Cada vez mais presentes nas feiras orgânicas, lojas especializadas, mercado online e restaurantes que valorizam a diversidade gastronômica, as plantas alimentícias não convencionais (Panc) podem chegar aos supermercados
Em busca de informações que viabilizem a comercialização de plantas alimentícias não convencionais em supermercados, um grupo de pessoas ligadas à produção agroecológica da região, visitou na quinta-feira, 19 de outubro, o Campus Santa Rosa do Sul do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC). A ideia da visita, conforme Gabriel Becker Pereira, secretário da Empresa Leal, de Três Cachoeiras, incentivadora dessa movimentação, era conversar sobre quais seriam os cultivos mais interessantes para as famílias agricultoras produzirem com o apoio técnico do Centro Ecológico.
A agricultora Inês Gonçalves estava especialmente interessada na comercialização de plantas que nascem naturalmente nos bananais agroecológicos, como almeirão, serralha e outras variedades. Em resposta às perguntas levantadas, o professor Airton Bortoluzzi apresentou uma lista de espécies com potencial para cultivo, colheita e oferta em larga escala, incluindo açafrão, araruta, batata yacon, inhame, tupinambor, mandioquinha salsa, ora pro nobis, taioba, gergelim, quiabo, cana da índia, jiló, moringa, physalis, gengibre e batatas cará.
Propriedade nutricionais e medicinais
Para cada planta mencionada, o agrônomo destacou pesquisas relacionadas a propriedades nutricionais e medicinais, bem como métodos de beneficiamento e produtos derivados. Por exemplo, a curcumina presente no açafrão é um antioxidante, enquanto o tupinambor, uma espécie de girassol que produz uma batata, melhora a flora intestinal, sendo considerado um alimento probiótico por conter micro-organismos benéficos à saúde. A taioba, por crescer à sombra e em ambientes com pouca umidade, é ideal para bananais. O inhame, também probiótico, pode ser transformado em salgadinhos tipo chips quando bem manejado. O ora pro nobis, quando cultivado adequadamente, tem um alto rendimento.
Além do impacto na alimentação e saúde humana, o professor Bortoluzzi mencionou estudos em andamento sobre o uso de plantas alimentícias não convencionais na alimentação animal, como a moringa e o açafrão. Segundo ele, essas plantas não só beneficiam animais de estimação, mas também mostram resultados positivos na pecuária, quando combinadas com sal mineral, eliminando parasitas e promovendo o ganho de peso em animais jovens após o desmame.
