Novo ponto da Rodoviária de Torres recebe criticas em audiência pública

Representante da Prefeitura de Torres diz que a própria secretaria de Turismo apoia um movimento para retorno da estação ao local antigo

José Matos de Sousa (e) sugere até manifestações públicas para o retorno da rodoviária ao centro; Luciane Pereira, em nome da secretaria de Turismo, colocou a prefeitura à disposição para rever o ponto
1 de abril de 2022

Na tarde de quinta-feira (31 de março), aconteceu uma Audiência Pública – por iniciativa de Comissão Temática da Câmara de Vereadores de Torres ligada a infraestrutura, comandada pelo vereador Silvano Borja. Em pauta, o debate que teria ficado pendente sobre a troca de local da Estação Rodoviária de Torres, a qual, no final do ano passado, saiu da sua sede localizada no centro (ao lado do Supermercado Nacional) e acabou se mudando para a Estrada do Mar (em ponto onde no passado se localizava a Churrascaria Mirim).

No último trimestre do ano de 2021, a Estação Rodoviária de Torres passou por uma nova licitação dentro da estrutura da Metroplan (vinculada ao Governo do RS) para definição de Concessionários. O antigo operador desistiu de se manter na concessão e também decidiu vender o prédio onde antes se localizava o terminal. Só restou ao novo concessionário escolher outro local para colocar a rodoviária.

À época, houve várias sugestões de pontos – um na Vila São João, outro na Avenida Castelo Branco e o ponto na Estrada do Mar, que acabou sendo escolhido. A prefeitura não interviu no processo, houve reclamações de vereadores da oposição sobre a falta de critérios utilizados pela municipalidade para deixar que o novo ponto fosse escolhido sem um debate municipal. É que, de direito, uma rodoviária é uma concessão ESTADUAL e, portanto prefeituras municipais podem sugerir, mas não podem exigir. O que pode ser feito é a própria prefeitura se qualificar para ser uma concessão do Daer (ou Metroplan), o que não aconteceu na época da troca de localização e da licitação.

 

Demandas de líderes comunitários e de entidades

 

Na audiência pública de quinta-feira (31/3) participaram da tribuna lideranças de entidades e de bairros, além de alguns vereadores e uma representante da prefeitura municipal.  Não houve a presença de representantes do Daer (gestor das concessões) embora estes tivessem sido convidados pela Comissão da Câmara de Torres.

Representantes do Conselho do Idoso ocuparam a tribuna para afinal reclamar da mudança abrupta que deixou a rodoviária mais longe do centro. Mas o depoimento do Conselho de Idosos na audiência pediu, então, que houvesse: 1 – Linha sistêmica e rápida de transporte público para fazer as ligações das demandas de pessoas que querem ir do centro para a nova estação; 2 – ponto de taxi na nova localização do terminal, para que idosos possam ter transporte disponível quando chegam a Torres vindo de destinos diversos; 3 – mudanças no trânsito para melhorar o fluxo do trajeto entre os bairros e a Rodoviária; 4 – Comunicação qualificada para informar e indicar a localização e as alternativas de transporte para os usuários da Estação Rodoviárias.

 

Representante do Sindicato dos Agricultores questiona todo o processo

 

O Representante do Sindicato dos produtores Rurais de Torres, José Carlos de Matos, criticou a falta de protagonismo da prefeitura no processo. Ele acha que o ponto anterior deveria ser desapropriado pela municipalidade – ao invés de haver a troca.  Matos disse, ainda, que um protesto público deveria ser feito caso não haja resposta por parte do prefeito para voltar atrás (ou pelo menos melhorar a nova localização do terminal de embarque e desembarque de ônibus intermunicipais e interestaduais de Torres).

 

Relatório completo feito por morador da Praia da Cal

 

O representante da Associação dos Moradores do bairro São Francisco, Pedro Ramon, apresentou um relatório completo feito por representante dos Moradores da Praia da Cal. Ele citou a contribuição de Marcos Gravina que colocou em cheque informações, dentre elas:

1 – Disse que o município poderia se apresentar como concessão, inclusive com Parceria Público-Privada da Rodoviária; 2 – Questionou que cidadãos dos poderes de Torres teriam afirmado que o assunto Rodoviária não tinha a ver com o governo municipal, mas lembrou que a lei estadual exige que as prefeituras emitam parecer sobre as localizações das rodoviárias montadas; 3 – Perguntou: O município e o Daer cumpriram a lei?

 

Diretor de da empresa de ônibus São Marcos reclama, mas explica.

 

Um representando de empresa de transportes do RS no comitê de relacionamento do Daer também falou na tribuna. Eduardo Michelin é também diretor da empresa de ônibus São Marcos, que possui linhas com saídas e destinos em Torres.  Para ele, a 1ª impressão que fica para o turista em uma cidade turística é a Estação Rodoviária. Lembrou que a São Marcos tem linhas que saem e chegam a Torres no dia-a-dia. E que o destino continua vinculado a antiga estação Rodoviária, ou seja: a São Marcos não está utilizando a nova rodoviária e a Metroplan permite que isto seja feito.  O Daer está também autorizando São Marcos e a Unesul para que monte roteiros sem necessidade de utilizar a nova rodoviária.

Eduardo debitou ao antigo proprietário da Estação de Torres o fato de simplesmente ter desistido de participar do processo, sem maiores avisos, deixando assim a cidade com o problema que agora está em debate.  Diz que a Rodoviária atual está trabalhando de forma precária e temporária (no máximo dois anos) justamente por conta de haver desistência dos antigos concessionários. E que a parte do prédio antigo da rodoviária (de propriedade do ex-operador) só cobre a parte de venda de bilhete. As lojas do entorno têm outros donos.  Eduardo Michelin reclamou ainda que o dono antigo também não quis alugar o ponto para o novo dono.

Sugeriu que seja pensada a utilização da área do Parque do Balonismo para ajudar na solução. E disse que, se não houver ação local, a cidade irá ficar dois anos desta forma: com a rodoviária longe e com os problemas já citados.

 

Prefeitura a disposição para novas alternativas

A servidora da secretaria de Turismo de Torres, Luciane Carvalho Pereira, também participou da tribuna da audiência pública. Ela, em nome da secretaria, disse que seus colegas da pasta (junto com o prefeito) concordam em geral com as reclamações, até porque sofreram na prática questionamentos dos turistas e visitantes (usuários principalmente no verão). Disse ainda que o secretário de Turismo, Fernando Nery, também se colocou a disposição para ajudar em um movimento de melhorar a situação criada.

Como cidadã, Luciane também se posicionou. Disse ter abordado (em seu trabalho de conclusão na faculdade de Turismo) sobre este tipo de assunto. Disse achar que ter a rodoviária no antigo ponto se trata de uma questão cultural de Torres, pensando que um esforço deve ser feito para que o ponto retorne para lá. Mas que deve ser feito um projeto de sustentabilidade econômica para que a solução seja viável e factível.

As autoridades ligadas de alguma forma ao processo de localização da atual rodoviária irão receber um relatório da Comissão, que transmitirá o que foi registrado na ata da audiência Pública.


Publicado em: Geral






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