Ao escrever sobre a instalação do Porto Meridional, um projeto estratégico para o Rio Grande do Sul, o colunista Paulo Timm lista argumentos questionáveis, preocupações alarmistas e fundamentos pouco consistentes. Sabemos que um projeto deste porte gera dúvidas legítimas, mas os raciocínios apresentados não resistem a uma análise técnica, econômica e racional dos fatos:
1. Porto Meridional vai ampliar a capacidade logística do RS
O Porto Meridional não vem para competir com o Porto de Rio Grande, mas para complementar a capacidade logística do Estado. Rio Grande é e continuará sendo estratégico, inclusive com perfil diferente de cargas e vocações. Hoje, parte significativa das cargas do norte e nordeste do RS são escoadas por portos de Santa Catarina e Paraná. Isso representa perda direta de arrecadação e competitividade para o Rio Grande do Sul. O novo porto vai reter essas cargas aqui.
2. Ferrovia versus novo porto é um falso dilema
O texto cita como alternativa ao novo porto a complementação do trecho sul da Ferrovia Norte-Sul por conta da iniciativa privada. O argumento é curioso: propõe adiar um porto 100% privado e viável em nome de um projeto ferroviário de décadas que depende da União. Portos e ferrovias são complementares, um não exclui o outro.
3. Alarmismos sem base
Quando o autor fala em preocupações ambientais, cabe esclarecer que o Porto Meridional foi concebido com base em estudos ambientais rigorosos. O projeto prevê monitoramento de fauna, rotas de migração marinha, controle de dragagens e uso de tecnologias limpas. O Porto Meridional só sairá do papel após passar pelo licenciamento ambiental conduzido pelo Ibama, um órgão técnico com profissionais qualificados que conduzem os processos com base na legislação vigente, e os trâmites corretos estão sendo seguidos. Antes da emissão da licença, audiências públicas serão realizadas para esclarecer eventuais questionamentos. É o espaço adequado e oportuno para sanar dúvidas e apresentar sugestões.
Sobre a questão logística, o projeto prevê acesso exclusivo direto à BR-101 custeado pelos empreendedores, área de retroporto fora da zona urbana de Arroio do Sal e faixa de areia livre para lazer, esportes e pesca. É preciso esclarecer que a Rota do Sol já tem tráfego de milhares de caminhões que saem da Serra carregados de produtos e mercadorias em direção aos portos de Santa Catarina – apenas deixarão de cruzar o limite entre os estados para se manter no Rio Grande do Sul. O governo do Estado ainda planeja investimentos para melhorar as condições da rodovia nos próximos anos.
4. Sossego e tranquilidade continuarão marcas de Arroio do Sal
O porto será construído em uma área mais isolada, fora do centro da cidade, com acesso viário exclusivo para veículos de carga, o que significa que o trânsito de caminhões e operações logísticas não passarão pelas vias centrais nem pelas áreas residenciais ou de lazer. O empreendimento foi pensado para operar com o menor impacto possível na rotina da cidade.
Além disso, o terminal será um porto-indústria, com foco em movimentar cargas de forma eficiente e moderna, e não haverá interferência na faixa de areia usada para banho ou na área urbana. A praia seguirá sendo espaço de lazer, descanso e convívio – como sempre foi.
O crescimento da população do Litoral Norte, como destacado pelo autor, exige geração de empregos, renda e oportunidades para além do verão. Um porto moderno trará oportunidades para todos, qualificação profissional, novos negócios, arrecadação e infraestrutura.
6. Falar em domínio do crime organizado é leviano
Dizer que o novo porto será dominado por traficantes por estar “distante da Capitania dos Portos e da Polícia Federal” revela um nível preocupante de desinformação ou, no mínimo, uma tentativa deliberada de espalhar medo com base em suposições infundadas. O tráfico internacional de drogas se infiltra na ausência do Estado, não onde há presença institucional, planejamento e fiscalização rigorosa, como está previsto no projeto do Porto Meridional.
O Porto Meridional será um empreendimento com total controle alfandegário, presença da Receita Federal, Polícia Federal e Marinha. É justamente a formalização da atividade logística que inibe o crime organizado, não o contrário. O que favorece o tráfico é a falta de controle e a clandestinidade. Não a existência de um porto regularizado.
7. Porto Meridional tem a marca da responsabilidade
O Porto Meridional, que prevê investimento privado de R$ 6 bilhões, é conduzido por empresários gaúchos com credibilidade e trajetória reconhecida e bem-sucedida em diversos segmentos econômicos.
O projeto é sustentável, eficiente e responde a uma demanda real da economia gaúcha, que precisa de mais um porto para evitar a perda de cargas atualmente despachadas por outros Estados.
Portos são portas para o mundo. São instrumentos de conexão e alavancas do desenvolvimento. Posições contrárias e questionamentos fazem parte do debate público, mas o alarmismo, a desinformação e os exageros precisam ser combatidos. A sociedade tem de avançar dentro do território da racionalidade, do planejamento e do futuro.
Sim ao Porto Meridional com responsabilidade, diálogo e desenvolvimento.