A nova Elite no Brasil

25 de março de 2010

Estamos passando especificamente aqui no Rio Grande do Sul por embates de aumentos salariais públicos, onde as categorias, todas elas, estão divididas pelo mesmo motivo: os servidores de salários mais altos não aceitam os sugeridos aumentos salariais socializados, qual seja, não aceitam que os servidores com salários mais baixos recebam aumentos acima dos mais altos. Trata-se da democracia funcionando para a repetição do modelo anterior, na época da ditadura e das poucas chances de embates. As chamadas elites na época dominavam o poder e mantinham as benesses do empresariado frente í s categorias de trabalhadores, que ganhavam pouco e seus aumentos acabavam ficando nas mãos dos mandantes (as elites) e entregues a um espí­rito solidário eventual dos tomadores de decisão.  

Pois atualmente as elites mudaram de perfil. As elites no Brasil de hoje são os altos postos do funcionalismo público e os altos postos dos CCs de polí­ticos, além dos polí­ticos dos poderes legislativos Federal e Estadual (os municipais estão fora). A diferença significativa deste processo é que as elites de antigamente tinham somente o poder de fato (dinheiro). Hoje as elites tem o mesmo poder de fato ( dinheiro), mas também possuem o poder de direito: são as elites que afinal acabam decidindo o futuro do paí­s através da legislação ou da falta de ação perante a mesma e através do julgamento dos processos judiciais. As elites legislam para elas mesmas, o que faz com que a nação caminhe para uma posição perigosa, onde o modelo é de uma democracia participativa em uma república federativa, mas que de fato acaba funcionando como um império, onde quem decide afinal são justamente os que estão envolvidos diretamente no processo decisório.    

As elites de antigamente mandavam por seu poder financeiro, mas corriam o risco de seus negócios falirem ou perderem força e, consequentemente, perderem eles também sua força no processo decisório. As elites de hoje não. Funcionários estáveis e polí­ticos clientelistas têm o poder do dinheiro e das mordomias públicas e ainda possuem na maioria estabilidade no emprego. Os que não as têm de direito, tratam de conquistá-las de fato através de coligaçíµes partidárias que mais parecem formaçíµes de quadrilhas.  

As elites de antigamente brigavam por melhorias em seus negócios, que consequentemente geravam emprego e o crescimento natural das coisas pela competição, também natural em qualquer ambiente progressista saudável. Mas as elites de hoje brigam pelo contrário. Brigam pela burocratização do Estado para manter suas funçíµes e criarem outras várias para acolher seus companheiros.    

O mal na elite antiga era a ganância pelo lucro, o que ainda existe hoje em exagero por parte de empresários tubaríµes pelo mundo afora, mas que está longe de fazer parte da maioria dos empreendedores, que querem sobreviver com liberdade e seguindo ideais progressistas. Nas elites de hoje, o mal está nas manipulaçíµes e nos acordos coorporativos entre partidos e categorias de funcionários públicos, relativizando situaçíµes e confundindo a sociedade e a própria mí­dia.

   A briga entre a cúpula salarial e seus atuais súditos (os servidores com salários mais baixos do funcionalismo público) estampa as garras da nova elite do Brasil. A diferença é o poder que esta nova elite possui, quase que absoluto. Está na hora da classe que produz, gera empregos saudáveis e paga impostos para a máquina pública se unir e começar a criticar as elites do Brasil, como faziam os esquerdistas de carteirinha quando foi implementada a nova democracia no Brasil após a constituição de 1988. Hoje os partidos que conquistaram o poder atacando as Elites de antigamente não falam mais em Elites, pois as Elites são eles mesmos.    


Publicado em:







Veja Também





Links Patrocinados