Professores estaduais manifestam-se na Câmara torrense e registram até boletim de ocorrência contra Sartori

Manifestações são forma de protesto e reivindicação contra o parcelamento dos salários dos professores. Ao jornal A FOLHA, professor estadual relata algumas angústias e decepções vividas pela categoria nos últimos meses

Manifestação em frente a delegacia de polícia (FOTO: Rádio Maristela)
21 de setembro de 2017

Participou da Tribuna Popular da última sessão da Câmara de Vereadores de Torres, realizada na segunda-feira, dia 18/9, o professor estadual (em Torres e Dom Pedro de Alcântara) Paulo Cesar Goulart de Quadros. Ele participou como representante dos trabalhadores em educação do Estado do Rio Grande do Sul, bem como representante regional do Movimento de Greve dos professores que aderiram a paralização na região. A manifestação foi de repúdio ao governo Sartori no RS, por conta do parcelamento de salários do setor educacional.

No Plenário da Câmara também participaram alguns componentes do movimento de paralisação, de algumas escolas estaduais locais que trabalham em conjunto com a liderança de greve. Eles levaram bandeiras do CPERS (Centro dos Professores do Estado do RS) e aplaudiram a fala do colega e até de vereadores – que na maioria se manifestaram de forma solidária às reivindicação dos professores.

 

Soluções financeiras foram listadas

Conforme informou na manifestação o representante dos professores grevistas, o Governo do Estado do RS poderia trabalhar para recuperar recursos retirados do orçamento com a Lei Kandir – que incluiu o ICMS de indústrias quando em benefícios fiscais, para fomentar a competição nas exportações. Em validade deste o inicio dos anos 2000, os valores da Lei Kandir já foram fruto de disputas jurídicas e políticas dos governadores de todo o Brasil. “Em todos os últimos governos não vimos governadores brigar forte por este direito no Estado”, afirmou Paulo Cezar, em nome do movimento.

No mesmo discurso, o manifestante compartilhou a impressão do movimento dos trabalhadores na educação, representados pelo CPERS Sindicato, sobre a postura política do governo Sartori em parcelar salários dos professores junto com todos os outros trabalhadores do Poder Executivo do Estado. “A crise alegada pelo governo é só para fora, lá dentro os pagamentos estão normais, principalmente nos poderes judiciário e legislativo (que recebem em dia por conta de viverem dos repasses ordinários orçamentários). As isenções fiscais estão mantidas e os servidores estão pagando uma conta que não é deles”, disse. “E agora querem vender o Estado para pagar a conta”, reclamou.

Outros companheiros do movimento também usaram a tribuna por pouco tempo na manifestação que, conforme o líder do movimento, se tratou de uma espécie de “desabafo” do movimento perante os representantes dos partidos em Torres, já que a gestão e o poder de qualquer ação para atender as demandas dos grevistas estão restritos ao governo do Estado do RS e à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, pois os professores em pauta são servidores estaduais.

representantes do CPERGS na Câmara torrense

 

 

Em protesto, professores registram boletim de ocorrência contra Sartori

 

E pouco antes, na mesma segunda-feira (18),  professores e funcionários da rede de ensino estadual de Torres chegaram a ir na Delegacia de Polícia Civil de Torres, para fazer um boletim de ocorrência contra o governador José Ivo Sartori, pela falta de pagamento de salários no início de setembro – conforme reportado pela Rádio Maristela FM. Na foto, manifestantes reunidos em frente a delegacia, em protesto.

De acordo com o prof. Zé Roberto, diretor da Escola Estadual de Ensino Médio Dom Pedro de Alcântara, na segunda-feira (18), o percentual de professores paralisados em todo o RS chega a 70% – enquanto no começo do mês eram 40%.

 

Escolas Paralisadas (mas nem todas)

 

Em Torres – até quinta-feira (21) – as escolas estaduais totalmente paralisadas foram  Instituto Estadual de Educação Marcílio Dias, Escola Manoel João Machado e a Escola da Aldeia Nhu Porã;  Parcialmente paralisadas (trabalhando com horários diferenciados) estavam as escolas Marechal Deodoro (Vila São João/Torres); Governador Jorge Lacerda e  Justino Alberto Tietboehl. E as escolas que não paralisaram suas atividades eram Nossa Senhora da Gloria (Pirataba/Torres); Nossa Senhora Aparecida (Jacaré/Torres) e Pedro Nicolau Krás Borges (Águas Claras/Torres). Na região, o jornal A FOLHA averiguou que as Escola Estadual Angelina Maggi (de Três Cachoeiras) e de Dom Pedro de Alcântara também aderiram a greve.

Em conversa com um professor estadual de Torres (mas que atualmente não está em estado de greve) fomos informados que o momento é de grande dúvida entre os professores. “A falta de garantias dos pagamentos salariais – situação que se arrasta há mais de 2 anos – já fez vários professores desistirem da carreira e buscarem outras alternativas de trabalho.  Há ainda um sentimento – entre muitos professores que não aderem a greve – de incerteza de atingir os objetivos com a paralisação, uma vez que várias greves já foram realizadas e que, mesmo assim, o governo Sartori mostra-se irredutível, mantendo os salários parcelados. Parece que é o propósito mesmo (do atual governo) deixar a educação estadual sucatear”.

Outra questão salientada pelo professor entrevistado é o fato do ano letivo de 2017 ser prejudicado, uma vez que as escolas precisam cumprir os 200 dias letivos e 800h de aula – o que faria que as aulas entrassem verão adentro. Mas apesar de sua escola não ter aderido inteiramente a greve, o professor acha importante que se mantenha a pressão sobre o governo estadual, pois a falte de garantia de salários – que gera insegurança financeira nos lares – faz com que professores percam o foco em sua (importantíssima) atividade


Publicado em: Educação






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