O jornal A FOLHA publicou, na íntegra, na última edição, um artigo do governador Tarso Genro veiculado no site Carta Maior. Cumprimos o papel de darmos abertura para posicionamentos bem ideológicos, o que no fundo reclama o governador justamente neste artigo, atacando a grande mídia e atacando acima de tudo o oposto de sua visão de mundo cidadão, o que chama de neoliberalismo.
No artigo, o cidadão Tarso estampou o espírito bélico que permeia a política do Rio Grande do Sul e a parte competitiva entre o projeto socialista, que tenta implantar suas políticas no Brasil, e da oposição, que ataca o projeto, sugerindo um Estado menor e mais eficiente em investimentos coletivos estruturais. O próprio texto de Tarso conceitua o projeto oposto ao seu de anárquico, um pouco monótono na militância (ironizando o trabalho de seus oponentes) e, principalmente, acusa de forma generalizada os que defendem a maior liberdade na economia e nos costumes, ideal oposto ao seu socialismo estatal, de brigar pela diminuição de impostos, mas, ao contrário, pedindo subsídios do Estado, uma acusação generalizada errada que ataca a ética do pensamento liberal.
O governador do RS, (que articula seu texto falando em nome de sua posição legítima de cidadão como militante do socialismo) deixa claro que defende os ataques, defende as ironias que deixam pensamentos parciais, defende a plantação de sentimentos generalizados para manipular pessoas no sentido de trazê-las para seu lado. Isto fica bem claro quando chama os defensores da idéia oposta a sua de mentirosos. E é esta mentira sobre a mentira que acaba sendo a parte ruim do saudável debate entre o socialismo e a liberdade, debate que ocorreu, ocorre e sempre ocorrerá em todas as partes do Planeta Terra. Radicais de ambos os lados, como Tarso, acabam derrubando sua militância plantando coisas e generalizando situaçíµes, típica postura de ditadores enrustidos. E a briga acaba ficando mais vistosa do que o debate institucional entre duas corrente, derrubando, infelizmente, o bonito embate entre correntes opostas.
Mas o governador e cidadão Tarso se refere no âmago do artigo sobre sua opinião quanto ao projeto do PT de regular e organizar a comunicação social (mídia) na nação. Saudavelmente, ele reclama do excesso de monopolização do controle econí´mico das redes de TV e rádio. Mas, logo adiante, se contradiz afirmando que propíµe que hajam subsídios para que os pequenos possam crescer para que a nação possa passar por uma construção de uma verdadeira rede de opiniíµes midiática, com muito mais gente operando a mídia ( e vivendo dela). í‰ que, na prática, o Tarso Genro cidadão não pode escapar de ser também o Tarso Genro Governador, que casualmente é do mesmo partido que tem o poder no Brasil há 10 anos, o seu PT. E este Tarso Genro, cidadão socialista e governador do Estado em nome do PT, deveria saber que seu governo e seu partido fazem.
Por exemplo, no País, o Partido dos Trabalhadores teve 10 anos de oportunidade de financiar meios de comunicação menores, mas muito eficazes, como existem espalhados por toda a nação. Mas, ao contrário, manteve o sistema de centralizar as verbas federais e estaduais de investimentos oficiais de seu PT nas mãos justamente de quem o governador critica: a grande mídia. Matéria isenta publicada na imprensa nos últimos dias dá conta que mais de 70% dos investimentos do governo federal em mídia se concentram na Rede Globo.
O título do artigo de Tarso Genro (cidadão) é Tomate não é Concessão Pública. Ainda bem… O tomate o cidadão tem a liberdade de optar se compra, quanto paga, e optar inclusive por viver sem ele, se quiser. Mas a realidade dos canais de TV e de rádios, todos concessíµes públicas, mostra que, justamente por serem concessíµes, o sistema acaba os deixando artificializado. E a receita acaba sendo a mesma. Governos no poder alimentam os mesmos, alimentam com verbas federais e estaduais os grandes grupos de TV e rádio; e deixam os pequenos morrerem í míngua.
Tarso e o discurso socialista mais uma vez se contradizem. Criticam a liberdade; defendem as concessíµes e o controle público; querem controlar ainda mais; mas estampam que é justamente este controle, justamente este poder que o Estado possui de regular a mídia, que acabou oligopolizando o sistema. E o que é pior: alimenta o crescimento da monopolização. Continua agradando os fortes e desagradando os fracos, justamente pelo sistema ser concedido pelo Estado, estado que está na mão do PT no Brasil há 10 anos e no RS há quase três.
E o discurso socialista, que ataca os que defendem a liberdade de mercado, acaba mostrando que no discurso é uma coisa, mas na prática é outra completamente diferente. Justamente o motivo da falência total do socialismo no mundo. í‰ a abertura da liberdade de ir e vir nos meios de comunicação que seria, mesmo que tarde, uma forma de democratizar mais a comunicação social e evitar a pasteurização de discursos ideológicos como se fossem verdades absolutas, um risco de se corre no Brasil, principalmente pelo poder que o Estado possui justamente frente í mídia; poder econí´mico, que estampa que o utiliza direcionando a maioria de suas verbas oficiais para a principal rede de telecomunicação do Brasil.
Abrir a possibilidade de TVs e rádios internacionais poderem entrar no Brasil seria um bom começo. E, após, abrir para a cidadania o direito de ser dono de um rádio, uma TV, um jornal, um site; tudo isto sem ter de se submeter í ampla burocracia estatal atual, seria o segundo passo, justamente o contrário do que sugere nosso governador.