Nesta temporada de verão, Torres e o Litoral Norte gaúcho voltaram a ser um dos destinos favoritos de turistas argentinos que cruzam a fronteira em busca de praias para veranear. Neste primeiro mês de 2025, basta uma caminhada pela orla de Torres para ver que o espanhol é uma língua bastante presente, bem como o grande número de veículos emplacados na Argentina. E se em janeiro de 2024 o número de ‘hermanos’ reduziu por aqui em meio ao cenário econômico incerto do país, atualmente o setor hoteleiro local comemora a alta no movimento destes turistas.
O câmbio favorável é um dos motivos citados pelos turistas argentinos para a retomada das viagens aos RS. Uma vez que a economia argentina é fortemente dolarizada, com a moeda norte-americana valendo mais do que R$ 6 o consumo no Brasil fica mais em conta para eles.
A inflação mais controlada é outro motivo: ela ficou em 117,8% no acumulado de 2024, um recuo de quase 94 pontos em relação aos 211,4% de 2023 (dados divulgados pelo Instituto Oficial de Estatísticas do país, o Indec).
Aumento expressivo nas reservas de hotéis
Nesta segunda-feira (21), o Jornal A FOLHA Torres contatou Ivone Ferraz – que é presidente do Sindicato de Hotéis Restaurantes Bares e Similares do Litoral Norte do RS. Segundo Ivone, o aumento de argentinos na rede hoteleira do litoral gaúcho é bastante expressivo: enquanto em janeiro de 2024 a presença de argentinos na rede hoteleira regional ficou entre 5% e 10%, neste começo de 2025 praticamente 80% das reservas são para argentinos. “O litoral norte gaúcho já é um destino turístico que os uruguaios e argentinos gostam bastante. E nesta última semana, em função das fortes chuvas que atingiram Santa Catarina, aumentou mais ainda ( o número dos ‘hermanos), e também porque ir para o litoral catarinense acaba sendo um pouco mais longe (para os turistas argentinos)”.
Além disso, dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também apontaram um aumento de 80% na entrada de veículos argentinos no estado do RS em dezembro de 2024, impulsionado por ferramentas como um novo aplicativo em português e espanhol, para auxiliar motoristas estrangeiros.
Em meio a esta nova onda de argentinos no litoral gaúcho, as redes hoteleiras estão se empenhando para garantir que tudo esteja preparado para receber os turistas. “A característica principal é que eles vêm com famílias em quantidades, então 8, 10, 12 pessoas normalmente e também costumam pegar de 2, 4 até 5 diárias, é a característica, eles gostam de vir, usufruir tudo que tem, então gostam de ficar bastante tempo”, explica Marcos Turco, gerente comercial de um hotel na região (em matéria para G1RS).
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Famílias argentinas relatam sua experiência
O Jornal A FOLHA Torres conversou – nesta segunda quinzena de janeiro – com duas famílias de argentinos hospedados em residências próximas da Beira-Mar da Praia Grande. Ambas famílias reservaram sua estadia com bastante antecedência.
Arturo, que trabalha no ramo imobiliário na província de Mendoza, veio com a mulher e dois filhos para Torres (onde permaneceram por 15 dias). Ele conta que as praias gaúchas são mais quentes que as da Argentina, tem mais disponibilidade de restaurantes e lazer e nesta temporada estão, inclusive, mais acessíveis financeiramente. “Este ano estamos com a inflação mais controlada (na Argentina), e está baixando ainda mais. Sentimos mais segurança econômica para viajar e gastar. Em Torres, os restaurantes são muito bons, há muito para se fazer, já faz décadas que visitamos a cidade. Há ainda boa acessibilidade para pessoas cadeirantes até a praia”, conta Arturo, que tem um filho cadeirante.
Já a psicóloga Milagros veio com seu marido e 5 filhos da província de Entre Rios – para passar 11 dias em apartamento na Praia Grande. Ela conta que neste ano a economia argentina reagiu, o que ajudou nas perspectivas de férias mais longas e gastos maiores em Torres. “As praias daqui em Torres são maravilhosas, venho com minha família há anos e me sinto muito segura aqui. Amamos Torres e as praias daqui.