Banana ecológica na região de Torres: das primeiras caixas as 15 mil toneladas por ano

Há quase 30 anos, um grupo de jovens agricultores do litoral norte levou algumas caixas de banana orgânica para a primeira edição da hoje chamada Feira do Agricultor Ecologista (FAE), em Porto Alegre - no que começou com um movimento da Igreja Católica que incentivava as famílias a deixar de usar agrotóxicos na bananicultura

8 de setembro de 2021

Em novembro, vai fazer 30 anos que um grupo de jovens agricultores do litoral norte levou algumas caixas de banana orgânica para a primeira edição da hoje chamada Feira do Agricultor Ecologista (FAE), em Porto Alegre. Eram, segundo o padre Remi Casagrande, lideranças da Pastoral da Juventude Rural (PJR), movimento da Igreja Católica que incentivava as famílias a deixar de usar agrotóxicos na bananicultura, que desde os anos 1960 crescia na região. Por isso, além do dinheiro,  vender a produção na feira também significava que, na prática, funcionavam os conceitos da agricultura ecológica trabalhados num curso com o Centro Ecológico em abril daquele mesmo ano de 1991.

Mas a expectativa de boa venda,  conforme recorda a agricultora Luzia Fernandes, esposa de um dos pioneiros, foi dissolvida pela decepção. “Trouxeram mais coisas que levaram, porque daí eles negociaram, banana por maçã, banana por outras coisas. Foi bem difícil a primeira feira. O Tobias (Fernandes) sempre conta isso”.

Mesmo com esta dificuldade inicial, os jovens continuaram a produzir sem agrotóxicos. Banana, abacate, cítricos, tubérculos, hortaliças, cana de açúcar.  Na sequência fundaram a Acert – Associação dos Colonos Ecologistas da Região de Torres e contribuíram para que outros grupos se organizassem no litoral norte.

Hoje, segundo  a Associação Ecovida de Certificação Participativa,  famílias organizadas em grupos de 11 municípios do litoral norte produzem 15 mil toneladas de banana orgânica por ano. Em 2015 foram  3.640 toneladas. Houve, assim, em 5 anos, um crescimento de 312% na produção ecológica de banana.

 

Tipos de cultivos

De acordo com o Centro Ecológico, a produção da banana orgânica na região de Torres segue dois sistemas: cultivo só de bananeiras ou bananeiras associadas a  diversas espécies de árvores da Mata Atlântica, nos chamados sistemas agroflorestais (Safs). Atualmente, 56 famílias adotaram este sistema(safs), o que representa 21% das propriedades produtoras de banana ecológica.

Neste percentual está a família de Maria Vanete e  Altemir Silveira da Costa – o Tiriva -,onde cada hectare do Saf de 4,5 hectares produz até seis toneladas de banana.  “Entre julho de 2020 e julho de 2021, foram 2.274 caixas de 12 quilos de banana, totalizando 27.288 quilos”, contabilizou o agricultor de Rio da Panela, em Mampituba.

Na agrofloresta da família do agrônomo e agricultor Joaquim Martins da Rosa, em Torres, a agrofloresta de 2 hectares produz entre 5 e 6 toneladas de banana por ano. “ É uma média que não é alta, está abaixo”, reconhece o jovem que também é feirante na Feira Ecológica Lagoa do Violão. Nesta feira em Torres, seis das cinco famílias que vendem banana cultivam a fruta em sistema agroflorestal.

Na região, segundo o Centro Ecológico, cada hectare de Saf é capaz, num período de 15 anos,  de fixar aproximadamente 100 toneladas de CO2, que é um dos gases de efeito estufa, contribuindo assim para reduzir o aquecimento global.

 

 


Publicado em: Meio Ambiente






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