DIÁRIO DE MOCHILA – Reflexões para um ano que se inicia

Meu texto de hoje não vai ter histórias nem aventuras – mas sim algumas considerações para que os leitores possam ter algum tipo de reflexão sobre seus próprios ciclos de vida

FOTO - Em Canudos, sertão baiano
8 de janeiro de 2023

Meu texto de hoje não vai ter histórias nem aventuras. Escrever por aqui significa misturar o passado e o presente. O passado, quando falo de minhas andanças pela estrada que já passaram. O presente, pelo meu estado de espírito no exato momento em que escrevo. Por isso, as vezes tenho momentos de mais divagações e outras vezes mais objetivos. Uma mescla do que passei com o que sinto a respeito hoje.

Enfim, falo isso para que vocês possam entender um pouco de minha linha de escrita, que é algo muito intuitivo, e para, principalmente, entenderem um pouco do porquê desse texto subjetivo de hoje. Minha ideia é falar brevemente sobre a vida. Nada mais que a minha visão e opinião. Muito, obviamente, devido a tudo que olhei para mim nesses últimos 3 anos, desde que me joguei no mundo. É tudo absolutamente intuitivo e meu.

O que vou escrever aqui eu não li em nenhum livro nem assisti na internet. É tudo meu mesmo. Se estou certo ou errado, fica a critério de cada um. E reforço que tenho cerca de 1500 palavras para digitar por aqui, portanto, meu espaço é curto para esse assunto. Será bem simplista e objetivo. É um parênteses sobre a vida, mas existem diversos outros que poderiam ser abertos para uma maior explanação, porém aqui fica inviável. Além do meu atual estado de espírito clamar por esse tipo de assunto, um novo ano de inicia. Bom momento para fazer reflexões sobre nós mesmos.

 

Um breve parênteses sobre a vida

 

Alguns podem achar loucura. Mas quando, racionalmente dizendo (veja bem, racionalmente dizendo), penso no sentido da vida, do porquê estamos aqui, não vejo nenhum sentido. Não vejo um objetivo maior e comum a todos. Simplesmente nascemos e estamos aqui. Minha visão é mais científica sobre as coisas. Para mim, passamos por um processo de evolução que resultou no que somos. E, hoje, na minha visão, não existe um sentido maior para essa existência. Falando assim, parece até algo meio deprimido, suicida. E acho que se simplesmente acharmos isso, e mais nada, realmente será. Porém, esse sentido existe sim. Melhor dizer que pode existir. Pode existir ou não, porque depende de cada um de nós. Somos nós quem criamos o sentido para nossas vidas. É total e absolutamente particular. E totalmente livre, por mais que as vezes o sistema e nossa cultura nos façam esquecer disso. Mas o principal: ele tem poder de ser altamente mutável. O que me faz sentido hoje, pode não fazer mais amanhã. O que não me fez ontem, pode me fazer hoje. E assim por diante. Os comumente chamados de “ciclos”. Por isso acho sempre muito importante respeitarmos a opinião alheia e essa possível mutação. De nossos amigos, parentes. Eles mudam. O sentido da vida deles muda. Seus ciclos podem estar se fechando e outros se abrindo. Mas, acima de tudo, precisamos respeitar os nossos ciclos. Esses sim que nortearão nosso real sentido de viver.

Ciclo. Algo que tem um início, meio e fim. Pode ser muito rápido, ou muito longo. Mas sempre, sempre terá um início, meio e fim. E eles se misturam com muita facilidade. Um está ligado ao outro. Seguidos pela ordem, são divididos por uma linha muito tênue. As vezes, é complicado entendermos e assimilarmos em qual dos momentos estamos. Mas sempre estamos em algum deles. E, além dessas 3 partes (início, meio e fim), existe uma quarta parte que se encontra entre o fim e o início. As vezes, o que impede o fechamento de um ciclo e o início de um próximo. A parte mais obscura de todas. Onde não estamos nem num, nem noutro ciclo. Costumo chamar essa parte de limbo. Escrevendo aqui, fico confuso sobre qual parte começar essa explanação. Afinal, é um ciclo. É uma linha circular. Falar de um sem mencionar o anterior é difícil. Mas até para que o texto tenha um cunho mais “alegre”(e é essa a real ideia) prefiro começar pela pior parte e terminar com a melhor. Então vou começar pelo fim.

