EDITORIAL – Abertura ao invés de controle da mí­dia!

26 de abril de 2013

 

O jornal A FOLHA publicou, na í­ntegra, na última edição, um artigo do governador Tarso Genro veiculado no site Carta Maior. Cumprimos o papel de darmos abertura para posicionamentos bem ideológicos, o que no fundo reclama o governador justamente neste artigo, atacando a grande mí­dia e atacando acima de tudo o oposto de sua visão de mundo cidadão, o que chama de neoliberalismo.

No artigo, o cidadão Tarso estampou o espí­rito bélico que permeia a polí­tica do Rio Grande do Sul e a parte competitiva entre o projeto socialista, que tenta implantar suas polí­ticas no Brasil, e da oposição, que ataca o projeto, sugerindo um Estado menor e mais eficiente em investimentos coletivos estruturais. O próprio texto de Tarso conceitua o projeto oposto ao seu de anárquico, um pouco monótono na militância (ironizando o trabalho de seus oponentes) e, principalmente, acusa de forma generalizada os que defendem a maior liberdade na economia e nos costumes, ideal oposto ao seu socialismo estatal, de brigar pela diminuição de impostos, mas, ao contrário, pedindo subsí­dios do Estado, uma acusação generalizada errada que ataca a ética do pensamento liberal.

O governador do RS, (que articula seu texto falando em nome de sua posição legí­tima de cidadão como militante do socialismo) deixa claro que defende os ataques, defende as ironias que deixam pensamentos parciais, defende a plantação de sentimentos generalizados para manipular pessoas no sentido de trazê-las para seu lado. Isto fica bem claro quando chama os defensores da idéia oposta a sua de mentirosos. E é esta mentira sobre a mentira que acaba sendo a parte ruim do saudável debate entre o socialismo e a liberdade, debate que ocorreu, ocorre e sempre ocorrerá em todas as partes do Planeta Terra. Radicais de ambos os lados, como Tarso, acabam derrubando sua militância plantando coisas e generalizando situaçíµes, tí­pica postura de ditadores enrustidos. E a briga acaba ficando mais vistosa do que o debate institucional entre duas corrente, derrubando, infelizmente, o bonito embate entre correntes opostas.

Mas o governador e cidadão Tarso se refere no âmago do artigo sobre sua opinião quanto ao projeto do PT de regular e organizar a comunicação social (mí­dia) na nação. Saudavelmente, ele reclama do excesso de monopolização do controle econí´mico das redes de TV e rádio. Mas, logo adiante, se contradiz afirmando que propíµe que hajam subsí­dios para que os pequenos possam crescer   para que a nação possa passar por uma construção de uma verdadeira rede de opiniíµes midiática, com muito mais gente operando a mí­dia ( e vivendo dela). í‰ que, na prática, o Tarso Genro cidadão não pode escapar de ser também o Tarso Genro Governador, que casualmente é do mesmo partido que tem o poder no Brasil há 10 anos, o seu PT. E este Tarso Genro, cidadão socialista e governador do Estado em nome do PT, deveria saber que seu governo e seu partido fazem.

Por exemplo, no Paí­s, o Partido dos Trabalhadores teve 10 anos de oportunidade de financiar meios de comunicação menores, mas muito eficazes, como existem espalhados por toda a nação. Mas, ao contrário, manteve o sistema de centralizar as verbas federais e estaduais de investimentos oficiais de seu PT nas mãos justamente de quem o governador critica: a grande mí­dia. Matéria isenta publicada na imprensa nos últimos dias dá conta que mais de 70% dos investimentos do governo federal em mí­dia se concentram na Rede Globo.

O tí­tulo do artigo de Tarso Genro (cidadão) é Tomate não é Concessão Pública. Ainda bem… O tomate o cidadão tem a liberdade de optar se compra, quanto paga,  e optar inclusive por viver sem ele, se quiser. Mas a realidade dos canais de TV e de rádios, todos concessíµes públicas, mostra que, justamente por serem concessíµes, o sistema acaba os deixando artificializado. E a receita acaba sendo a mesma. Governos no poder alimentam os mesmos, alimentam com verbas federais e estaduais os grandes grupos de TV e rádio; e deixam os pequenos morrerem í  mí­ngua.

Tarso e o discurso socialista mais uma vez se contradizem. Criticam a liberdade; defendem as concessíµes e o controle público; querem controlar ainda mais; mas estampam que é justamente este controle, justamente este poder que o Estado possui de regular a mí­dia, que acabou oligopolizando o sistema. E o que é pior: alimenta o crescimento da monopolização. Continua agradando os fortes e desagradando os fracos, justamente pelo sistema ser concedido pelo Estado, estado que está na mão do PT no Brasil há 10 anos e no RS há quase três.

E o discurso socialista, que ataca os que defendem a liberdade de mercado, acaba mostrando que no discurso é uma coisa, mas na prática é outra completamente diferente. Justamente o motivo da falência total do socialismo no mundo. í‰ a abertura da liberdade de ir e vir nos meios de comunicação que seria, mesmo que tarde, uma forma de democratizar mais a comunicação social e evitar a pasteurização de discursos ideológicos como se fossem verdades absolutas, um risco de se corre no Brasil, principalmente pelo poder que o Estado possui justamente frente í  mí­dia; poder econí´mico, que estampa que o utiliza direcionando a maioria de suas verbas oficiais para a principal rede de telecomunicação do Brasil.

Abrir a possibilidade de TVs e rádios internacionais poderem entrar no Brasil seria um bom começo. E, após, abrir para a cidadania o direito de ser dono de um rádio, uma TV, um jornal, um site; tudo isto sem ter de se submeter í  ampla burocracia estatal atual, seria o segundo passo, justamente o contrário do que sugere nosso governador.

 


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