“A morte de peixes na Lagoa do Violão pode indicar um desequilíbrio do ecossistema local”, afirma Biólogo

Nesta segunda-feira (12 de julho), o Biólogo Roger Maciel - que foi secretário do Meio Ambiente de Torres alguns anos atrás (durante a gestão da prefeita Nílvia Pereira), e atualmente chefia a mesma pasta no município do Passo de Torres (SC) - opinou sobre a situação da Lagoa do Violão em entrevista para a Rádio Maristela

Lagoa do Violão (foto de arquivo A FOLHA Torres)
13 de julho de 2021

Um pôr do sol esplêndido. Um local no coração da cidade perfeito para uma caminhada ou corrida. Até mesmo para uma pausa no dia, um “chima”, um momento de descanso. Mas a Lagoa do Violão não é só um cartão-postal de Torres, é tamém um ecossistema complexo e que tenta sobreviver a Torres cada vez mais urbana.

Um cenário assim não combina com inúmeros peixes mortos boiando em seu espelho d’água. Assunto que ganhou força nas redes sociais nas últimas semanas.

O Biólogo Roger Maciel – que foi secretário do Meio Ambiente de Torres alguns anos atrás (durante a gestão da prefeita Nílvia Pereira), e atualmente chefia a mesma pasta no município do Passo de Torres – publicou em suas redes sociais a preocupação sobre o que se passa com a Lagoa do Violão. Será mesmo uma questão apenas de temperatura da água? E as Tilápias que por não serem nativas podem ser ameaça às demais espécies nativas?

Em entrevista para a Rádio Maristela nesta segunda-feira (12 de julho), o Biólogo defendeu que algo mais acontece. Segundo Roger, “uma soma de muitos fatores são sintomas de um desequilíbrio. As baixas temperaturas são sim um fator de mortandade das Tilápias, que são consideradas invasoras desse habitat, não possuem resistência ao frio.”. Mas alerta para outros fatores que indicam um desarranjo em todo o ecossistema.

“O frio é sim um fator importante, porém existem outros fatores, pois no último verão também houve episódio de mortandade de peixes na Lagoa do Violão. Devemos considerar outros pontos, como a alta proliferação de algas, favorecendo o desenvolvimento de fungos e outros microrganismos que afetam a saúde e a imunidade das espécies, as deixando ainda mais suscetíveis, por exemplo”, explica Roger.

O Biólogo recorda que o empreendimento Vesta, no Centro de Torres, direciona via tubulação da Corsan (água límpida de uma nascente encontrada no início das obras). O volume direcionado à Lagoa do Violão tem a capacidade de renovar toda a água da Lagoa quatro vezes no ano, o que é importantíssimo para as espécies. “Porém, não tem sido o suficiente”, afirma o Biólogo.

“Como Biólogo ouso sugerir alguns caminhos, afinal de contas, minha relação com a Lagoa não se dá apenas pela minha área profissional, mas como alguém que cresceu, pescou, brincou na Lagoa do Violão. É um local que faz parte da nossa vida e de nossas memórias afetivas”, recorda Roger.

Em contato com a Secretaria do Meio Ambiente, o secretário Júlio Agápio, afirmou que existe todo um esforço para com a Lagoa, inclusive em sua equipe técnica já existem estudos sobre a presença da Tilápia, o peixe que tem aparecido morto nas águas da Lagoa.

 

Sugestões pela Busca de equilíbrio

 

Dentre as sugestões para a busca do equilíbrio da Lagoa do Violão, Roger aponta:

 

– Realizar uma análise na Lagoa para verificar a presença de esgoto clandestino e controlar a proliferação de algas e outros microrganismos;

 

– Realizar teste nas Tilápias para verificar se é possível o consumo humano. Em um segundo momento realizar parcerias com proprietários de açudes controlados para a total captura dessa espécie que não é nativa do local, se multiplica rapidamente e não possui predador, colocando em risco as demais espécie nativas;

 

– Realizar a manutenção nas caixas separadoras que coletam a água da chuva e dos esgotos pluviais filtrando a água para evitar o assoreamento por areia e detritos;

 

– Controlar o assoreamento da Lagoa, pois isso interfere na temperatura da água. A Lagoa do Violão precisa ficar mais profunda.

 


Publicado em: Meio Ambiente






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