Dia Internacional da Asma: Conversa com a pneumologista Márcia Laux Bronzatto

6 de maio de 2012

 

 

Jornal A FOLHA conversa com especialista para esclarecer os traços de uma das doenças que mais afeta pessoas no planeta

 

 

Toda a primeira terça-feira de maio, desde o ano de 1998, a GINA “ Iniciativa Global para a Asma (Global Iniciative for Asthma) articula, em contato com diversas instituiçíµes ao redor do mundo também focadas na doença, a preparação e distribuição de materiais em torno de um tema diferente a cada ano, com o objetivo de criar consciência acerca da enfermidade respiratória, que afeta 150 milhí´es de pessoas no mundo em 16 milhí´es só no Brasil (dados da OMS). Felizmente, os dados de internaçíµes por asma no Brasil tiveram uma queda vertiginosa entre 2000 e 2009; segundo o Datasus (banco de dados do SUS), nesta década o número caiu de quase 400 mil internaçíµes em um ano para pouco mais de 200 mil.

                      A Folha conduziu entrevista com a Pneumologista Infantil Márcia Laux Bronzatto, que exerce a profissão em Torres, para esclarecer alguns tópicos acerca da doença

 

A Folha: Por que pessoas sofrem de asma?

Dr ª Márcia: A asma é uma doença de predisposição genética. Tal predisposição acompanha diversos outros quadros alérgicos, sendo a asma apenas uma caracterí­stica. Pode-se dizer que cerca de 75% dos sintomas se manifestam pela predisposiçâo genética e os outros 25% são facilitados pelo ambiente no qual a pessoa vive. Mudanças bruscas de temperatura e umidade, ácaros, poeira são alguns dos possí­veis desencadeadores de sintomas.

 

AF: Quando surgem os primeiros sinais, e como eles se caracterizam?

DM: A asma clássica se manifesta a partir de um ano de idade, mas há casos excepcionais aonde a pessoa pode começar a sofrer dos sintomas em idade escolar, ou até na jovem idade adulta. Depende do padrão genético. Os sintomas podem variar, mas incluem tosse, falta de ar, chiado no peito… Os sintomas se reduzem aos 8 ou 9 anos, para os asmáticos clássicos, em 70% dos casos. Outras pessoas podem ter sintomas similares í  asma, devido a vias aéreas estreitas ou viroses. Essa asma falsa é curada pelo crescimento e, ao contrário das pessoas que têm predisposição genética, estes casos não são sensí­veis aos tratamentos.

 

AF: Em seu consultório, qual é a freqí¼ência de pacientes tratados de asma?

DM: Cerca de 50% dos pacientes que atendo sofrem de sintomas alérgicos de asma ou rinite, e algo em torno de 30% se encaixa no quadro asmático.

 

AF: Qual é o tratamento adequado para a asma?

DM. Depende da gravidade de cada caso. Para quadros leves, a combinação de antiinflamatórios na forma de spray e broncodilatadores é suficiente, e o uso contí­nuo de broncodilatadores permite í  pessoa uma vida normal, inclusive a prática de exercí­cios. Em casos mais graves, que desencadeiam crise ou onde os sintomas persistem, a aplicação de antiinflamatórios orais, com ní­veis mais altos de cortisona é recomendada.

 

AF: Há efeitos negativos para o uso de corticóides?

DM: O uso contí­nuo de corticóides na forma oral no tratamento, por mais de 14 dias, pode causar distúrbios hormonais, inclusive podendo desencadear diabetes, por exemplo. Mas os ní­veis de corticóides nos remédios na forma aerossol não são notáveis.

 

AF: Existe cura definitiva para a asma?

DF: Por ser uma predisposição genética, a cura completa não é uma realidade. Mas é possí­vel livrar-se dos sintomas com tratamento adequado.

 

AF: Se há uma parte dos sintomas que se manifestam pelo ambiente, pode-se dizer que há lugares mais adequados, em termos de clima, para um asmático viver?

DM: As variaçíµes bruscas de temperatura aumentam as chances de os sintomas se manifestarem. Mas ambientes com pouca variação de umidade e temperatura ajudam, sim, a mascarar os sintomas.

 

AF: Quais são os riscos da asma quando não tratada ou diagnosticada?

DM: A longo prazo, o mal-tratamento ou o não-diagnóstico da asma, pelo stress que coloca nas vias aéreas, pode levar a uma capacidade pulmonar reduzida.

 

AF: Existe risco de vida?

DM: Graças a Deus, menos de 5% dos que sofrem de asma manifestam um quadro considerado grave. Neles, é necessário, nas crises mais severas, tratamento endovenoso. A morte pode ocorrer, devido a acúmulo de CO2 no sangue (morte por narcose).


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