Querida amiguinha da internet,
Não consigo falar de mim mesmo, assim, assim de um modo explícito, de um modo prático. Só eu sei as esquinas que passei. Não me vejo como uma pessoa muito prática. Se fosse teria muito mais dinheiro, por exemplo. Não me amarra dinheiro não. Não sei dizer, por exemplo, onde termina a minha cara-de-pau e começa minha timidez. Ou, de outro modo, onde se acaba minha timidez. No meio dos meus tantos sonhos de mundos de conto de fadas, agora se inicia mais um. Um affair virtual!
Também não sei ao certo o que em mim poderia te interessar. í‰ tanta coisa, é tanta coisa que parece nada. O que dizer? O que calar? Talvez falando de alguns pensamentos, algumas coisas que andei pensando nestes dias, é, talvez assim, minha amiguinha, felina e esperta, saque nas entrelinhas, como tu mesma dissestes estes dias.
Eu só quero saber em qual rua minha vida vai se encostar na tua, a música que me mandastes e, que, é óbvio, mexeria com um cara como eu. Isto foi apenas um exemplo, porque tem mais. Tem muito mais, e, sabes bem disto. Tí´ te conhecendo por torpedos também. í‰ legal, me sinto moderno, como se tivesse por dentro, mais engajado do que na verdade estou. O fato é que preciso de uma mulher mais fixa, eu sempre preciso de uma mulher para cuidar de mim!
Este romance por internet está fazendo que eu tenha medo de computador! De outro modo, estou me apaixonando por computadores. Ou seria por ti? Ou por, apenas, mais um sonho? Sonho, fantasia virtual! Is it possible? í‰ possível que isto aconteça?
Depois que vi tua foto a coisa ficou mais séria, deu asas í imaginação. Agora só falta ouvir tua voz. E os receios? Por ser de lá, do sertão lá do cerrado, lá do interior do mato, da caatinga, do roçado, eu quase não falo, eu quase não sei de nada, sou como rês desgarrada, nesta multidão boiada, caminhando a esmo….
Eu não vou gostar de você porque sua cara é bonita. O amor é mais que isto. O amor talvez seja uma música que eu gostei e botei numa fita… O amor talvez seja uma coisa que até nem sei se precisa ser dita… Que negócio é esse de internet? Existe este trem? Aonde fica? Como eu poderia transar com minha imaginação? Como minha imaginação poderia beijar? Será que se eu beijasse o computador…?
Por ser de lá, na certa por isto mesmo, não gosto de cama mole, não sei comer sem torresmo, eu quase não saio, eu quase não tenho amigo, eu quase que não consigo, ficar na cidade sem viver contrariado… Sou meio bicho-do-mato, meio urbano, gosto de passear por metrópoles, e tu, princesa das causas improváveis?
Já sei!! Vou pedir ao deus do dinheiro que me mande AGORA uma limousine e, irei te buscar, resgatar teu coração deste mundinho cruel, como naquele filme Uma linda mulher, vistes? Tem que ver. E tem mais, chegarei com flores, pedirei í deusa das flores que me ajude a escolhê-las.
Emails e torpedos amorosos diretos de teu coração apareceram tão de repente que nem sei se digeri ainda. Nem sei se não prefiro digerir aos poucos. Mas, porque, mesmo assim eu sofro vez em quando? Será que eu sou um cara triste? Ou o amor dói? Ou, não é nada disso? Assim mesmo o sol não vai nos abandonar. Nunca. Né, Rainha da fantasia de um internauta amalucado?
Teus sinais me confundem da cabeça aos pés, mesmo assim eu te devoro citastes num torpedo, e, eu fiquei louco, Será que o príncipe virou um sapo? Um amor puro não sabe a força que tem…Não sei mais como te dar tchau, nem mesmo Oi, nem quem eu sou, nem o que é computador, nem onde estou. Estou na rede? Que rede? Queria uma rede de malha branquinha, com nós dois a sonhar dentro dela.
Será que esse trem de internet é nossa nova forma de namorar? Pelo sim, pelo não, tocarei cada tecla com o maior carinho, como se fosse uma primeira vez, como se fosse teu corpo, e, assim me despeço, pantera querida. Beijinho.