Riscos de afogamento na Praia da Guarita novamente em pauta

Após surfistas resgatarem banhistas em apuros no mar do 'principal cartão postal' torrense, assunto repercutiu na imprensa estadual e voltou a entrar em debate com força na cidade - inclusive em reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente

Canto perigoso da Praia da Guarita (Foto: divulgação web)
24 de novembro de 2017

 

A falta de segurança para banhistas no canto esquerdo da Praia da Guarita, próximo ao Morro das furnas, voltou a gerar um caso de preocupação na cidade. No final de semana passado, repercutiu nas redes sociais e até na imprensa regional os cerca de 20 banhistas que foram resgatados no local, por cerca de 10 surfistas durante diferentes momentos do feriado de 15 de novembro, momento em que a praia estava lotada de visitantes. O surfista torrense Jonas Brocca contou ao jornal Zero Hora que, ele próprio, ajudou diretamente a tirar da água sete pessoas que passavam sufoco no mar da Guarita.

A atitude de ajuda aos banhistas foi replicada por outros surfistas –  como Iuri Silva, que relatou que o Corpo de Bombeiros chegou a ser contatado para ajudar nos salvamentos. Mas a corporação respondeu que o efetivo do momento era pequeno,  e que não tinham como enviar alguém . Apenas com o começo da Operação Golfinho, no dia 15 de dezembro, que começarão a atuar regularmente os Salva Vidas.

Já a prefeitura de Torres reforça que a responsabilidade por salvamentos é de competência do Corpo de Bombeiros, sendo que investe o dinheiro recolhido com o ingresso no Parque da Guarita em melhorias estruturais (no momento, reconstrução do pórtico e abertura de uma nova saída para o Parque). Enquanto isso, o resguardo a segurança dos banhistas na Praia da Guarita acaba dependendo da prevenção e sentido de autopreservação deles próprios – e quando a ousadia é maior e o perigo no mar chega, o banhista em perigo precisa contar com a sorte de algum surfista presente ou coisa do tipo para ajudar.

 

Insegurança aos banhistas pode ter finais trágicos

 

Infelizmente, a falta de segurança aos banhistas na Praia da Guarita é uma realidade antiga e recorrente – responsável por ceifar várias vidas nos últimos anos.  O assunto  também vêm sendo pauta frequente no jornal A FOLHA durante os últimos anos. Entre 2013 e 2016, doze pessoas morreram afogadas na Praia da Guarita, em Torres, sendo quatro mortes na alta temporada (dezembro a março) e oito na baixa temporada (março a dezembro). Foi  o que informou um relatório do Corpo de Bombeiros de Torres na reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMMAM) realizada em julho de 2016.

Na ocasião, um projeto de plano preventivo foi apresentado, com possíveis alternativas para o problema.  Aumentar o período da Operação Golfinho, de 1 ° de dezembro até o feriado de páscoa – com reforços em pontos estratégicos da orla em feriados,foi uma das propostas  – que entretanto acabou não se concretizando. Outra opção, apresentada pelo conselheiro da AST (Associação dos Surfistas de Torres), Alexis Sanson, seria a utilização de um modelo que já existe em outras cidades: os salva-vidas civis. Estes seriam formados, graduados e coordenados pelo Corpo de Bombeiros de Torres, pois já existem projetos de ‘salva surf’ sob essa perspectiva de utilizar civis no salvamento e prevenção”, explicou Alexis à época – já lembrando dos recorrentes salvamentos de banhistas em perigo por surfistas. Placas preventivas, folders informativos e rondas por pontos estratégicos (em dias de movimento) do próprio pessoal da prefeitura que trabalha junto ao Parque da Guarita também foram sugeridos no plano preventivo.

 

Planejamento necessário

 

O jornal A FOLHA conversou com a presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Ivana Freitas, para elucidar algumas questões referentes a situação de perigo aos banhistas na Praia da Guarita. Quanto ao plano preventivo apresentado em julho do ano passado, Ivana lamenta que este projeto não tenha andado quase nada – e que mudanças efetivas  via COMMAM para a  atual pré-temporada seriam muito difíceis”A falta de segurança na Guarita é tema recorrente em reuniões do conselho, que contaram com a presença de representantes da prefeitura, corpo de bombeiros, entidades. Talvez pudessem ser previstas verbas focadas para ajudar a sanar o problema, mas um projeto agora seria quase inviável, pois o Commam teria que cumprir o protocolo burocrático para efetivar estas demandas”.

A presidente do COMMMAM ressalta não ser necessário apenas planos para aumentar a segurança e evitar acidentes (as vezes fatais) no mar, durante o período em  que a Operação Golfinho ainda não está em ação.  “Precisamos sim de parcerias estruturadas e planejamento antecipado. Não dá para preocupar-se com a questão apenas quando a alta temporada se aproxima e os casos de afogamento aparecem, isso tem que ser pensado o ano todo”, conclui Ivana.

 

Reunião do COMMAM reforça: “Salvar Vidas é a prioridade”

 

Na última quarta-feira (22), uma nova reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMMAM) foi realizada – e a pauta principal, como não poderia deixar de ser, foi a questão dos resgates aos banhistas em perigo na Praia da Guarita. Representantes do poder público e entidades que compõem o conselho reuniram-se para debater a problemática – que se não apresentou grandes novidades, contou com a pressão do COMMAM para que o salvamento das vidas de banhistas que, eventualmente, passem sufoco no mar da Guarita, seja prioridade.

Foi indicada  pelos conselheiros a necessidade de um olhar diferenciado para a segurança dos banhistas no Parque da Guarita, cartão postal principal de Torres (e do estado). A representante da Secretaria do Turismo, na ocasião, justificou que já existem placas sinalizando o parque turístico, e que é necessário que as pessoas entendam dos riscos ao adentrar no mar da Guarita – considerada (estatisticamente) um dos locais mais perigosos do litoral gaúcho para banho. Voltaram a ser reforçadas as alternativas do Guarda Vidas Civil (que poderia entrar na rubrica de pagamento da prefeitura) para atuar nos feriados e momentos de grande movimento de  praia, fora do período da Operação Golfinho.  Um termo de responsabilidade para guias de excursões turísticas também foi sugerido.

Como já existe o plano preventivo costurado, o objetivo do Conselho é garantir que ele seja PLANEJADO COM ANTECEDÊNCIA e formalmente implementado, com a finalidade de prevenir futuros afogamentos (e mortes) no Parque da Guarita. Pois se não faltam planos, será a partir da proatividade e boa vontade conjunta que poderemos ahar as soluções, para que novas tragédias não ocorram em nosso principal cartão postal.


Publicado em: Geral






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