Demolição de imóvel na Prainha causa nova polêmica sobre preservação do patrimônio de Torres

Conforme presidente do Conselho Municipal do Patrimônio, demolição do imóvel (foto) precisaria ter aval do conselho (foto por Leo Gedeon)

26 de maio de 2017

 

 

Um imóvel clássico de Torres, que seria listado como inventariado pelo COMPHAC (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural) foi demolido na manhã de segunda-feira (22/05). Localizado na Prainha ou Praia do Meio, um dos pontos turísticos mais famosos de Torres, o imóvel era um ‘bunglow’ com características peculiares e seria testemunha da História do Turismo no RS, conforme o presidente do COMPHAC, o historiador Leo Gedeon.

“A destruição (do imóvel) ocorreu em dez minutos, mesmo após uma notificação de que os responsáveis deveriam parar as máquinas” criticou Leo Gedeon no Facebook. A postagem viralizou na rede social , tendo mais de 550 compartilhamentos (até a tarde desta quinta-feira, 25). Na maioria dos comentários, percebem-se pessoas lamentando a derrubada do imóvel e os exageros da construção civil. Mas há também aqueles que defenderam o direito do proprietário da casa – que, afinal, era uma propriedade privada – de fazer o que quiser com seu imóvel.

 

Divergência de opiniões

 

Consultada pelo jornal A FOLHA, a prefeitura de Torres enviou email sobre o assunto. A assessoria de comunicação da municipalidade afirma que o pedido de demolição da ‘residência particular’ já havia sido protocolada junto a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, discordando que o imóvel fosse inventariado como patrimônio histórico municipal. “A equipe da Secretaria avaliou a liberação deste pedido, considerando o regramento determinado pelo Plano Diretor e também pela Portaria 08/2017 da Secretaria de Cultura do Estado. Esta portaria estabelece coma área de proteção o entorno da Igreja São Domingos, único bem tombado no Município, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Estadual (IPHAE). O referido imóvel não encontrava-se situado nesta área”.

Para o jornal A FOLHA, Leo Gedeon reiterou que o imóvel seria inventariado (ou ao menos listado) e sua demolição não poderia ter ocorrido sem, anteriormente, o COMPHAC ter sido consultado e ter dado o aval. ” Foi negligência o conselho não ter sido consultado, penso que a Secretaria de Planejamento agiu de má-fé (ou no mínimo fez má interpretação). Existem vários bens históricos consagrados fora da poligonal da Igreja São Domingos (O Casarão dos Muller, por exemplo)”, disse Gedeon, que continua indagando. “Existem projetos de intervenção/demolição de chalés históricos que estão passando pelo Conselho do Patrimônio Histórico, sendo avaliados com calma. Mas porque este projeto em específico não passou pelo COMPHAC? Porque para alguns não há necessidade de pareceres e para outros sim? Os maiores criminosos não são os proprietários dos bens, mas sim o poder público que é negligente na preservação do patrimônio “, finalizou Gedeon, lembrando da demolição do chalé dos Gerdau no final do ano passado (imóvel que estaria inserido na Poligonal da Igreja São Domingos, segundo o presidente do COMPHAC, mas foi demolido mesmo assim).

 

 

 


Publicado em: Geral






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