Um fenômeno climático extremo, que deixou um rastro de destruição e tornou-se um divisor de águas na meteorologia brasileira. Há 20 anos, em 27 de março de 2004, o furacão Catarina – um gigante com 400 quilômetros de extensão – chegava às costas catarinense e gaúcha. O foco foi exatamente na região de Torres (RS) e Passo de Torres (SC), bem como Araranguá (SC). Mas ao todo, cerca de 40 cidades foram atingidas por ventos de até 180km/h – e o Catarina deixou mais de 27,5 mil desalojados, 1,5 mil casas destruídas e quase 36 mil danificadas, além de onze mortos e 518 feridos. O total dos prejuízos foi estimado em R$ 1 bilhão.
Próximo ao rio Mampituba, uma casa foi destruída cerca de 50 metros rio acima e acabou parando, literalmente, em outro estado: ela havia sido inicialmente construída no município de Torres, no Rio Grande do Sul, mas acabou em Passo de Torres (SC). Além das mortes, os prejuízos econômicos atingiram a agricultura de banana da região, que perdeu 85% da produção, e de arroz, que perdeu 40% do trabalho desenvolvido até aquele momento.
“O Catarina é um marco na meteorologia brasileira, pois foi um fenômeno que nunca havia sido registrado na era do satélite. Não quer dizer que não aconteceu há 100 anos, apenas não temos como identificar. Consistiu em um ciclone tropical, e não extratropical, ou seja, um furacão. Desde então, a população e os meteorologistas começaram a ter uma visão mais voltada para o mar. Hoje, qualquer tempestade que ocorre na costa brasileira é monitorada. Seu diâmetro era de 400 quilômetros e o olho totalizava entre 40 quilômetros e 50 quilômetros”, destacou Clóvis Correa, da Meteorologia do Centro de Informações de Recursos Ambientais e Hidrometeorologia (Ciram), em entrevista concedida ao Grupo Sinos 10 anos atrás, no ano de 2014.