Vemos que o homem, principalmente no último século, concentrou-se muito no desenvolvimento da ciência e tecnologia, o que sem dúvida melhorou nossas condiçíµes materiais de vida. Porém, visando o conforto exterior, o ser humano foi deixando de lado seu plano interior. Esse enfoque tecnicista fragmentou a educação, priorizando o acúmulo de conhecimento, a competição acirrada, o que provocou uma desestruturação do ser humano que, por sua vez, se reflete na realidade violenta de nossa sociedade.
Estamos em meio a uma perigosa crise de valores. Muitos são os flagrantes de intolerância, frieza, transgressão da ética e moral. Nossos pequenos estão perdidos porque muitos de nós, adultos, também perdemos o rumo, sem saber para onde ir no curso da vida. í‰ como se a tênue linha divisória entre o certo e errado estivesse se apagando. Por que, por exemplo, nossos jovens estão infelizes, buscando auto-realização no limite, no extremo e perigoso, no comportamento de risco, nas drogas? Por que nossas crianças têm apresentado comportamentos com os quais não sabemos lidar, cada vez mais rotulados como hiperativas, agressivas, desatentas, nervosas, sendo essas crianças medicadas cada vez mais prematuramente? Isso tudo pode ser sinal da cultura em que vivemos.
Quando questionamos estas coisas, devemos compreender que o comportamento de nossos pequenos é um reflexo da formação recebida em casa e na escola, da falta de respeito pelo outro, do desconhecimento de limites, da ausência de disciplina e da inversão de valores presente em nossa sociedade que gera desestruturação em nossos lares e com a qual acabamos por nos habituar. Se a educação que fornecemos í s nossas crianças enfatiza o desenvolvimento intelectual sem preocupar-se com o cultivo das qualidades humanas, os meios de comunicação levam os indivíduos a modos padronizados de pensar, de agir, de consumir. Um grande domínio é assim exercido sobre nós, pequenos e grandes, fazendo com que corramos o risco de não questionarmos o nosso viver, passando a nos acomodar num conformismo em que as coisas são como são. Valores como justiça, amor, compaixão, respeito, comprometimento, honestidade, entre outros, estão se perdendo e já colhemos hoje. e infelizmente colheremos no amanhã resultado da promiscuidade no cuidado para com os valores, pois parece que cruzamos os braços apenas para reclamar e apontar onde estão os erros, esquecendo de encontrar a solução para o problema.
Sabemos que precisamos de humildade, de pureza, de fidelidade, de humor, de amor. Sabemos também, que todas as outras virtudes caminham e só funcionam se estiverem juntas, mas que a responsabilidade é uma virtude marcante e que atrelada ao respeito, ao compromisso, e a todos os outros que já foram citados. Com responsabilidade trilharemos o caminho í educação digna e a formação de um cidadão mais consciente. Quando assistimos í TV, o que nos é apresentado? O que dá audiência? Promove-se a violência, como um espetáculo: briga entre família, vizinhos, fofocas. Mas por onde andam os bons gestos, notícias que fizéssemos nos orgulhar se sermos humanos, fortalecendo a esperança num mundo melhor? í‰ claro que elas existem, só não são noticiadas, porque não geram polêmica e audiência.Neste sentido, as repetidas tragédias as quais ouvimos todos os dias, parecem exercer sobre nós, um sentimento de banalização, de falta de espanto ou surpresa
Não existe, me parece, um incentivo ou uma apresentação de estímulos para a prática de gestos nobres, que construa, agregue valor. A mensagem que se ouve, subliminar, é que não é recompensador praticar o bem. Este cenário atemorizante abala a nossa confiança no amor, na bondade e na vida. Por isso, é importante filtrar, censurar, desmistificar estas informaçíµes aos nossos filhos, í nova geração, procurando mostrar lhes também que a vida vale a pena!