Retrocesso da CNBB

19 de fevereiro de 2010

A igreja Católica divulga como sempre no iní­cio da Quaresma (os quarenta dias que antecedem a Páscoa que comemora a ressurreição de Jesus Cristo para os cristãos) o mote de sua Campanha da Fraternidade do ano. Mas parece que desta vez a Igreja optou por entrar em temas que mais dizem respeito í s leis dos homens do que os que dizem respeito í s chamadas Leis de Deus. Ao optar por atacar instituiçíµes enraizadas na sociedade independente de crença religiosa como o Capital, o agronegócio, o consumismo e a globalização, a igreja entra em um terreno perigoso, onde o fanatismo espiritual pode misturar-se ao fanatismo pragmático, causa das maiores mazelas mundiais como o Terrorismo e os Estados Absolutos e manipuladores da população.  

 

A Igreja, através da CNBB, retirou de uma citação de Mateus (um dos apóstolos de Cristo) que diz de forma sintética que Não se pode servir a Deus e ao Dinheiro ao mesmo tempo a fundamentação da Campanha da Fraternidade deste ano no Brasil. Mas pegou a citação sob o viés coletivo ao invés de pegar a citação pelo viés individual. A atitude mostra claramente a opção da Igreja em entrar na polí­tica, quando a história mostra que em todas as vezes que houve esta opção, a Igreja Católica acabou desvirtuando de seu lado espiritual para o lado manipulador, executando em seu nome atrocidades condenadas por qualquer interpretação dos dez mandamentos ou dos sete pecados capitais.

 

   Qualquer ser humano pode exercitar a qualquer momento o conselho da citação de Mateus. Qualquer Ser pode colocar os valores espirituais acima dos valores materiais (o que no fundo sugere a citação). Basta querer… Por outro lado, a opção do homem em intervir na vida dos outros tentando de forma artificial tolher suas opçíµes em nome de um motivo maior pode parecer, aí­ sim, uma opção pelo material acima do espiritual. Portanto, a Igreja mostra de certa forma um paradoxo, onde a interpretação da citação de Mateus pode estar sendo desobedecida pela própria Igreja, que acha que está a seguido, o que torna o ato perigoso para a compreensão dos fiéis.

 

í‰ extremamente saudável e combina com o fundamente do amor ao próximo e a si mesmo utilizado pela maioria das religiíµes, militar pelo conceito de famí­lia, de ajuda aos mais fracos, de execrar desperdí­cios de toda a ordem, de sugerir que pessoas não gastem mais do que conseguem ganhar. í‰ saudável que Igreja incentive a agricultura familiar como forma de vida digna e exemplar e que critique o excesso e a injustiça nos tributos. Mas não é atacando outros vieses de forma frontal que seria aconselhável a militância cristã.

 

 Pode existir um pequeno agricultor familiar, que não especula financeiramente, que não utiliza agrotóxicos em excesso em sua lavoura, que não cobra de sua produção valores muito acima do mercado (até porque isto é quase impossí­vel); mas que, por outro lado, pratica o mal: explora seus funcionários, cobra do governo mais o que dá para o mesmo em impostos, que não quer saber se seu vizinho está bem ou feliz e preocupa-se somente com sua sobrevivência.

 

Pode haver também por outro lado (e há muito), grandes agricultores ricos, que trabalham com as leis naturais de mercado com os bancos, mesmo que sejam de certas formas especulativas, que cobram por sua produção o valor de mercado, mesmo que í s vezes sejam muito acima do justo e muitas vezes também sejam abaixo do justo, mas que utilizam seu lucro basicamente em aumento de atuação e trabalho e a conseqí¼ente geração de empregos, renda e impostos que o reinvestimento na produção gera, pensando em seu semelhante e de alguma forma colaborando para o coletivo, portanto um latifundiário do bem conforme os próprios preceitos da Igreja Católica e da maioria das religiíµes.

 

 A cultura mundial em prol do consumismo exacerbado é uma mazela aberta em todas as sociedades, embora ao mesmo tempo seja quase impossí­vel diminuir o ní­vel de produção mundial atual sob pena de matar pessoas de fome. Campanhas religiosas para a diminuição destas atitudes exageradas devem ser bem vindas, desde que sejam em prol de atitudes individuais e exemplos coletivos. Mas utilizar locais considerados por fiéis sagrados como são as Igrejas para de certa forma afrontar instituiçíµes já estabelecidas de certa forma demonizando-as é um retrocesso e mais parece uma recaí­da de CNBB, que deixou-se levar por fieis com ideologias utópicas e manipuladoras já provadas que são ineficazes e, principalmente, entram na coisa mais sagrada da alma humana; Sua liberdade de amar e ser feliz da forma que acha mais adequada, sendo abertas í  conselhos, mas protegidas de invasibilidades.  


Publicado em:







Veja Também





Links Patrocinados