O Grupo dos 20, hoje incorporando 19 países mais a União Europeia e União Africana, foi criado no bojo das tensões econômicas mundiais da última década do século XX com vistas a discutir políticas capazes de avaliar a conjuntura e fornecer novos rumos á governança mundial. Este grupo reúne cerca de 80% do PIB mundial e dois terços da população do globo. Realiza reuniões anuais sob a Presidência rotativa de um dos membros, que sediará a reunião subsequente. Desta vez, sob a Presidência de Lula, reuniu-se no Rio de Janeiro. O presidente brasileiro inovou o evento trazendo para o Encontro um número considerável de organizações e personalidades da Sociedade Civil, os quais elaboraram uma Carta a ser apresentada aos líderes presentes. Com isso, Lula deu ao G20 uma caráter de Fórum Social Mundial, que fez de Porto Alegre uma cidade internacionalmente conhecida.
O G20 no Rio foi um sucesso, não só pela presença dos Presidentes da China e Estados Unidos, ao lado de várias outras autoridades representativas dos países membros, como pela aprovação da Carta Final do evento, um grande êxito da diplomacia brasileira. Temia-se, desde o começo, uma forte obstrução do Presidente Milei, pela primeira vez no Brasil, como uma espécie de emissário informal do presidente eleito dos Estados Unidos, D. Trump. Com efeito, só com grande esforço diplomático o texto final foi, enfim, aprovado por unanimidade, com recomendações de combate á fome, como pedia o Brasil, como . no rumo de um mundo mais justo e sustentável. Aborda, também a situação política e econômica internacional.
A declaração demonstra preocupação com os conflitos e guerras em andamento. Reitera que todos os estados estados devem se abster da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial. E expressa profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano, enfatizando a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária e reforçar a proteção de civis.
O G20 reitera o compromisso inabalável com a solução de dois Estados: Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz. E pede também um cessar fogo em Gaza e no Líbano.
Em relação à guerra na Ucrânia, o documento destaca o sofrimento humano e os impactos para a segurança alimentar e energética global. E saúda todas as iniciativas que apoiam uma paz abrangente.
Sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, o G20 reafirma os compromissos para intensificar ações urgentes para enfrentar as crises climáticas com base no Acordo de Paris. E empreender esforços para limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 graus Celsius.
Em relação à reforma das instituições de governança global, o G20 se compromete a reformar o Conselho de Segurança para alinhá-lo à realidade século 21, tornando-o mais representativo.”
A reunião do G20 no Rio recoloca o Brasil com o lugar que, aliás, tem tido desde sua Independência em 1822, no cenário mundial. Um país que cultiva uma diplomacia extremamente profissional e competente, sempre voltada à solução de conflitos com base em negociações, contemporaneamente multilaterais. Neste sentido, talvez tenhamos recolhido da Pátria Mãe, Portugal, uma de suas virtudes, justamente a abdicação da construção de um império militarizado. Nunca esquecendo que no período imperial éramos parte integrante das casas nobiliárquicas da Europa. Não escapa a nenhum estudioso das relações internacionais a obsessão, tanto da Espanha, como depois, Inglaterra, França, Alemanha e Japão até a II Guerra Mundial, Rússia e Estados Unidos, com o poderio militar. Este tem no mundo mais de 800 bases militares que garantem, inclusive, um papel de polícia do mundo. O Brasil, felizmente, tem se mantido, inclusive, á margem do Projeto Nuclear, na esperança de que todo o nosso continente se esquive desta ilusão.
A recente reunião do G20, enfim, consagra o Brasil como uma país cioso de sua soberania e comprometido com a construção de um desenvolvimento justo e sustentável em todas as nações do mundo.