Daqui a alguns dias, o empresário Leonardo Denardi – da Denardi Construtora – entrega o cargo de presidente da Associação das Construtoras e Incorporadoras de Torres (ACTOR) para seu colega de entidade, o também empresário Ramon Krás (da Construtora Krás Biasi).
Na entrevista abaixo, o empreendedor faz um balanço destes dois anos de sua gestão na entidade representativa de Torres, assim como deixa sua impressão sobre a importância da própria Actor para o desenvolvimento da urbanidade e sociedade municipal.
ENTREVISTA com Leonardo Denardi
Atual presidente da Actor
A FOLHA – Qual a principal participação da Actor nestes dois anos de sua gestão, onde foi eleito e reeleito para os exercícios de 2023 e 2024?
Leonardo Denardi – Participamos junto com demais entidades de Torres dos debates para construir uma cidade ainda melhor. Aumentamos o número de associados de 9 para 15 construtoras e incorporadoras. As associadas hoje correspondem uma parcela bastante expressiva da construção civil em Torres sendo que as maiores construtoras da cidade fazem parte da ACTOR. Realizamos 2 edições do Maratorres que já se consolidou no calendário de eventos de Torres. Este evento que é organizado pela gente e conta com o patrocínio de diversos fornecedores da construção civil este ano teve mais de 3000 inscritos, fomentando o turismo e fortalecendo a prática do esporte em Torres. Participamos do debate no Plano Diretor aprovado recentemente. Fizemos parte de diversos Conselhos Municipais e por fim contribuímos na parte social.
A FOLHA – Na parte de participação social, o que podes destacar sobre o trabalho da entidade nestes anos?
Leonardo Denardi – A Actor nunca deu publicidade as ações socias feitas pela entidade, mas sempre estivemos bastante presentes. Tivemos uma participação importante na enchente de 2023 destinando materiais de construção para os atingidos no vale do Taquari, assim como na enchente de 2024 onde destinamos mantimentos e ajuda para os desabrigados. Trabalhamos em conjunto com a prefeitura doando ferramentas e equipamentos para curso profissionalizante para integrantes do Programa Frentes de Trabalho e detentas do semiaberto do presidio de Torres. Patrocinamos diversos eventos como por exemplo Natal Premiado. Doamos equipamento para monitoramento da Polícia Civil de Torres. Ajudamos entidades como a ASLAVE .
A FOLHA – Como a cidade de Torres exige que o crescimento da construção Civil se desenvolva mais pela opção vertical do que horizontal, como é feito o trabalho de planejamento dos impactos urbanos deste tipo de obra, já que existem ambientalistas que a criticam?
Leonardo Denardi – Acredito que a grande maioria da população de Torres queira que a cidade prospere cada vez mais. É nítida a migração de centros urbanos para o litoral nos últimos anos, não podemos “fechar as portas” e não receber novos habitantes na nossa cidade. Temos, portanto, um desafio de receber essa população com novas opções de moradia. Certa vez, escutei a seguinte frase: “quem não ocupa o ar, ocupa a terra”. Se pegássemos a cidade de Torres e convertêssemos todos os apartamentos em casas, hoje a cidade de Torres estaria espalhada até o distrito do Jacaré. Ambientalmente o dano seria maior que com os prédios verticais, seriam quilômetros a mais de asfalto e infraestrutura a ser construída. A coleta de lixo seria mais difícil. Teríamos um gasto muito maior em combustíveis e deslocamento da população para chegar ao centro e as praias. É um debate que devemos ter. O papel dos ambientalistas é muito importante, mas devemos sempre ter em mente que precisamos encontrar soluções para o desenvolvimento sustentável. O radicalismo de um lado ou de outro nunca é construtivo.
Cada vez mais as construtoras de Torres investem em tecnologias que visam mitigar os danos ao meio ambiente, temos que aprimorar ainda mais os métodos construtivos, além de utilizar cada vez mais itens como reuso da água da chuva, energia fotovoltaica, etc
A FOLHA – Como funciona o relacionamento entre as construtoras quando em embates conceituais da entidade na cidade, já que muitas vezes colegas de associação concorrem pelos mesmos clientes?
