Brechós em Torres ajudam a concretizar controle populacional de cães e gatos

Nesta sexta e sábado (07 e 08 de dezembro) , a ATPA realiza mais um brechó beneficente, uma das iniciativas que ajuda a manter trabalho da entidade em prol dos animais desamparados de Torres

FOTO: O cão Alemão, resgatado com muita dor e bicheiras nos ouvidos, recebeu atendimento veterinário e medicação
5 de dezembro de 2018

Em apenas dois anos, um casal de cães pode gerar uma descendência de 66 animais. Esse número vai progredindo geometricamente, de forma que, em 10 anos, serão milhares de outros cães e cadelas para os quais não há garantia de que terão tutor. Por essa razão, a pauta comum a todas as ONGs de proteção animal no Brasil, parece ser a realização de castrações.

Para a Associação Torrense de Proteção aos Animais (ATPA), não é diferente. Todos os anos as voluntárias da ONG fundada em 1994 lutam para encaminhar a castração de cadelas e gatas de rua, assim como de animais de tutores de baixa renda.  “A ATPA nesse momento já realizou mais de 6.500 castrações, todos os anos acumulados, cirurgias, resgates, tratamentos de quimioterapia, amputações, internações”, calcula Maria do Carmo Fontan, voluntária da ATPA. Segundo ela, somente entre janeiro e novembro de 2018, a ATPA pagou mais de 300 castrações e encaminhou outras tantas a baixo custo, transportando gratuitamente os animais para as clínicas, inclusive em outras cidades.

Para sustentar tudo isso, a ATPA Coração Animal realiza os brechós, participa do Projeto Tampinha Legal, vende calendários e conta com  doações, muitas delas nas feirinhas e em caixas de troco solidário de cafés, comércios e restaurantes. E nos próximos dias 7 e 8 de dezembro (sexta e sábado) tem bazar e brechó beneficiente da ATPA – Associação Torrense de Proteção aos Animais. O evento ocorrerá na lateral do clube Capesca (na Av. Benjamin Constant). Haverão várias peças de vestuário, artigos de decoração e utensílios para casa com preços super em conta. A renda será revertida para alimentação e cuidados dos animais de rua (e comunitários) ou que estão em casas de passagem mantidas por voluntári@s da região. Na ocasião, vai haver também feirinha de adoção de cães e gatos.

Uma das voluntárias mais dedicadas ao levantamento de recursos para a ATPA é Ana Telles. Foi dela a iniciativa de participar do projeto das tampinhas, assim como é ela que, há quase dez anos, organiza o brechó. Nesta entrevista ela contou, por telefone, como faz para organizar o evento e antecipa um pouco do que estará no Capesca nesta sexta e sábado.

 

 

ENTREVISTA COM ANA TELLES

Protetora dos Animais e Voluntária da ATPA

 

MIRIAM – Quando começaram os brechós?

ANA TELLES – Olha, deixa eu ver, minha cachorra está com 10 anos, eu entrei pra ATPA logo depois que eu castrei, ela devia ter seis meses. Então faz nove anos e meio. E entrei assim devagarinho, comecei a ajudar a Nádila (Hassan)  e a Linda (Marli Mônica de Souza Raimundo). Aí eu fui pra ajudar a Linda e a Nádila e comecei a organizar uma coisinha aqui, arrumar do meu jeito e no fim elas já estavam cansadas e passaram pra mim. Eu assumi o brechó já faz nove anos, claro que com pessoas me ajudando porque sozinha eu não conseguiria de jeito nenhum. Então sempre é uma equipe que me ajuda. Mas eu acho muito importante. Eu continuo, é sacrificante, mas eu continuo, porque eu acho que é a melhor forma de a gente arrecadar um bom dinheiro para as castrações, porque geralmente o dinheiro do brechó é revertido em castração e atendimento a animais necessitados.

 

MIRIAM – Como é o trabalho para chegar à realização do brechó?

ANA TELLES  – Eu separo, agora por exemplo estou com a minha sala assim cheia, então eu já recebo e eu já separo, o que é de inverno já estou colocando preço no de inverno, pra já ficar guardado com o preço. Separo, vejo as condições da roupa, o que pode ser doado pra entidades, vilas, igrejas, e tento botar uma roupinha um pouco melhor. Às vezes falta um botão e eu prego, vejo o que vale a pena ser arrumado, quando tá com um cheirinho meio ruim eu lavo aqui, a Graça (Maria da Graça Scherer Nogueira, presidente da ATPA) lava lá na casa dela. O preço sempre sou eu que ponho porque sou a única que tem aquela maquininha, que é da ATPA mas fica comigo.   Coloco o preço e ensaco direitinho: roupa de verão, roupa de inverno, eu tento já mais ou menos separar aqui pra já ir quase pontinha, pra no dia lá no Capesca colocar na frente das bancas o que é pra ser R$ 10,00, o que é pra ser R$ 5,00, o que vai pendurado nas araras eu já boto na frente das araras e tento organizar assim pra facilitar todo o serviço. Na minha casa já não cabe mais.

 

MIRIAM  – Quando tu fazes este trabalho? Já calculou quanto tempo dedica a ele?

ANA TELLES  – Geralmente faço isso à noite. Depois das sete e meia oito horas me sento aqui na minha sala que é mais fresquinho e vou até a meia noite! Porque durante o dia eu fico nas tampinhas. Eu reparti assim: a manhã eu fico nas tampinhas, que é mais fresquinho, e de tarde às vezes saio pra recolher tampinha, recolher roupa e à noite fico etiquetando as coisas do brechó. Conforme vai chegando mais perto do brechó aperta mais, não acaba nunca.

Geralmente só da um descanso no verão no brechó mas lá  pra março começa tudo de novo. Porque é pra nos sustentar em castrações e atendimento, o resto de dezembro, janeiro e fevereiro, março ainda, porque o próximo brechó vai ser só em abril.

O nosso brechó é bom frisar, a Fatima Lopes, que é uma voluntária de Porto Alegre montou uma cesta natalina, só com produtos de Natal, espumante, panetone e essa cesta nós vamos colocar no brechó e toda pessoa que comprar vamos dizer R$ 5,00 reais, pode ser sorteada.

 

MIRIAM – O que as pessoas dizem sobre os brechós?

ANA TELLES – Não consigo citar nomes, mas conheço muitas pessoas que sempre vão. Vão para nos ajudar e muitas porque gostam dos produtos que a gente coloca ali. Tem gente que nos elogia muito, sempre diz que nosso brechó assim é fantástico, que a gente seleciona muito bem tudo. E pode comentar: a parte do bazar neste ano está fantástica, muito artesanato bom, pra dar de lembrança e muito enfeite de Natal.

Isso me emociona, é uma coisa que eu sempre digo que, ah, eu acho que nesse ano vai ser o último e no ano que vem vou entregar pra outra pessoa. Mas no fim, eu fico muito feliz neste trabalho. É cansativo, é desgastante, mas fico muito feliz com o resultado final. Vibro quando vejo o resultado no final!

 

*Editado por Guile Rocha


Publicado em: Geral






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