EDITORIAL – Rouba mas faz?
Desde que foi reimplantada a democracia com as eleiçíµes diretas ocorridas em 1989, o Brasil passa insistente e recorrentemente por governos onde aparecem desvios de dinheiro público, mordomias exageradas e trenzinhos de alegria de CCs. A diferença das notícias que dominam os noticiários de TV é sempre quem é o acusado e quem é o acusador. Mas não precisa nem se preocupar o eleitor em checar isto. O acusado sempre é quem está no poder e o acusador é sempre um grupo político que está fora do poder. E o poder sempre passa para a corrente acusadora, mesmo que ela já tenha sido acusada em anos anteriores, quando desfrutava das maiores cadeiras políticas da nação. O que se pode deduzir nisto é que os brasileiros, eleitores, pessoas físicas de opção privada, além de delegarem para a classe política mandatos para que, afinal, governem e dirijam os rumos da nação, acabam, também afinal, assistindo rounds similares de brigas policias, na maioria sem desfecho, que mostram que os sócios dos brasileiros são ladríµes. A diferença é que o que não rouba está acusando, sempre, que o outro segmento político estaria roubando no poder. E também, recorrida e insistentemente, nada é provado…
A candidata Marina Silva (PV), por exemplo, em sua campanha estampa isto: o roubo, feito de forma legalizada. Ela exemplifica que ambulâncias no Brasil estão custando para os cofres públicos três vezes o que custariam se um simples vivente fosse í fábrica comprar no balcão o veículo, tão importante para a saúde dos brasileiros. E isto já foi provado em várias operaçíµes policiais na chamada Máfia das Ambulâncias. A polícia trata de estampar o resto, a chamado roubo ilegal, quando divulga operaçíµes espetaculares em órgão públicos, estas contendo nomes que são de partidos, mas de escalíµes inferiores, os chamados "laranjas" dos processos. Vide o caso dos dólares nas cuecas.
Fernando Collor de Mello sofreu impedimento em 1992 e saiu da presidência do Brasil, logo após ser o primeiro presidente eleito na pós- ditadura militar. No governo FHC, escândalos nas privatizaçíµes ameaçaram a república em acusaçíµes liderados pelo PT, portanto os oito anos no poder da coligação liderada pelo PSDB não ficaram incólumes í escândalos. No governo Lula estourou o chamado Mensalão. As acusaçíµes foram lideradas pela ala de oposição ao PT, liderada agora pelo PSDB, que foi vítima nas acusaçíµes anteriores. Ministros caíram, processos correram, mas o governo Lula passou por tudo e recebeu anuência nas urnas dos brasileiros, talvez porque não se lembrassem mais disto. Agora em plena campanha aparecem falcratuas dentro do governo Lula. E o PSDB mais uma vez se coloca como acusador, e o PT que já foi exímio acusador, passa a acusado.
Os crimes e desvios de condutas que mostraram indícios nestes todos casos não foram adiante. Serviram somente como pólvora política para colocar pimenta na campanha, mas até agora ninguém foi condenado. Isto faz com que simples brasileiros como nós se perguntem: Será que faz parte do ato de governar roubar dos cofres públicos o dinheiro captado diariamente pelo trabalho do povo através de impostos que chegam í quase metade do que produzimos? Será que não podemos confiar em mais nenhuma sigla partidária atualmente e termos de optar pela a que rouba menos? Será que o jargão que a população de São Paulo utilizava para Paulo Maluf há mais de 15 anos Rouba, mas faz é o mantra da eleição no Brasil?
A culpa é do sistema judiciário da nação. Com exceção do ex-presidente Collor, nenhum juiz e nenhum congresso teve coragem de condenar um homem púbico de cúpula de partido político. E se olharmos os valores e esquemas de corrupção apresentados atualmente, as falcratuas que levaram Collor a ser impedido pelo Congresso Nacional são migalhas.