Idas e vindas quanto ao formato de funcionamento também tem sido a prática da Câmara de Vereadores de Torres. E na última segunda-feira, dia 29, mesmo após uma nova interrupção das falas de tribuna da Casa (por conta de a cidade de Torres passar para Bandeira Vermelha na classificação do distanciamnto controlado no RS), os vereadores conseguiram reverter o silencio. E falaram na maioria sobre justamente as consequências das medidas de restrições compulsórias na cidade, em função da pandemia do Covid-19.
O primeiro a falar foi o vereador Jacques (Progressistas). Ele disse que as restrições na Câmara foram feitas porque alguns colegas da Casa legislativa fazem parte do grupo de risco para Coronavírus. Citou os nomes de vereadores, incluindo o seu, embora o próprio Jacques não concorde totalmente com a classificação da OMS (Organização Mundial de Saúde) de colocar uma pessoa como ele (de 62 anos), como grupo de risco. No final, ele elogiou a dedicação dos servidores do Poder Executivo frente à pandemia, principalmente os ligados à Secretaria de Saúde.
Banheiro e pia na Praça Getulio Vargas
A seguir o vereador Tubarão (PDT) sugeriu que fossem colocados banheiros e pias para lavar as mãos na Praça Getúlio Vargas (em frente à Igreja Santa Luzia). Para ele, há esta necessidade porque, conforme uma cuidadora da Igreja Santa Luzia lhe informou, no dia a dia da praça lá passam diariamente crianças e transeuntes, que podem estar necessitando lavar as mãos. Citou que há ainda na praça a convivência de moradores de rua, que não têm onde fazer suas necessidades. Tubarão também acha que as lojas de artigos para animais de estimação (Pets) deveriam se manter funcionando, já que os estabelecimentos na maioria buscam e levam os animais quando os donos querem dar banhos em seus Pets, além de lembrar que muitos destes animais dormem nas camas de idosos, e precisam estar limpos, consequentemente.
A seguir o vereador Fábio da Rosa (Progressistas), presidente da Câmara, defendeu a prefeitura de Torres perante as medidas de contenção. Ele lembrou que o prefeito Carlos Souza não é o autor do decreto de Bandeira Vermelha. Portanto, que as obrigações vêm do Governo estadual. “O prefeito tem autonomia só para aumentar as restrições, o que não está havendo”, afirmou Fábio.
Já o vereador Rogerinho (Progressistas) fez discurso um pouco mais institucional perante as medidas de Isolamento Social. Ele alertou que Empresários não estariam conseguindo trabalhar; que muitos destes já faliram e que muitos outros estariam no mesmo caminho, tudo por conta das obrigatoriedades das medidas compulsórias decretadas. “Não há como manter uma empresa onde as despesas continuam e as receitas param”, desabafou. E Rogerinho acha que o governador do Estado estaria pecando em manter as medidas de contingenciamento, assim como defende que as pessoas sem trabalho e sem emprego vão gerar consequências maiores do que as geradas pela própria Covid 19.
Trabalhadores almoçando em bancos de praça
O vereador Pardal (Republicanos), por sua vez, agradeceu ao presidente Fábio de ter reavaliado e abrir a tribuna para as falas. E sobre as medidas da pandemia, alertou que o sistema de saúde poderia estar perdendo o período noturno no CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) por conta de prioridades da pandemia. Pare ele, isto seria ruim para muitas famílias com parentes sofrem com distúrbios mentais. Ele também reclamou da falta de planejamento da prefeitura torrense em não providenciar algumas UTIs a mais para atender a comunidade, já que (conforme ele) muita gente com outras doenças (fora a Covid-19) estaria sofrendo por faltas destes leitos. Pardal sabe que a responsabilidade é do Governo do Estado e do Hospital, mas acha que as prefeituras poderiam ajudar um pouco nestes novos leitos. O vereador também se referiu ás regras de restaurantes – exemplificando com o fato de pessoas estarem sendo obrigadas a se alimentar em bancos de praça por conta das limitações dentro de restaurantes, o que poderia ser melhor regulamentado.
No final, o mesmo vereador sugeriu que o município fornecesse pelo menos anistia tributária para os empresários que estão sendo obrigados a manter seus estabelecimentos fechados. E que o governo estadual deveria entrar junto neste processo, pois não está tendo nenhuma sensibilidade neste sentido.
A vereadora Gisa (PSD) lamentou que só no mês de maio as estatísticas indicam que já foram perdidos milhares de empregos no comércio estadual. E indicou que a cidade de Torres praticamente se mantém do comércio, portanto sendo grande a perda econômica. Ela chamou a atenção para o fato de muitos comerciantes locais terem de pagar aluguel mesmo sem faturar. E que a situação pode piorar.
Vereador Pardal
Falcatruas serão punidas
A vereadora Gisa, a seguir, leu texto de uma colunista de jornal que estampava as e falcatruas de pessoas que receberam dinheiro do governo sem estar necessitando, o que lamentou. Mas comemorou que o ministro conseguiu ter um sistema que descobriu os nomes e que iria pedir de volta e punir estes cidadãos. E que muitos da lista, além de pessoas ricas financeiramente, seriam pessoas familiares de políticos e empresários.
A seguir o vereador Jeferson (PTB) anunciou emendas parlamentares enviadas por deputado de seu partido para o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes (HNSN) de Torres. Para ele, encerrar as falas na tubuna não seria necessário, já que a mesma está sendo utilizada e não esta gerando riscos maiores. Jéferson também acha que o prefeito Carlos Sousa deveria questionar o governador do RS Eduardo Leite por conta das medidas da pandemia em Torres. Para ele, o governo estadual estava mostrando ser ‘quase que insano’.
O vereador Marcos Klassen (PDB) concordou com a opinião do vereador Rogerinho sobre as medidas contra o Coronavírus. Para ele, não adiantaram nada as medidas de contenção. Ele acha que, como o vírus está circulando por tudo, bastaria que as pessoas se cuidassem e se prevenissem sobre o contágio, sem fechamentos de atividades. Marcos acha, também, que o governador do Estado deveria ser mais sensível às pessoas que estão perdendo emprego e renda com as ações compulsórias decretadas. E sugeriu que talvez a diminuição dos horários de funcionamento esteja tendo resultados invertidos: mais aglomeração. No final, Marcos denunciou que alguns bares estariam funcionando com portas fechadas, o que seria injusto e pediu mais fiscalização da prefeitura.
A última a falar na tribuna na última sessão da Câmara no semestre foi da vereadora Zete (PT). Ela se referiu às necessidades dos comerciantes e exemplificou os restaurantes, que para ela estão sendo os mais prejudicados. Mas Zete acha que o povo local é o que não está respeitando o próximo, ao ir contra as medidas que estão decretado. Denunciou que alguns moradores de Torres estariam caminhando sem máscaras para depois ir para as redes sociais reclamar da prefeitura. Outros, que estariam indo aos supermercados acompanhados de crianças, o que para ela não seria necessário.