Nesta semana, o litoral gaúcho foi o palco do roteiro pelo estado do pré-candidato do PDT (Partido Democrático Trabalhista) ao governo do Estado na próxima eleição: Jairo Jorge, o ex-prefeito de Canoas por oito anos (2005/2012). Na terça-feira, dia 9 de janeiro, sua estada pela região iniciou em Torres, onde foi recebido pelo vice-prefeito da cidade Fábio Amoretti, vereadores Dê Goulart e Rogerinho, além de pedetistas históricos locais. Na comitiva de Jairo Jorge que visitou Torres estavam também os deputados federais gaúchos do PDT, Pompeu de Matos e Afonso Motta (que devem tentar reeleição ou uma cadeira no Senado), além do ex-prefeito de Arroio do Sal, Luciano Pinto, que está pleiteando uma vaga para concorrer à deputado estadual pelo partido dos brizolistas.
Na ocasião, Jairo Jorge deu entrevistas em rádios torrenses e disponibilizou um tempo para uma coletiva de imprensa no restaurante Girardi. E após, encerrou sua estada em Torres com uma reunião de trabalho na Câmara Municipal, onde expos aos companheiros de partido e simpatizantes da agremiação política (convidados para o encontro local) suas intenções e sua plataforma política para o pleito em que pretende concorrer pelo PDT à vaga de governador do RS.
Uma agenda liberal e diferenciada
A FOLHA elaborou algumas perguntas ao pré-candidato, enfocando atitudes “de fundo” de Jairo Jorge, que foi prefeito por dois mandatos em Canoas e se destacou por ser um administrador ágil, corajoso e coerente com seus discursos, quando estava ainda no Partido dos Trabalhadores (PT). É que se trata de um pré-candidato com boas chances de dar certo e efetivamente concorrer, assim como é um pré-candidato que promete não entrar coligado como vice em outra combinação. Portanto, foi questionado como um estadista no todo, e não somente em temas que interessam especificamente a região do Litoral Norte, onde nos encontramos.
Jairo Jorge acredita que o governo do Estado do RS tem saída. Mas que deve sofrer um choque de gestão. Ele defende que a burocracia e a carga tributária são entraves que engessam qualquer caminho a ser seguido por governantes estaduais. Portanto, a desburocratização e a diminuição da carga tributária são elementos-chave na receita do pré-candidato ao governo – uma agenda liberal na gestão e área econômica.
E focando na mesma economia, o pretendente da cadeira maior do governo gaúcho sugere que as empresas locais sejam competitivas, diferente de hoje em dia. Ele exemplificou mostrando o tempo que uma empresa demora em ter licença ambiental para se estabelecer no Rio Grande do Sul se comparado ao estado vizinho, Santa Catarina, na mesma demanda. Em seu levantamento, aqui no RS são 900 dias de demora, quando no estado vizinho são apenas 90 dias. E indagou: “Para onde vai um empresário quando faz esta comparação?”.
O governável também exemplificou a perda da competividade de empresas de nosso Estado em itens de alto consumo, como o gás de cozinha. Ele levantou que o mesmo produto – um botijão de gás – é vendido em Santa Catarina por R$ 65, quando aqui o mesmo botijão, da mesma marca, é vendido por R$ 80. Jairo Jorge justifica sua busca neste sentido exemplificando o que fez no governo de Canoas. Lá ele afirmou ter conseguido deixar o ambiente empresarial mais competitivo, baixando impostos municipais como o ISS (Imposto Sobre Serviços) através de projetos estruturados e estruturantes. Quanto mais a empresa recolhe impostos mais a alíquota baixa, deixando-a mais competitiva. E esta estratégia levou, conforme diz, quase 20 mil empresas a se instalarem na cidade com a política de incentivos fiscais no ISS implementada.
Choque de gestão
Somente três níveis hierárquicos na administração de governo e menor número de secretarias é a receita de gestão de Jairo Jorge para a modernização necessária na administração do governo do RS. Ele acha que isto pode ser feito com uma revisão geral de procedimentos burocráticos, incorporando atividades e departamentos de todas as áreas do governo. E o foco do Trabalho fica voltado para Educação, Saúde e Segurança.
Mas o resultado maior é o incentivo à produção das empresas do Estado e à captação de impostos a mais com esta estratégia, onde mais empresas se instalam no Estado e as que estão aqui instaladas aumentariam suas vendas (a partir dos incentivos fiscais e dos resultados da desburocratização). Para ele é necessário que se aumente a arrecadação de impostos de forma firme no RS, para que trabalhemos em outro patamar. E para isto ocorrer, só com incentivos aos empresários, conforme sua tese.
