OPINIÃO – MORADORES DE RUA EM TORRES

"Na minha infância não lembro de moradores de rua na cidade... Claro que a cidade era bem menor, mas não se via pessoas dormindo nas praças, embaixo de marquises, em casas abandonadas ou, como ocorre hoje, em frente a lojas ou estabelecimentos comerciais... isso era coisa de cidade grande!"

9 de dezembro de 2024

Na minha infância não lembro de moradores de rua na cidade. Havia algumas pessoas com problemas físicos e/ou mentais, mas não viviam nas ruas; apenas circulavam pela cidade durante o dia. Me lembro do “seu Marcílio”, uma figura carismática que todos gostavam. Usava um chapéu e um terno já gasto e sempre aparecia no depósito de bebidas do meu pai à tarde. Ele tinha uma peculiaridade: gostava de beber um refrigerante de laranja – Água da Pedra, creio eu – mas com uma condição, a tampa precisava ser furada. Não sei onde morava, mas não era na rua. A Usca e o Quintino eram outros que também circulavam pela cidade, não eram moradores de rua, mas provocavam medo nas crianças, e até hoje não entendo bem porquê – talvez pura ignorância infantil!

Claro que a cidade era bem menor, mas não se via pessoas dormindo nas praças, embaixo de marquises, em casas abandonadas ou, como ocorre hoje, em frente a lojas ou estabelecimentos comerciais; isso era coisa de cidade grande!

Pois bem, o tempo passou, a cidade cresceu e foram surgindo os então conhecidos “moradores de rua”. Os primeiros deles se tornaram conhecidos de todos, eram ajudados em suas necessidades e muitos saíram das ruas. Mas vieram mais. Teve um tempo, diziam os mais velhos, que muitas prefeituras pegavam essas pessoas, pagavam uma passagem para alguma cidade vizinha – ou até para a cidade de origem do morador – e as enviavam para lá. Em algumas cidades isso dava certo, em outras, não. Assim, as cidades foram se acostumando e “aceitando” essas pessoas. Às vezes as removiam de um lugar e elas arrumavam outro.

Recentemente, a cidade parece ter sido invadida por moradores de rua. Eles estão por todos os lugares da cidade e em grande número. A igreja, o salão paroquial e a praça em frente eram os lugares preferidos. Porém, com a revitalização da praça, migraram para outros pontos, mas alguns ainda continuam na igreja e no salão paroquial.

Um fato que preocupa os moradores e, mais ainda, os comerciantes do centro da cidade é que, antes comportados e não agressivos, esses moradores de rua parecem ter mudado. Estão nas ruas pedindo – como de costume – mas alguns, quando contrariados, atacam, e já houveram algumas ocorrências desse tipo na cidade. O fato é que pode haver assaltantes disfarçados entre esses supostos moradores de rua, tentando fazer suas vítimas.

Sabemos que esse é um problema antigo e de difícil solução. Muitos desses indivíduos têm família e até um lugar para morar, mas optam por viver nas ruas. Não conheço em detalhes as políticas municipais voltadas para esse problema social, mas já passou da hora de se buscar uma solução real. Uma cidade turística não pode se dar ao luxo de ignorar isso.

Não podemos repetir o erro dos antigos, que transferiam a responsabilidade para outras cidades ou simplesmente escondiam as pessoas em locais menos visíveis. A sociedade e a municipalidade precisam parar para pensar em soluções a médio e longo prazo, algo que, pelo visto, nunca foi feito. O problema persiste há muito tempo. Talvez, com a nova administração, o novo prefeito e sua equipe tenham coragem de tentar modificar isso. Quem sabe!




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