EDITORIAL – Todo o destino tem o Turista que merece

27 de maio de 2010

Na última segunda-feira (24) aconteceu na Câmara Municipal a última audiência Pública que possibilitava que a sociedade emitisse opiniíµes e debatesse sobre as leis e sançíµes para que o Código Ambiental de Torres, que está em fase de conclusão de seu texto final, obtivesse mais proximidade das reais vontades locais da sociedade organizada. Poucas pessoas estiveram na Casa do Povo para assistir os debates, e os que lá estiveram parece que não entenderam bem o significado do código, o que é normal em uma cidade que faz pouco tempo que iniciou seu real processo de participação do povo nas leis locais. Mas o que chamou mais a atenção foi a quase total ausência de atores do trade do turismo  locais.  Representantes do maior fator de produção local, os lí­deres do setor mostraram que não se preocupam ou não estão mobilizados para interagir com as leis que mudam sensivelmente o ambiente que os turistas irão conviver quando aqui estiverem para passar suas férias, para assistir um seminário hospedado em hoteis ou simplesmente nos visitando para curtir nossa cidade.  

Um exemplo claro da falta de mobilização de toda a sociedade foi o debate sobre as regras que nortearão a presença dos carros de som com propagandas em Torres. No código, além de não haver a esperada emenda de proibição deste tipo de mí­dia buscada por muitos há anos, a atividade recebeu emendas corporativas que valorizam as propagandas de carros de som como um setor estruturado na cidade, protegendo os donos dos carros de concorrência e legislando inclusive sobre direitos adquiridos na licença das empresas para herdeiros das mesmas. O único vereador que discorda com os efeitos dos carros de som na cidade, Rogério Jacob, o Rogerinho (PP), ficou mais uma vez sozinho no debate sobre o tema. Nenhum cidadão sequer pediu espaço para falar sobre as possí­veis mazelas que o barulho dos carros de propaganda causam em suas atividades do dia-a-dia, principalmente ligadas ao turismo. Ao contrário, um representantes dos carros de som saudavelmente foi í  audiência mostrar seu ponto de vista sobre o assunto, naturalmente defendendo o setor de mí­dia local. Os outros vereadores presentes na audiência, ou não se manifestaram sobre o tema,   ou defenderam a permanência dos carros de som, como o caso dos vereadores George Rech (PTB) e Gimi (PMDB), defendendo a manutenção dos empregos do setor.  

Cada destino turí­stico tem o turista que merece, conforme a lei natural da Oferta X Procura e do conceito que o destino deixa na cabeça de seus visitantes após irem  e sentirem os locais escolhidos. O trade do turismo de Torres deixa claro que, ou seus hóspedes e clientes não reclamam do barulho dos carros de som nas temporadas, ou não querem sacrificar sua imagem perante a sociedade para lutar pelo término da barulhenta mí­dia, como já ocorre nas principais cidades turí­sticas mundo afora.

   A autonomia í s demandas turí­sticas, como qualquer outra demanda, está ligada de forma proporcional ao compromisso de seus demandadores. Isto quer dizer, na prática, que os empresários dos hoteis, da gastronomia e do comércio de Torres não terão moral mais tarde para reclamar que o perfil do turista de Torres está baixando e a média de dinheiro gasto por eles diminuindo. Não poderão reclamar que os antigos torrenses que aqui veraneavam estão se mudando para Xangri-lá ou Punta Del Este. Não podem os formadores de opinião do chamado trade do turismo imaginar que turistas mais ricos e culturalmente bem educados, vão gostar de deixar seu dinheiro em um local onde, quando, por exemplo, vão dormir a sesta, são acordados por barulhos de carros que penetram as janelas de seus quartos de hotel ou de seus apartamentos e casas vendendo mercadorias e lazer sem dar a eles opção para não receber í quelas mensagens na maioria barulhentas e de mau gosto.


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