Você sabia que os Serranos (de Caxias do Sul, São Francisco de Paula, Bento Gonçalves, e arredores) foram os primeiros frequentadores das praias de Torres?
Eles demoravam dias para chegar em Torres utilizando uma rota aberta pelos tropeiros. Era uma viagem cansativa e perigosa, mas o objetivo era nobre: manter a saúde para o ano que estava por vir. Eles faziam isso através dos banhos terapêuticos no emergente turismo balnear.
Com o crescimento dessas cidades serranas e, também, dos balneários gaúchos, os governantes pensaram em uma forma de facilitar essa ligação entre a serra e o litoral. A base da rota já se tinha, só faltava deixá-la transitável.
Na verdade o traçado desta ligação entre a serra e o litoral ficou indefinido por alguns anos, o traçado preferencial era o que desceria por Cambará, chegaria ao município catarinense de Praia Grande e desembocaria na BR 101. Esse parecia o melhor caminho, porém ele ligaria a serra gaúcha às praias catarinenses e não às gaúchas. Com a reclamação dos prefeitos do litoral gaúcho, o governo federal (que foi o responsável pela escolha do traçado) escolheu o traçado atual.
A demarcação da estrada começou em 1939 e a inauguração ocorreu em 1946, ligando São Francisco de Paula, na Serra, a Terra de Areia, então distrito de Osório, na região litorânea. Foi preciso derrubar árvores e remover muita terra para o nivelamento do solo. Os operários tinham de trabalhar amarrados a escarpas íngremes e abrir caminho na rocha com picaretas e marretas. Na construção da Rota do Sol, alguns trechos da antiga Estrada do Pinto foram mantidos. Entretanto, especialmente no segmento da Serra, a rodovia assumiu um novo traçado, a partir de um projeto audacioso com viadutos e túneis que reduziram ainda mais a distância entre a Serra e o Litoral.
As estradas, no Brasil, demoram muito para serem concluídas, e esta não foi diferente. Pensada na década de 30, iniciada a demarcação em 1939 e concluída em 1946, a Rota do Sol não era totalmente asfaltada como hoje. Era quase toda estrada de chão, o asfalto só foi aparecendo aos poucos quando os novos trechos foram sendo concluídos ao longo dos anos. De 1987 a 1990, foi concluído o trecho até Lajeado Grande. Em 1997, outro trecho, entre Tainhas e Terra de Areia, foi iniciado, mas parou por falta de dinheiro. Só em 2007 as obras foram finalmente encerradas e a rodovia foi definitivamente entregue ao tráfego, agora toda asfaltada.
Foi um longo caminho até a conclusão das obras, mas hoje, este caminho, entre a serra e o mar, está mais curto e mais seguro, facilitando o deslocamento e a escolha dos serranos: o litoral gaúcho ou o catarinense.

Fonte: Zero Hora, pág. 46, Almanaque Gaúcho, 24/09/2011, com colaboração de Rodrigo Trespach. Fotos cedidas pelo Arquivo Público Municipal Antônio Stenzel Filho – Osório.