No começo de fevereiro deste ano, o estado gaúcho estava com 80 pontos próprios para banho e 13 impróprios: três pontos no Litoral Norte figuravam na lista de locais inadequados para receber banhistas. Na atual temporada, cidades como Torres, Osório e Capão da Canoa chegaram a ter pontos impróprios (mas felizmente, nas últimas semanas, a situação aparenta ter melhorado)
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), divulga o relatório de balneabilidade com as informações de 17 a 21 de fevereiro de 2025. De acordo com as amostras coletadas nos 238 pontos monitorados pelo Instituto no Litoral catarinense, 158 estão próprios para banho, o que representa 66,39%.
No Litoral do Rio Grande do Sul, a média de tratamento de esgoto ainda é baixa em várias cidades. O problema do tratamento de esgoto no Litoral Norte do estado é uma preocupação de autoridades, ambientalistas, moradores e veranistas.
Exemplos de municípios: Em Xangri-lá, em 2022, 21,99% do esgoto gerado foi tratado. Em Capão da Canoa, o município trata 60% do esgoto que produz. Em Tramandaí, em 2022, 56,09% do esgoto gerado foi tratado.
Torres, felizmente, parece se destacar na região, pois segundo a Corsan ano passado já estavam sendo feitos investimentos para chegar a 85% de esgoto tratado (dados de 2024)
Enfim, mas no total da região ainda temos muito a melhorar… A coluna a seguir foi escrita em 2018, portanto há sete anos, e pouca coisa mudou, por isso penso que ela está bem atual, sem ser atualizada. Uma pena!
Para os que pensam que só Torres mudou para pior, o colunista da ZH Eduardo Bueno os acalma (não aliviando muito), argumentando o seguinte:
“… a partir dos anos 1970, ocorreu no Guarujá o mesmo que em todas as melhores praias brasileiras, de Torres a Boa Viagem, de Garopaba a Ipanema, de Porto Seguro a Pipa: o mau gosto, a especulação, o turismo predatório, hordas de gente burra e feia, rica ou pobre, de todas as cores e gêneros, agindo sem controle num país que nunca teve visão (nem zoneamento ecológico), chegaram em busca de um ‘pedacinho do paraíso’. E arrasaram com tudo.”
Depois de ser considerada a praia das elites gaúchas, Torres tornou-se uma cidade litorânea comum. Comum em tudo, menos no aspecto natural, este felizmente conservado em boa parte.
Não se trata de “ecochatices” ou “preservacionices”, como diriam alguns, mas de pensar e planejar a cidade com uma convivência pacífica entre crescimento, desenvolvimento, progresso e o ambiente local (natureza, patrimônio, cultura), ou ao menos um respeito mútuo, não apenas ações de contrapartida para amenizar os danos.
Muito foi feito, muito se perdeu aqui em Torres e em tantas outras praias em todo o litoral gaúcho e brasileiro. Para ficarmos com apenas um dos ‘resultados’ não desejados pelo crescimento exagerado da cidade, cito o tratamento (e coleta também) de esgoto.
Sem ele, o nosso principal atrativo, o mar, seria inutilizado. É só olhar para as praias de Santa Catarina: de acordo com o relatório da Fatma, 40% delas estão poluídas, sendo que os destinos mais procurados, como Florianópolis (Canasvieiras, Ingleses, Jurerê e Praia Central) e Balneário Camboriú (até a Praia das Laranjeiras), fazem parte dessa lista. Aqui ao lado mesmo, a praia do Passo de Torres está poluída, e isso nos afeta porque é o rio Mampituba que recebe efluentes dos dois lados, e a consequência é a poluição generalizada: rio, lagoa e mar.
Antigamente, lembro que Torres se gabava por ter quase 100% do esgoto coletado tratado (nem sei se isso foi verdade um dia, mas afirmavam aos quatro ventos). Havia aí, talvez, uma questão de interpretação, pois falava-se em 100% do que foi coletado e não em 100% coletado. Enfim, ao que parece, não era de todo verdadeira a afirmação. Ligações clandestinas (logicamente não coletadas) já minavam as águas do rio e da lagoa.
Em janeiro de 2017, de acordo com informações da Corsan, o índice médio de esgoto tratado nos 16 municípios atendidos pela companhia era de 10,90%. De lá para cá, o percentual permaneceu o mesmo. Porém, os maiores índices são de Torres (55,88%) e Capão da Canoa (55,23%). Praias que também recebem grande público, como Cidreira e Imbé, têm tratamento zero. O objetivo da Corsan é tratar 100% do esgoto do litoral até 2025. O investimento de R$ 117 milhões está assegurado. O total até 2025 é de R$ 225 milhões para obras.
Voltando ao que nos interessa mais a miúde, em Torres, felizmente, temos 56% do esgoto tratado (acho que aqui equivale a coleta e tratamento) e, este ano, ainda, todas as praias estão livres de poluição. Ponto para nós.
Está aí um grande chamariz para Torres: fujam da poluição das praias de Santa Catarina, venham para Torres, bela e limpa!
Brincadeiras à parte, pode-se, sim, aproveitar esta e tantas outras qualidades para promover a cidade, especialmente no RS, pois, conforme pesquisa recente, Torres não é o principal destino dos gaúchos. Por sinal, fica em segundo lugar.
Fonte: Gauchazh Verão.