Estatal? Só as estratégicas… E que dão lucro!
A FOLHA perguntou, ao pretendente do PDT para a cadeira de governador na eleição deste ano, o que ele achava de estatais, já que seu partido (em geral) defende manter as empresas do Estado. Jairo Jorge enfrenta a questão com clareza. Para ele, algumas empresas estatais e autarquias de serviço (como fundações) não possuem mais espaço. Elas foram criadas porque não existia como ter aqueles produtos e serviços num tempo atrás. Portanto, no atual cenário globalizado, devem ser vendidas ou extintas.
Na estrutura estatal atual do governo do RS, o ex-prefeito de Canoas sugere que o Banrisul se mantenha (porque atende interesses do governo e do funcionalismo público). Assim como defende que a CEEE e a Corsan são estratégicas e podem dar lucro, portanto devem ser mantidas na mão do governo gaúcho.
Revolução na Educação
O pré-candidato ao governo gaúcho também acha que o lucro das estatais deve ter receita e lugar pré-estabelecidos, sendo que estes lugares devem focar na prioridade social do governo. Para ele esta prioridade é a Educação. Ou seja, por lei, o lucro das estatais deveria ser distribuído totalmente para ser investido no desenvolvimento do sistema educacional do RS.
Jairo Jorge acha que só o PDT tem capacidade interna e “know how” para realizar uma nova revolução na Educação: ele exemplificou citando os feitos do ex-governador do Estado Leonel Brizola na área no começo dos anos 60, bem como os esforços do governo de Alceu Colares (entre 1990 e 1994).
“Quando Brizola mudou a educação, o Estado tinha metade da sua população analfabeta e fez uma revolução que deixou nosso Estado na liderança do setor no Brasil. Colares também tentou e quase implantou a escola em dois turnos por aqui. Portanto, o PDT tem capacidade de implantar uma revolução da Educação gaúcha, com recursos captados previamente para isto”, defende Jairo Jorge.
Previdência que deve mudar é a do setor público
A FOLHA perguntou para Jairo Jorge o que ele achava da reforma da Previdência e qual era sua opinião sobre o tema. Ele respondeu que se trata de um debate necessário a ser feito em níveis nacionais. Sugeriu que o governo Temer não está tendo credibilidade para impor suas ideias por conta da má avaliação, e por isto acha que pode ser difícil a mudança. Mas disse que, para ele, as grandes modificações que devem ser feitas no sistema de Previdência do Brasil são no setor PÚBLICO. O privado, para ele, não é o culpado pela tendência à falta de sustentabilidade do sistema de previdência projetada pelos panoramas, conforme sugeriu na entrevista coletiva.
Plantando uma árvore como mote de atitude
A arrancada eleitoral do pré-candidato do PDT ao governo gaúcho, Jairo Jorge, está tendo um padrão. Por onde passa, ele está mobilizando os militantes de seu partido com o discurso de não atacar nenhum governo, mas sim sugerir uma revolução de gestão para o Estado como a única forma de salvar o RS da penumbra que se encontra. Paz com firmeza de propósitos, portanto.
Quando chega aos lugares, planta uma árvore para representar seu caminho na política neste ano. Ele diz que plantar uma árvore sugere que ele terá que voltar para regar a mesma e revisar o crescimento da semente. “Estamos plantando uma semente e queremos o apoio para que ela de frutos, mas temos que voltar muitas vezes no lugar para verificar seu crescimento”, afirma. Em Torres, a árvore foi plantada em alto estilo na manhã de terça-feira (09), na borda da Lagoa do Violão, com a presença de companheiros de partido da cidade e região.
Jairo Jorge se caracteriza por isto. Trabalhar para frente sem atacar os oponentes. O jornalista de formação acredita que é desta forma que ele consegue vencer os obstáculos e levar seus governos e suas equipes à processos inovadores e corajosos. E em Torres o processo já pegou. O vice-prefeito Fábio Amoretti prometeu publicamente que o PDT da cidade irá plantar esta semente no coração de todos os torrenses – praticamente um discurso antecipado de campanha.
Depois de Torres, a comitiva do pré-candidato brizolista ao governo do RS foi até Dom Pedro de Alcântara, Mampituba e Morrinhos do Sul na mesma terça-feira (09). Na quarta (10) a mesma equipe foi a Itati, Três Cachoeiras e Arroio do Sal.