Um pouco sobre o fim

 

O fim é o fim. É fácil de se entender. É quando nosso ciclo se fecha. Melhor dizer que é quando ele quer se fechar. E fazer ele se fechar ou não, depende de nós. O início do fim é quando, de alguma forma, o brilho e as cores do nosso ciclo começam a perder força. O deslumbre pelo que estamos vivendo começa a enfraquecer. E nós sentimos isso. Nossa mente, de algumas formas, nos da os sintomas. Isso eu acho que já depende de pessoas para pessoa. Ansiedade, insônia, falta de empolgação nas coisas, confusão, etc. São alguns dos sinais de que alguma coisa não anda bem. Claro que falo de uma forma mais duradoura. As vezes podemos ficar muito ansiosos, por exemplo, com alguma entrevista de emprego. Isso é algo curto e que conseguimos identificar o motivo do desconforto. Mas quando se está relacionado a ciclos, temos problemas para identificar os porquês desses sinais. No fundo, sabemos que o nosso ciclo está querendo se fechar, mas queremos evitar isso pelo medo do desconhecido. Por mais que esteja querendo se fechar, o ciclo que ainda estamos é conhecido. Nos gera uma segurança. A conhecida “zona de conforto”. As vezes até porque não tivemos nenhum grande problema com esse ciclo. Apenas o deslumbre que está se acabando. E isso gera uma grande resistência. Já o desconhecido é desconhecido. E é algo que nos seres humanos costumamos evitar. Em alguns casos, o novo início é mais claro e não traumatizante, deixando tudo mais fácil e leve. Em outros, e acredito que a maioria, essa clareza não existe. Ou seja, o processo não costuma ocorrer com perfeição. Um ciclo não se fecha e outro se abre com total facilidade. E pela dificuldade disso, tentamos fugir de nossas verdades. Nos distraindo (músicas, filmes, evitar estar só, celular, etc.), anestesiando (drogas em geral, exercício físicos em excesso, etc) ou consumindo em excesso (coisas, comidas, serviços, sexo, etc.). Qualquer coisa que preencha esse vazio que já chegou ou está chegando. E que de alguma forma nos deixe o mais possível num estado presente, e não, perdidos em pensamentos obscuros. Assim é como evitamos o fechamento de um ciclo. Apesar de não existir certo e errado nessa vida, na minha opinião, um modo errado. Pois te faz ficar, no fundo, infeliz, por mais que se pense estar feliz. E as vezes por uma vida toda. O modo que vejo como o certo é o de aceitar a verdade é o encerramento do ciclo e, aos poucos, entender qual será o próximo. Processo que pode ser lento e tortuoso. O limbo.

 

Do Limbo ao recomeço

 

Penso que o limbo é com certeza a fase mais cinza de todas. Em resumo, é quando não nos sentimos mais pertencentes a nada. O ciclo passado se fechou e já assimilamos isso. Porém, ainda não sabemos qual é o próximo. Uma fase muito confusa. O mais importante é deixar nossas verdades virem a tona. Quanto mais rápido o fizermos, mais rápido descobrimos nosso novo ciclo. Ou seja, fugir dessa verdade não levará a nada (com distrações, anestesiantes, etc). Só deixará o processo mais lento. O limbo considero ser o principal momento de reclusão. Ficar sozinho, se permitir pensar e deixar nosso mais profundo inconsciente se comunicar com nós. É nesse período também que podemos exorcizar nossos demônios. Superar nossos antigos traumas, desconstruir nosso ego. Chegar cada vez mais próximo de nossa essência para que nosso novo ciclo também esteja alinhado a isso. Sem se cobrar em excesso. Entender nossos momentos e limites. Aos poucos, as peças do quebra cabeça vão surgindo e se juntando. Pode ser rápido, assim como pode demorar um longo tempo. Mas uma hora, tudo vai se ajustar e entraremos em um novo ciclo.

O início do ciclo eu julgo ser a parte mais colorida de todas. Após um processo de fechamento de outro ciclo e a presença no limbo, entender o nosso novo ciclo nos gera um alívio gigantesco. Enfim, um novo sentido para a vida. É como tirar uma tonelada das costas. O deslumbre por tudo é gigantesco, afinal, estamos vivendo novidades (ou, as vezes, velhas conhecidas que passaram a ser novidades novamente) que estão de acordo com nossos reais anseios. Todos aqueles sintomas que sentimos por um bom tempo passam. Nossa necessidade de ferramentas externas que não nos façam pensar já não existe mais. É quando se fica absolutamente leve. E a leveza traz a presença. Não pensamos mais no passado nem no futuro. Apenas estamos vivendo e existindo. É quando mais temos que desfrutar e gozar da vida. A mais pura felicidade. Para mim, estar 100% presente sem depender de nenhuma ferramenta externa (distrações, anestesiantes e consumos em excesso) é a maior definição da real felicidade.  E uma hora isso vai passar de novo. Pode ser que seja rápido, pode ser que demore. Mas essa leveza e deslumbre todo vai passar. Por isso, o ideal é aproveitar cada minuto como se fosse o último. E, por fim, o meio do ciclo é nada mais do que a perpetuação dessa presença e leveza.

Em resumo, fiz esse breve texto para que outras pessoas possam ter algum tipo de reflexão sobre seus próprios ciclos. Identificar essas fases é essencial para termos uma felicidade mais pura… na próxima semana saio dessa divagação toda e sigo falando das minhas aventuras pelo sertão


Publicado em: Geral






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