AUDIÊNCIA PÚBLICA EM TORRES DEBATE OBESIDADE INFANTIL

Torres não possui pesquisa quantificando casos na cidade, mas já existem políticas públicas municipais que atacam a mazela dentro das escolas

FOTO: Deputado Maurício Dziedricki (c) participou de audiência acompanhado por secretárias e representantes da prefeitura de Torres
2 de abril de 2018

O Brasil é atualmente o segundo país do mundo emque mais crescem os casos de obesidade infantil e de adolescentes. No ano de 2017 , foram gastos mais de R$ 500 milhões em tratamentos no SUS (Sistema Único de Saúde) ligados à Obesidade em geral. E cálculos dos técnicos do setor indicam que, se houvesse um trabalho forte de prevenção, estes gastos estariam em menos de R$ 150 milhões. Cerca de 33% dos jovens estão com obesidade no Rio Grande do Sul – e as causas são visíveis. Comer assistindo TV (fora da mesa), ou acessando computadores, ingerindo produtos processados. A falta de ordem na alimentação nas casas é, portanto, um pano de fundo do problema que já é considerado uma epidemia.

Dentro deste contexto, profissionais de educação e de saúde formaram a maioria no público presente na audiência pública da Comissão Especial de Obesidade Infantil da Assembleia Legislativa do Estado realizada na noite de 23 de março na Câmara Municipal de Torres. O presidente da Comissão Especial na AL do RS, deputado Maurício Dziedricki (PTB) afirmou que o objetivo é trazer resultados práticos, e as audiências tem como objetivo ouvir a população e colher sugestões.

Maurício Dziedricki ressaltou que a obesidade é a segunda causa de entrada no SUS, e que a doença está relacionada ao modo de vida moderno, em que o sedentarismo e a alimentação altamente processada fazem parte do cotidiano da população, e até a insegurança interfere no problema. “O ambiente urbano não favorece as brincadeiras de rua. É mais seguro manter as crianças dentro de casa, na frente da tevê ou do computador. E mais fácil oferecer um pacote de salgadinho ou outro alimento industrializado”, afirmou o deputado, revelando que um simples achocolatado contém mais de 20 colheres de açúcar.

Entre os presentes de Torres estavam a Secretária Municipal de Saúde Suzana Machado, a Secretária de Educação Silvia Teixeira, a representante da 11ªCRE Silvia Regina Macagnan, a Secretária de Assistência Social Neuza Dias de Araújo Carlo, a nutricionista Michele Pinheiro – da Secretaria de Saúde de Torres – e representantes dos deputados Bombeiro Bianchini e Covatti Filho. Também esteve presente o vereador Jeferson Jesus Santos, que é do PTB e que articulou para que mais gente participasse do projeto na cidade. .

 

Projeto de lei será a base e sugere controles do Estado

 

O projeto apresentado pelo deputado Maurício Dziedricki (PTB) prevê a realização de avaliação antropométrica para verificação do estado nutricional e triagem de risco para doenças crônicas não-transmissíveis nos alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio das escolas do Estado.

A proposta determina que as escolas deverão realizar, nos primeiros 30 dias de cada ano letivo, de forma individualizada, a avaliação constituída de medidas de massa corporal, estatura e circunferência abdominal. Com base nos dados obtidos, a instituição alimentará o cadastro de obesidade infanto-juvenil, identificando os alunos com baixo peso, sobrepeso e obesidade.  As informações deverão ser remetidas às Coordenadorias Regionais de Educação e de Saúde da respectiva área geográfica em que a escola estiver instalada. Os dados de cada escola serão unificados pelo Estado.

Além disto, a captação de dados das audiências públicas serão compiladas. E este compilação será base de um documento que será disponibilizado pela mesma comissão temática da Assembleia Legislativa para toda a sociedade como parte do PL do deputado.

 

Escolas torrenses já atacam o problema

 

Existe, sim, uma preocupação com parcela de crianças e adolescentes que vêm se alimentando mal em Torres, consequentemente com tendências ao aumento de peso já na infância. Mas, conforme informaram algumas pessoas ligadas às escolas municipais, já existem iniciativas dentro do ambiente de ensino municipal buscando frear tais problemas. Merenda elaborada por nutricionista, utilização de produtos mais naturais adquiridos da agricultura orgânica regional, regras sobre o tipo de merenda levada pelas crianças para a Escola (inibindo o uso de bolachas recheadas ou sucos e bebidas artificialmente açucarados) são algumas das ações já existentes e sustentadas dentro do sistema de educação torrense, conforme relatos de coordenadores e professores presentes na Audiência Pública.

Não existe uma pesquisa tabulada que especifique  o número de pessoas que estão fora do peso no sistema de educação local, mas há uma sensação de que a “epidemia” diagnosticada no Brasil e com reflexos diretos no Estado do RS (origem do trabalho do deputado federal) ainda não está visivelmente estampada na sociedade local.


Publicado em: Saúde






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