Após colheita na região de Torres, resíduos de frutos do açaí juçara tem nova utilização sustentável

3 mil quilos de caroços do açaí juçara deixarão de ser subprodutos da despolpa para rechear bolsas térmicas terapêuticas (foto)

20 de maio de 2020

A colheita de açaí juçara recém começou, mas 3 mil quilos de caroços já têm um futuro à altura da missão cumprida como frutos na Mata Atlântica e na nutrição humana. Deixarão de ser subprodutos da despolpa para rechear bolsas térmicas terapêuticas.  O embarque foi na noite de terça-feira, 19 de maio, da Agroindústria Morro Azul, em Três Cachoeiras, para a empresa Mercur, em Santa Cruz do Sul.

Lançada em 2019, a bolsa térmica com caroços de açaí juçara começou a ser idealizada em 2017, numa pesquisa do colaborador João Vogt junto à Universidade Federal de Rio Grande (Furg), sobre o uso de sementes de butiá. A universidade recomendou o uso de sementes de juçara e encaminhou o contato com o produtor Amilton Munari, de Maquiné, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.  Amilton conduziu a conversa à equipe técnica do Centro Ecológico, que organizou, em 2018, junto à Cooperativa de Produtores Ecologistas do Litoral Norte do RS e Sul de SC (Econativa), a primeira remessa para empresa do Vale do Rio Pardo desenvolver o protótipo. Desde então, a Agroindústria Morro Azul ficou responsável por atender os pedidos feitos via Econativa.

De acordo com Liciani Lindemeyer, da área de Inovação da Mercur, as bolsas resultam de um projeto colaborativo entre toda a empresa e uma oficina de cocriação com cerca de 70 pessoas, entre profissionais da saúde, usuários de calor terapêutico, designers, produtores, fornecedores, clientes e área técnica para pensar numa solução para termoterapia que tivesse o menor impacto negativo humano socioambiental.

“Aprendemos que 20% do fruto é polpa e o restante é caroço, que era desperdiçado no processo. Então, com a bolsa térmica natural, estamos dando um fim nobre para estes caroços, transformando-os em matéria-prima para uma bolsa térmica natural com funcionalidade atestada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), destaca a colaboradora.

 

Mais uma fonte de renda para famílias da região de Torres

 

Anelise Becker, da Agroindústria Morro Azul, também acha ambientalmente muito interessante transformar em renda o que sobra da despolpa. “As sementes são retornadas aos agricultores que fazem o plantio, mas o excedente iria fora porque não consumiriam tudo”. Apesar do trabalho para secar, ensacar e comercializar, a mestre em Desenvolvimento Rural acha que o esforço compensa porque, neste ano, vai viabilizar o repasse de parte dos R$ 0,80 centavos – pagos pela Mercur pelo quilo dos caroços -, às famílias agricultoras de municípios da região de Torres.

“Neste ano, foi feita uma atualização do preço da fruta. O quilo da fruta orgânica, levado na agroindústria, vale R$ 2,50.  Se a gente  colher e buscar, fica em R$ 1,25”.


Publicado em: Meio Ambiente






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