Ter responsabilidade antes de exercer autonomia

4 de março de 2010

Na semana passada a prefeitura de Torres promoveu a prestação de contas das metas fiscais da municipalidade do ano de 2009. Na verdade apresentou formalmente as contas do último quadrimestre do ano passado, mas que representam as contas do ano, pois três quadrimestres representam 12 meses, um ano, portanto. O que chamou negativamente a atenção foi a pouca presença de cidadãos torrenses, de lí­deres empresariais, partidários e de entidades de classe. Poucos vereadores também compareceram ao encontro na Câmara Municipal, transformando uma audiência pública com a importância que tinha em uma pequena reunião onde se contava com os dedos os presentes.  

A coisa pública no Brasil é e parece que será cada vez mais complexa na análise de seus orçamentos. A Lei da Responsabilidade Fiscal e a Lei das Licitaçíµes transformaram o processo de gestão do dinheiro público mais aberto para a comunidade, o que é saudável, mas acabaram burocratizando tudo e transformando as contas públicas em uma equação complexa e que necessita por isto análises mais detalhadas. E justamente nestes momentos, onde a presença e o exercí­cio da cidadania através de perguntas e questionamentos precisam ser fortes, parece que em geral o remédio acabou servindo para piorar o processo. Formadores de opinião, interessados diretamente no orçamento e, o que é mais serio, lí­deres partidários, que afinal lutam para conquistar o poder justamente da gestão das contas públicas, não comparecem nos encontros, e o que é pior: continuam colocando na boca do povo afirmaçíµes sem procedência que podem transformarem-se de simples fofocas em verdades absolutas para a cabeça da população, o que confunde ainda mais a posição do eleitor, que afinal quer saber em quem votar e quais os projetos que mais servem conforme suas ideologias para receberem seu direito sagrado de escolher.  

Não é mais admissí­vel que, como acontece hoje, parlamentares de Torres coloquem números em seus pronunciamentos na câmara sem checar sua exatidão, como se tivessem arredondando contas de bar. Não é mais possí­vel entes partidários não saberem distinguir o que é recurso gasto em contrapartida de recurso gasto em financiamento próprio. Não é mais possí­vel falar de um orçamento de R$ 50 milhíµes se referindo, com o microfone na mão, a um orçamento de R$ 70 milhíµes, aumentando em 40% o número chutado do real quando se está exercendo um cargo público, remunerado e pago pelo povo, que não sebe, então, em quem acreditar.

 Um lí­der de um segmento empresarial, polí­tico ou social recebe certa outorga de várias pessoas e grupos de pessoas para de certa forma representar os interesses daquele grupo social, polí­tico ou empresaria. E para este lí­der ter confiabilidade pública para responder aos anseios de sua categoria e questionar números de outro segmento qualquer, polí­tico ou outro, a liderança deve ter a responsabilidade de saber bem do que está falando ou no mí­nimo ficar calada. Não é nada democrático um homem ou uma mulher utilizar um cargo que recebeu através de uma eleição, pública ou privada, para atirar inverdades no ar somente com o intuito de confundir a tudo e a todos, pois está acima de tudo confundindo os nomes que votaram em seu mandato, seja para qual for a função. Um presidente de entidade, de partido, um vereador, um lí­der de bairro, dentro outros possui, acima de tudo, deveres perante seu grupo. Seus direitos são poucos e devem ser sempre se exercidos com base em dados concretos e formais.  


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