades no passado, mas que ainda existe na cabeça de MUITA gente, que acha que eles não são preconceitos: são conceitos. E aí entra preconceitos de gênero, de cor, de nacionalidade, de sexualidade, dentre outros.
São os chamados populistas de direita que incutem na cabeça de incautos que o problema da humanidade está no “progressismo”. Incutem que quem não é religioso, branco, magro, alto e estudou são pessoas inferiores e atrapalham a vida dos superiores, um discurso ridículo, mas que ainda cabe em conceitos conservadores de famílias e até de entidades que acham que o conservadorismo é o único caminho.
No Brasil já apareceram vários. Tomara que este tema não seja usado em campanha para angariar votos. Quando isto acontece e o discurso vence, chegamos perigosamente às situações similares ao nazismo, ao fascismo. E sabemos que este sistema é, além de errado e manipulador, uma praga para qualquer lado da humanidade.
Tomara que, se houver discursos conservadores, que sejam somente na economia. Os costumes do povo devem ser respeitados como um sistema PLURAL de opções. Liberdade deve haver em tudo. Não existe liberdade pela metade. Pela metade é manipulação da palavra liberdade.




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