Paciente tetraplégico atendido a domicílio relata sua história

Morador de Dom Pedro de Alcântara, Raul Mendes (na foto com sua mãe, Dona Francisca) acidentou-se em 2014, e desde então conta com apoio de familiares, amigos e da comunidade local em sua busca por reabilitação

28 de agosto de 2018

Raul Mendes Dias é morador de Dom Pedro de Alcântara e tem 26 anos. Até alguns anos atrás, ele trabalhava na plantação de banana no município, participava de atividades relacionadas a arbitragem nos municipais de futebol da região, fazia um extra trabalhando de garçom em um restaurante. Raul também gostava de viajar com amigos até Parobé, município ao pé da serra gaúcha, muitas vezes no comando do volante como ‘motorista da rodada’ (dando aquele apoio aos amigos que bebiam ‘umas e outras’, enquanto ele mantinha-se sóbrio).

Entretanto, um acidente ocorrido em janeiro de 2014,  em uma cama elástica, alterou completamente o rumo de sua vida: foi um pulo de mal jeito, uma queda feia que deixou Raul tetraplégico, sem os movimentos dos braços e pernas. ” Já tinha feito loucuras na minha vida que me expuseram ao perigo, que poderiam ter me levado a uma condição ruim. Nunca imaginei que um pulo simples numa cama elástica daria nessa situação toda”, analisa Raul.

Após o acidente, foram 4 meses que Raul ficou internado na UTI (Unidade de Tratamento Intensiva) do hospital, com respiração artificial, seguido por outro mês em quarto de observação. E de lá para cá, foi-se constituindo a obrigação de enfrentar a realidade de sua nova situação. Mas, nesse momento tão difícil, Raul sempre pode contar com o apoio e participação da família, dos amigos e da comunidade de Dom Pedro de Alcântara e região.

“No começo era aquela sensação ruim de estar na cama, precisando de uma atenção um pouco maior. Mas muita gente se mobilizou para me ajudar, sabendo que eu estava numa situação difícil”, indica Raul, lembrando que um bom dinheiro foi arrecadado para manter seu tratamento – que envolve desde assistência de psicólogos, fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde até idas para Brasília, onde realiza tratamentos em hospital que é referência em reabilitação de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores.

 

Tratamento com resultados

 

Entre os tratamentos prestados para Raul, está o serviço à domicílio de fisioterapeutas: são dois profissionais da área que, atualmente, estão visitando-o 5 vezes por semana. Esse serviço vêm sendo fornecido pela Prefeitura de Dom Pedro de Alcântara, que busca apoiar o cidadão do município nesse progressivo trabalho de reabilitação. “Estamos aqui para averiguar como melhorar, como aprimorar ainda mais o trabalho que vêm sendo prestado para os cidadãos que precisam de nosso apoio. É importante ter esse viés: não adianta virar as costas para os problemas, tem que acompanhar os serviços”, ressalta o prefeito de Dom Pedro de Alcântara, Dirceu Pinho Machado, que realizou visita ao Raul no último dia 14 de agosto. “As vezes tem pessoas que buscam a formação e o trabalho não exatamente pelo interesse, mas pela remuneração, e o paciente acaba sentindo isso. Mas no meu caso, estou sentindo uma dedicação verdadeira dos profissionais que estão me atendendo”, respondeu Raul, posteriormente.

E melhor ainda é saber que o apoio que vêm sendo prestado ao Raul está resultando em alguns avanços. Recentemente, em atendimento à domicílio realizado pela fisioterapeuta Ruth – que foi muito elogiada por Raul e sua mãe, por toda a dedicação e humanismo que vem dispondo –  o paciente conseguiu fazer alguns movimentos com as mãos. “Quando fui recentemente para Brasília, realizar o tratamento de reabilitação, senti algumas dores nos pés. Pode até incomodar, mas é sinal de que há esperança (de voltar a mexer as pernas). Como se houvesse uma luz no final do túnel. Nada é impossível, a medicina não e 100% certa – tudo pode mudar a qualquer momento”, relata Raul, mostrando otimismo apesar de todas as dificuldades que lhe acometeram.

 

Uma nova forma de encarar a vida (com apoio da tecnologia)

 

Mas se as esperanças de se reabilitar permanecem vivas para Raul, a realidade da tetraplegia lhe forçou a encarar a realidade de uma nova forma. As limitações de estar praticamente sem qualquer movimento são um desafio constante, mas engana-se quem pensa que Raul é uma pessoa inativa…. muito ao contrário! Além da parceria constante da mãe, ele costuma passar o final de semana com a família, realiza visitas a irmã que mora no São Brás. Torcedor do Internacional, ele assiste os jogos de futebol com os amigos, que frequentemente vem lhe visitar. Nas quintas-feiras, recebe a visita do Pastor da Igreja Batista Nova. “Além disso, sempre tem as visitas dos fisioterapeutas. A casa é movimentada, quase todos os dias recebo alguma visita”, diz ele.

Para assistir a televisão, um controle remoto adaptado foi desenvolvido para Raul, possibilitando-o realizar as funções básicas do aparelho. Mas é no computador que ele passa mais tempo: mesmo sem o movimento dos braços e mãos, ele fica navegando na internet, ouvindo música, assistindo séries e filmes, acompanhado as notícias do esporte, lendo a bíblia online…. e até escrevendo seus pensamentos nas redes sociais! ” Do computador consigo usar praticamente tudo. Isso a partir de um aplicativo, que faz uma leitura facial do meu rosto. Conforme eu movimento o rosto, é como se estivesse movimentando o mouse, que me permite navegar pelas páginas da internet e até escrever”, explica.

E assim Raul vai seguindo seu novo jeito de encarar a vida: com muita força de vontade e o apoio da família, dos amigos e da comunidade. Conforme sua mãe, a dedicada dona Francisca Mendes, três fatores dão força para continuar na batalha pela reabilitação: “Esperança, fé em Deus e na vida. Apesar do trágico acidente, penso que ele podia não estar mais aqui, que ele renasceu. Temos que ter fé e agradecer a força da comunidade e dos familiares”, finaliza.

 

 


Publicado em: Saúde






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