Nestes dias que antecedem o verão, Torres já começa a receber turistas e veranistas, pessoas que vêm de longe a procura de sol e do relaxante desfrute de nossas praias. E no final de semana dos dias 18 e 19 de novembro, o jornal A FOLHA decidiu fazer uma ‘blitz’ nas areias da Praia Grande, para ver como está a relação dos nossos visitantes com o meio ambiente.
Levando em conta que os dias com temperatura mais alta ainda não começaram,o movimento nas areias não é dos maiores – mas já se vê um bom numero de pessoas (principalmente nos finais de semana) relaxando em suas cadeiras de praia, e até tomando banho de mar. A praia parecia estar relativamente limpa, apesar de haverem umas garrafas pets, algumas bitucas de cigarro, um ou outro saco plástico, entre outros pequenos resíduos descartados nas areias.
Em um guarda-sol, próximo à guarita de Guarda-vidas já instalada, na ponta da Praia Grande (divisa com a Prainha), dois jovens estão bebendo cerveja e comendo salgadinhos. Amarrado ao guarda-sol, um saquinho de plástico faz ás vezes de lixeira para a dupla dupla. São os irmãos Cristian e Diamela, jovens de 28 e 24 anos respectivamente,naturais de Buenos Aires. Eles estavam visitando Torres pela primeira vez, vieram ao Brasil para assistir ao jogo do seu time o Lanus (que fez a final da Copa Libertadores contra o Grêmio) e aproveitaram para conhecer as praias gauchas. Encantaram-se com a beleza da Guarita, e acharam a nossa orla limpa. “As praias da Argentina, como Mar Del Plata, tem muitos detritos na areia, aqui é mais limpo. ‘Me gusta mucho ver lós tubitos para colocar las colilla’ (traduzindo: gosto muito ver os tubos para colocar as bitucas)”, falou Cristian, referindo-se as práticas bituquerias de PVC, idealizados pelo projeto Praia Limpa Torres e que podem ser encontradas em alguns locais turísticos da cidade.
Juventude consciente
Caminhando um pouco mais, nos deparamos com uma família mais numerosa, coversando animadamente. Ao seu redor, uma quantidade de embalagens pós-consumo e restos: coco, milho, garrafa pet e saquinhos de salgadinhos se empilhavam embaixo de uma cadeira. Questionados sobre a limpeza da praia, a família de Viamão, disse que a limpeza estava boa. O pai da família afirmou “que a prefeitura deveria ter funcionários para retirar o lixo que as pessoas deixavam na areia”. Mas logo corrigido por sua filha, de 11 anos:“Pai, é a gente que tem que recolher o nosso lixo para não deixar a praia suja”, salientou a menina, enquanto juntava os restos e procurava um local para condiciona-los…. uma mostra clara de como os mais jovens estão engajados com o cuidado do meio ambiente.
Um outro grupo – vindo de Praia Grande (SC), tomava sol e comiam na tarde ensolarada. “Acho que a praia está mais limpa. As pessoas estão mais conscientes, o pessoal vê a praia limpa e quer conservar” disse Larissa, 17 anos. Já para sua mãe Paula, estão faltando lixeiras na areia. Esta também foi a impressão de Camila, jovem advogada de Itaqui, que traz em sua bolsa de praia várias sacolas plásticas. “E nas sacolas que condiciono o meu lixo e depois descarto na lixeira”.
Lixeiras abarrotadas… o que fazer?
No calçadão junto a Praia Grande, se observavam lixeiras completamente cheias, principalmente as que estavam próximas dos quiosques. Mas notam-se dentro das mesmas várias sacolas plásticas amarradas, contendo o lixo dos banhistas. Algumas sacolas com resíduos estão no chão, um vez que as lixeiras não comportarem mais volume. Observamos pessoas colocando estas sacolas – com um certo cuidado e constrangimento – na calçada.
“As lixeiras deveriam ser limpas com mais frequência”, opina Roberto,29 anos, arquiteto de Caxias do Sul e proprietário de um imóvel em Torres. “Esta já estava cheia ao meio dia, e agora já são 18 horas e está transbordando”, complementou, e em seguida se abaixou e equilibrou um coco junto a outros, que estavam no chão. As lixeiras do calçadão só foram limpas na outra manhã,quando passou o caminhão que recolhe os sacos ali deixados.
Planos da prefeitura
Segundo a secretária de Meio Ambiente de Torres,Eliana Machado, está sendo arquitetado um projeto para a gestão do lixo de beira de praia para o verão. “Quanto as lixeiras junto a areia (toneis), estas serão colocadas juntamente com os quiosques no dia 15 de dezembro (como já ocorre anualmente). É a FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental -o órgão responsável para dizer quando se coloca e quando se retiram os toneis”, explica a secretária.
Cada quiosque de beira de praia terá quatro destes – dois para lixo orgânico e dois para o seletivo – e a coleta destes será feita duas vezes por dia, conforme Eliana. “-Já estamos ciente da necessidade de termos um recolhimento do lixo ,mais frequente. Em alguns pontos da área central de Torres está previsto que haja a coleta até três vezes por dia”, concluiu a Secretária .
*Editado por Guile Rocha