Casas de idosos em Torres comemoram saúde dos hospedes em tempos de pandemia

Locais estão tomando medidas especiais há três meses. Grupo é considerado de risco

10 de maio de 2020

Em tempos de luta contra a proliferação do Coronavírus em todo o mundo, principalmente para que o sistema de Saúde possa atender a demanda por leitos de UTIs no pico das curvas de hospitalizações, a cidade de Torres, a região do Litoral Norte e o estado do RS têm tido números menos negativos do que outras regiões do Brasil,  mesmo com tristes mortes – como toda a morte entristece. Mas ainda estamos no meio da guerra contra a proliferação do vírus e os idosos são um dos grupos de risco, já que, além de terem organismo com menos força de respostas às viroses, justamente pela idade, também acabam tendo mais chance de carregar doenças pré-existentes.

Segundo afirmou no final de abril o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, “até metade das mortes por causa do novo Coronavírus em vários países do continente europeu ocorreu em casas de repouso”. Ele classificou a situação como uma “tragédia inimaginável” e alertou para o “quadro profundamente preocupante” do impacto da doença nessas instituições.

Torres possui algumas destas Casas de Repouso. Felizmente, até esta quinta-feira (07) estas instituições não tiveram nenhum caso –  nem de teste positivo de Covid-19, muito menos por hospitalização com sintomas similares a mesma.

 

Cuidados desde o início dos sinais da pandemia

 

A FOLHA, então, foi buscar informações nestas casas para saber a ‘receita do sucesso’. Três entidades consultadas, estabelecidas na cidade e que hospedam idosos, festejaram bons resultados. E nos três casos, os cuidados tomados pelas direções das Casas de Repouso foram rápidos: iniciaram de forma contundente deste os primeiros sinais da doença no Brasil.

Conforme o presidente da Associação Lar dos Velhinhos de Torres (Aslave) Juares Martins, desde o dia 18 de março o chamado Lar dos Velhinhos está praticamente de quarentena total.  Lá, desde esta data (a mais de 45 dias) visitas de familiares, visitas de entidades que faziam projetos em parceria com a entidade de Idosos, assim como visitantes em geral estão proibidas. Somente os colaboradores (funcionários remunerados) entram e saem da casa onde funciona a Aslave.

Martins lembra que o norte das decisões perante a pandemia de Coronavírus tem sido os decretos do governo do Estado do RS e as decisões locais, da prefeitura de Torres. Inclusive o cadastramento de novos voluntários que gostariam de trabalhar na Aslave está suspenso, assim como o trabalho dos voluntários que estavam atuando antes da pandemia.

A Associação Lar dos Velhinhos tem 24 idosos hospedados em sua sede atualmente. Novos hóspedes também estão suspensos por conta da proteção aos atuais enquanto durarem as medidas de isolamento para evitar o contágio da Covid-19.   Na Aslave trabalham 13 funcionários, que fazem turnos procurando manter sempre os mesmos companheiros de escala, também para a proteção ao risco de contaminação.

 

Olhares através de portas de vidro

Fisioterapeuta atendendo uma das idosas em casa de repouso

 

Nice Gonçalves é uma das gestoras da Casa de Repouso Nossa Senhora de Aparecida, também sediada em Torres. As notícias de lá também são positivas quanto ao enfrentamento do Coronavírus, embora o medo e os cuidados sejam redobrados neste período. Lá, atualmente estão morado 11 idosos. E são cinco funcionários trabalhando, número que baixou após a pandemia, principalmente para evitar a circulação de gente entre os hóspedes.  De acordo com Nice, a casa de repouso torrense também trabalha com cuidados extremos desde as primeiras notícias da doença no Brasil. Estão proibidas as visitas de familiares como eram feitas anteriormente. Eles só têm contato com seus Idosos através de um vidro na porta – que separa o pátio da casa do espaço interno, e por pouco tempo.  E para tentar diminuir a falta de afeto entre familiares, os diretores da Casa trataram de organizar envio e recebimento de fotos entre os hóspedes e suas famílias, uma forma de compensar este período de falta de visitas físicas.

Dentro da residência só transitam os funcionários que trabalham na casa. E cuidados para que estes trabalhem são normatizados, para que as idas e vindas dos mesmos de casa para o trabalho na casa de repouso tenham o mínimo de risco.

 

Inclusão de idosos na tecnologia

 

O Residencial Geriátrico Villa Ronna também não apresentou sinal de Coronavírus em seu espaço. Mas está já há dois meses com altas restrições para que os hospedes possam estar sendo protegidos, já que são todos Idosos e do grupo de risco. De acordo com a diretora do espaço, Renata Garcia, são duas casas que hospedam ao todo 22 residentes. E trabalham no espaço 15 funcionários.

Referente aos cuidados, a gestora explica que eles seguem a cartilha da Vigilância Sanitária e do Ministério Público (MP) da comarca, que conforme Renata. O MP também toma a liberdade de enviar uma espécie de pedido de providência e pedidos de informação para todas as casas que trabalham com Idosos.

No Villa Ronna, os idosos estão praticamente isolados do mundo externo nestes momentos de quarentena e regimes de exceção sanitária. As visitas também estão proibidas e os familiares podem somente mandar um abraço de longe através do portão da edificação onde habitam os idosos. Para espantar o tédio, gincanas e outras atividades lúdicas e artísticas são realizadas entre os idosos.

Os funcionários receberem instruções especiais neste momento e a diretoria faz questão de indicar que os trabalhadores só façam o trajeto Casa – Trabalho; Trabalho – Casa, para evitar o transporte de vírus vindo de outras localidades.

Um dos pontos diferenciados desta quarentena na Villa Ronna é o esforço feito entre os diretores do espaço com seus hospedes para que fizessem contatos com seus familiares através de chamadas de vídeos –  feitas através de computadores ou telefones celulares. Conforme ressalta Renata, o confinamento compulsório está ensinando que idosos criem intimidade para operarem aparelhos eletrônicos justamente com a motivação de trocar vídeos e fotos com seus familiares, o que tem gerando, além do afeto natural da relação, certa inclusão tecnológica.

As três instituições consultadas por A FOLHA, obviamente, destacaram que trabalham com os cuidados de higiene e etiqueta pessoais exigidos nestes períodos. Isto ajuda para que os cuidados e o respeito ao próximo sejam parte da educação e servem, portanto, para que os idosos inclusive evitem adquirir qualquer vírus através do tempo, um legado da quarentena do Coronavírus.

 

Funcionárias usam mascaras e redobram atenção neste período

 

 

 

 

 

 

 


Publicado em: Saúde






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