Um dos assuntos mais importantes debatidos na Reunião mensal do Conselho Municipal de Saúde de Torres – realizada na terça-feira dia 4 de julho – veio a partir de uma explanação da representante da Associação dos Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) de Torres. Foi explicado para o Conselho, coordenado pelo presidente Francisco Pereira, sobre os problemas que a APAE tem tido para cumprir sua atividade no tratamento, educação, reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência intelectual múltipla ou autismo. É que tem havido aumentos sistêmicos e crescentes de demandas da comunidade torrense, para que a entidade realize as necessárias avaliações psicológicas nas crianças encaminhadas pelas famílias. Estas avaliações objetivam que seja detectado se as crianças possuem ou não deficiência intelectual ou autismo, assim como em que graus elas estariam enquadradas. E a APAE não consegue manter sua estrutura funcional atualizada com psicólogos para atender com prazos viáveis este aumento de demanda, por conta da falta de orçamento para estes tipos de atendimentos, já que o SUS paga somente entre R$ 20,00 e R$ 40,00 por avaliação, o que não viabiliza a contratação de mais técnicos para o número de testagens atuais da entidade.
Apoio da Prefeitura é proposto
O representante da Conselho de Psicologia no Conselho de Saúde se colocou à disposição para debater com os profissionais de sua área a possibilidade de haver uma parceria, que ajude ou pelo menos mitigar o afunilamento das avaliações. Foi lembrado que as crianças com deficiência ou autismo devem ser diagnosticadas precisamente, o mais cedo possível, para que suas famílias e a rede de atenção psicológica disponível trabalhem, com antecedência, o desenvolvimento dos pacientes no sentido de serem incluídos na sociedade da forma mais integrada e saudável possível.
Já a representante da APAE sugere que haja a intervenção do sistema público municipal nos atendimentos, para que sejam efetivadas mais avaliações e diagnósticos, objetivando justamente a inclusão (ou não) dos diagnosticados nos serviços da APAE. A inclusão de mais psicólogos treinados para testes de coeficiente intelectual seria uma forma de desafogar a fila de atendimento das avaliações, que atualmente está reprimida, sendo avaliados casos ainda do ano de 2022 (conforme APAE de Torres).
Procura por outros serviços ligados à Saúde mental também aumenta
Já desde a reunião do Conselho de Saúde do mês passado (junho), representantes do sistema de atendimento local vinham alertando sobre o aumento da procura por serviços ligados a questões psicológicas em Torres. Maior procura de servidores públicos com reclames de depressão e suas variáveis foram apontados na reunião de então, e grupos de trabalho também foram formados para que sejam estudadas formas de mitigar os casos. E o atendimento no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) também aparece agora como outro serviço oferecido pelo SUS, através do sistema municipal de Saúde, que estaria afunilando por conta do aumento da procura local (que mais que dobrou nos últimos meses, conforme repassado na reunião do Conselho de Saúde).
Uma das causas destes aumentos por tratamento de transtornos mentais (em geral) foi de forma simplificada conversada na reunião desta terça-feira (4/6) do Conselho torrense. E os mais de dois anos de paralização das atividades presenciais para crianças (e pais das crianças), causados pela pandemia de Covid-19, poderia ser um dos motivos. Os Grupos de Trabalho (GTs) deverão incluir esta hipótese no estudo das soluções, buscando atender o aumento da demanda por serviços de Saúde Mental e avaliações psicológicas em crianças (para se obter diagnósticos), para então serem construídas propostas ou políticas públicas gerais para atender essa demanda em Torres.
