Um pouco sobre os 50 anos da FREEWAY

Assim como os Molhes do Mampituba, a Freeway (BR 290), também foi inaugurada há 50 anos. Os mais jovens não têm a noção de como era o caminho para as praias do litoral sem a comodidade e segurança da Freeway. Nem eu me lembro mais!

30 de setembro de 2023

Assim como os Molhes do Mampituba, a Freeway (BR 290), também foi inaugurada há 50 anos. Os mais jovens não têm a noção de como era o caminho para as praias do litoral sem a comodidade e segurança da Freeway. Nem eu me lembro mais!

Na verdade eu sempre fiz o caminho inverso, ou seja, ia da praia para a capital. Lembro de longas e demoradas viagens com o meu pai, minha mãe e minha irmã, primeiramente com um caminhão e mais tarde já com automóvel. Eu falo da estrada antiga que passava por Santo Antônio da Patrulha, Glorinha, Gravataí. Da estrada antiga dava para enxergar uma parte da freeway quando ela estava sendo construída e, lembro que meu pai dizia que era uma rodovia moderna e que seria muito mais rápido a viagem a partir de então.

“A primeira autoestrada do país foi um divisor de águas na história do Rio Grande do Sul: as viagens de carro, que antes podiam levar até quatro horas, deixaram de ser perigosas aventuras para os motoristas e verdadeiros testes de resistência para os veículos.”

A Freeway trouxe no seu pacote uma coisa que até então não existia aqui no RS (eu, pelo menos, não conhecia): o pedágio. A cobrança começou a ser feita dois meses após a sua inauguração, e o mais curioso é que a cobrança funcionava até a meia-noite, voltando a funcionar pela manhã. Essa característica da autoestrada, fazia com que muita gente, por economia, optasse por viajar à noite. Tinha até aqueles que paravam antes e esperavam chegar o horário para não pagar o pedágio.

“A tarifa do pedágio variava entre sete faixas, conforme o número de eixos e a rodagem dos carros. O pedágio foi extinto em 1989, mas voltou a ser cobrado em 1998. O primeiro pedágio ficava no km 76, entre Santo Antônio da Patrulha e Osório. Possuía oito boxes, com sinalização eletrônica e comando automático.”

A principal característica verdadeiramente boa era o asfalto, o liso e bem sinalizado asfalto. Diferente de tudo que se tenha visto por aqui até aquela data.

“O capeamento da rodovia com pavimento nobre (concreto betuminoso) estava previsto para ser feito dois anos após a inauguração, mas precisou ser antecipado. O motivo foi a grande quantidade de veículos previstos para trafegarem pela BR-101.”

Enfim, além de toda a modernidade envolvida na nova rodovia, para nós torrenses, a melhor notícia foi a redução do tempo de viagem para, pelo menos, umas duas horas e de lambuja, muitos buracos a menos pelo caminho.

 

CURIOSIDADES

 

+Os trabalhos para a construção da Freeway começaram em 27 de agosto de 1970. As tempestades atrasaram o cronograma em um ano. As obras levaram 1.225 dias para serem concluídas.

+No dia 26 de setembro de 1973, o presidente Emílio Garrastazu Médici esteve na inauguração da BR-290 (freeway). Na ocasião, o mandatário do país não discursou, mas descerrou uma placa comemorativa e hasteou a bandeira do Brasil.

+Não houve desenlace de fita simbólica na solenidade que começou às 17h, durou apenas 10 minutos e ocorreu no trevo de acesso da travessia do Guaíba. O governador do RS, Euclides Triches, participou da cerimônia

+Aproximadamente 200 carros formaram uma fila de sete quilômetros e se dirigiram até Osório, onde chegaram após uma hora de viagem.

+No Parque Histórico Marechal Osório foi oferecido um churrasco para 200 convidados no Galpão Tradicionalista Marquês do Herval. Às 20h30min.

+Entre 29 de maio e 28 de junho de 1972, os operários só conseguiram trabalhar durante cinco dias devido às chuvas incessantes do período. A região era constituída por várzeas, terrenos alagados e campos.

+Um total de 3 mil operários construiu a freeway. Foram utilizadas 450 máquinas pesadas e 700 caminhões. Entre pontes, trevos e viadutos, foram 55 obras realizadas.

+Ao lado da Transamazônica, da Ponte Rio-Niterói e da Cuiabá-Santarém, a freeway era um dos símbolos do governo militar do país. A rodovia representava o progresso e a pujança em um traçado retilíneo e asfaltado, com algumas curvas suaves.

+No traçado idealizado pelo então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), a rodovia cruzaria a Lagoa dos Barros por meio de um túnel. A ideia foi abandonada em função do alto custo envolvido.

+No começo, os acessos à freeway em Porto Alegre ocorriam pela Avenida Castello Branco (Dique), Assis Brasil e futuramente pela BR-116, próximo à ponte sobre o Rio Gravataí. Os outros aconteciam em Gravataí e Osório, por meio da ligação com a BR-101 ou trevo com a RS-17.

+Já em Osório, ela se conectava diretamente na BR-101 (Osório-Torres). E também por meio de um trevo, ainda em construção na época, que proporcionaria acesso à RS-17 (Osório-Tramandaí).

+A velocidade máxima inicial permitida era 120 km/h. E a mínima, 60 km/h.

+Outra característica da primeira autoestrada do Brasil eram as placas grandes de sinalização que podiam ser vistas de longe pelos motoristas que trafegavam em alta velocidade.

+Meses após a inauguração foram plantadas cercas vivas e árvores no canteiro central para atenuar o problema ocasionado pelos faróis dos carros, que ofuscavam a visão dos motoristas que vinham em sentido contrário.

+Entre as principais orientações dos policiais aos motoristas, estavam os cuidados em não trafegarem com os pneus carecas e abastecerem os carros antes da viagem. Motivo: não havia postos de gasolina no trajeto da freeway.

+O primeiro buraco registrado na autoestrada foi tapado por operários no dia 2 de outubro de 1973.

 

Fotos: Assis Hoffmann, Centro de Memória da Concepa. Hipólito Pereira, ag. RBS.

Fonte:http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/




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