Leonardo Denardi – Sempre digo que temos que nos ater aos nossos pontos congruentes. É claro que num grupo de 15 empresas associadas sempre haverá pensamentos diversos, mas sempre focamos nos pontos que nos unem. A concorrência entre os associados é natural que aconteça e acaba fortalecendo o setor como um todo. O nível da construção civil em Torres é referência não só no estado do RS como no Brasil.
A FOLHA – Qual a Missão da Actor na sociedade. Para que ela foi criada e se mantém ativa?
Leonardo Denardi – Actor nasceu em 2008 com objetivo de buscar uma organização no setor de construção civil em Torres. Ela se mantém ativa com o intuito de elevar cada vez mais o nível da construção civil assim como contribuir para uma cidade melhor.
A FOLHA – Qual o recado que pode ser dado para as pessoas da sociedade que às vezes enxergam a atividade da Construção Civil uma mera forma de obter lucro através do crescimento de imóveis locais?
Leonardo Denardi – A construção civil hoje, representa disparadamente a principal atividade econômica do município. Empregamos milhares pessoas direta e indiretamente. São diversos setores que dependem da construção: imobiliárias, indústria moveleira, comércio e serviços. Produzimos a maior parte da renda distribuída em nossa cidade.
Somos protagonistas na arrecadação de impostos. Se pegarmos por exemplo um prédio com 30 unidades com valor médio de 1 milhão cada apartamento, na sua entrega só de ITBI são gerados para o cofre municipal R$600.000,00. Além disso esses mesmos apartamentos vão gerar por ano mais de R$200.000,00 de IPTU. Não podemos desconsiderar esse benefício que a construção civil gera em cada prédio entregue. O salto de arrecadação no orçamento da cidade em boa parte se deve a isso. O valor de impostos gerados ajuda na pavimentação, saúde, educação etc.
Ainda temos as contrapartidas que são feitas diretamente por cada construtora em cada empreendimento. Andando pela cidade podemos ver praças revitalizadas e diversas ruas pavimentadas em razão disso.
A FOLHA – Como a Actor enxerga as opções políticas da cidade. Ela tem preferência ideológica? Os membros pensam da mesma forma sobre este tema? E na eleição deste ano na cidade?
Leonardo Denardi – A Actor como entidade sempre foi apartidária. Tivemos um exemplo na última eleição onde recebemos aos 3 candidatos ao pleito de forma igualitária, dando o mesmo espaço e tempo para que cada um apresentasse seus planos de governo. É claro que como em qualquer grupo, existem diferenças ideológicas e isto é sadio para termos um ambiente com diferentes pensamentos. Como entidade sempre nos colocamos a disposição para contribuir para uma cidade melhor. Tenho convicção que continuaremos assim na gestão do nosso próximo presidente Ramon Krás junto ao prefeito eleito Delci Dimer.
A FOLHA -Quais os desafios que a Actor coloca prioritários para serem seguidos quando na busca do melhor desenvolvimento social, econômico e urbano nos próximos anos?
Leonardo Denardi – Sem dúvida temos muitos desafios a serem enfrentados na nossa cidade nos próximos anos. Precisamos melhorar a questão da saúde, melhorando nosso hospital e tentando viabilizar uma nova unidade privada. Trazer mais opções de entretenimento e gastronomia. Na parte ambiental retomar a questão da reciclagem do lixo. Devemos estar atentos a questão do esgoto, ainda temos um dos maiores índices de tratamento do RS, mas devemos cobrar para que a rede seja cada vez mais ampliada e eficiente. Temos a questão da preservação de monumentos históricos, tais como a Casa n°1 e antiga Prefeitura por exemplo, que precisam com urgência de atenção. Enfim, são diversas pautas que temos pela frente e a Actor pela representatividade que tem em nossa sociedade deve seguir colaborando em busca de soluções.