OPINIÃO – Cemitério semiabandonado em Torres?

"Claro que não espero que o cemitério municipal do Campo Bonito se transforme em um destes que se vê nos filmes americanos. Mas é possível sim, deixá-lo mais agradável e confortável, não para os que nos deixaram, mas para os que ainda estão por aqui" (por Roni Dalpiaz).

3 de novembro de 2023

Uma hora ou outra vai chegar. Sempre foi assim e continuará sendo assim por muito tempo! Estou falando sobre a “morada final”, ainda hoje para a maioria das pessoas: o cemitério.

Como tradição, as pessoas que morrem na cidade invariavelmente são enterradas no cemitério local. Nada de novo! A novidade é que eles crescem, e crescem muito, a ponto de ficarem extremamente lotados e demandarem espaços que muitas vezes não existem para ampliá-los.

Atualmente estão sendo agregados aos funerais os serviços de cremação, porém não estão disponíveis em cidades menores e os valores ainda são muito altos para a maioria da população.

Mas a coluna não vai tratar exatamente dos valores nem das formas como são tratados os corpos dos nossos entes que se foram, nem da falta de espaço nos cemitérios. A ideia aqui é tratar dos que ficaram!

A grande maioria dos cemitérios são grandes depósitos de pessoas, uns mais sofisticados, mais glamourizados, outros nem tanto.

No dia 02 de novembro foi celebrado o “Dia de Finados” e, como em qualquer lugar do país, neste dia houve um grande fluxo de pessoas para o cemitério local.

O cemitério da cidade é o chamado “Cemitério do Campo Bonito”, que embora dizem ser “cuidado” o ano todo, é de uma precariedade atroz.

Até acredito que façam capinas e pintem os muros, como noticiado, mas isso é o básico do básico. Não, não quero que seja como nossas praças e ruas, sempre bem cuidadas (ou nem tanto). Quero, ou gostaria que fosse, um lugar onde as pessoas que por lá passassem, geralmente idosas, tivessem o mínimo de conforto, visto que o lugar já é triste por natureza.

Acho que não preciso falar da estrutura do local, por que também acho que a maioria das pessoas que estão lendo esta coluna já foram lá alguma vez. Mas para as que ainda não foram, digo apenas que não existem calçadas ou ruelas com qualquer tipo de calçamento, é saibro e barro puro. Não existem bancos, em lugar nenhum, se alguém precisar sentar por qualquer motivo, terá que pedir licença e usar alguma lápide. O banheiro é precário e só existe um na entrada do local. Se você precisar de água em qualquer ponto do cemitério, terá que andar muito em busca dela. A noite eu não sei, por que ainda não fui ou passei por lá, mas saí de um enterro já anoitecendo e vi que não havia quase iluminação.

Capina e pintura, ok! Mas um pouco mais de humanidade e respeito com os mortos e com os vivos, não é pedir demais. Calçar as entradas, estacionamento, ruelas principais, colocar bancos em alguns pontos, melhorar a iluminação, fazer um banheiro e pontos de água mais centrais, colocar algumas pequenas arvores, enfim fazer um pouquinho mais que o básico.

Claro que não espero que o cemitério municipal se transforme em um destes que se vê nos filmes americanos. Mas é possível sim, deixá-lo mais agradável e confortável, não para os que nos deixaram, mas para os que ainda estão por aqui. Pois, embora triste e saudosa, a visita ao que, simbolicamente, ficou aqui na terra não precisa ser mais difícil ainda.

 




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