‘PANCs’ são alternativa de renda para famílias agricultoras em Torres

Plantas Alimentares Não Convencionais (PANCs) estão deixando de ser coadjuvantes para assumir papel de destaque nas vendas

18 de setembro de 2024

Eram 10h30 da manhã de sábado, 14 de setembro e não havia mais plantas alimentícias não convencionais na banca de Liége Matos, na Feira do Produtor, em Torres. Todo picão branco, picão preto, erva de passarinho, folha de chuchu, ora pro nobis, flor de capuchinha e flor de rúcula, tinham sido vendidos. Das PANCs (Plantas Alimentares Não Convencionais), restaram apenas algumas caixas de bertalha. Das folhosas mais conhecidas, ainda havia molhos de elegantes alfaces crespas embaladas em folhas de bananeira, couve, mostarda, entre outras do variado mix de produtos da família.

“Hoje eu não tenho mais nada. As pessoas estão atrás (das PANC). As não convencionais foram todas”, respondeu Liége sobre a ausência das PANC naquele momento. Por causa das práticas agroecológicas no cultivo de hortaliças, as estufas da família têm bastante PANC, que hoje representam 30% do rendimento das vendas, conforme avaliação do marido, Jairo Matos. Na opinião da agricultora, a crescente procura pelas PANC reflete a busca por alternativas naturais e o acesso a conhecimentos na Internet.

Nelson Bellé, que na equipe do Centro Ecológico é a pessoa mais envolvida com o tema, credita o aumento da demanda à questão climática e ao interesse de diversas pessoas e entidades, como sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais, paróquias da Igreja Católica, entre outros. Para o tecnólogo, “tem muitas coisas acontecendo” em torno das PANC. Ele cita um curso sobre ervas medicinais na sede da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Urbanas em Três Cachoeiras, que vem abordando com frequência o uso na alimentação. Há o trabalho do Sítio Café na Roça, em Três Forquilhas, que já organizou até a alimentação de eventos fora da região.

 

Estudantes aprendendo sobre PANCs

Oficina no Campus Santa Rosa do Sul, do Instituto Federal Catarinense

 

Apesar das PANC não fazerem parte da alimentação escolar, como em Jundiaí, em São Paulo, algumas turmas de estudantes de escolas públicas de Três Cachoeiras e Mampituba já tiveram contato com a proposta.

Em Santa Catarina, no campus Santa Rosa do Instituto Federal, estudantes dos cursos de Agronomia e Zootecnia também conheceram um pouco mais sobre as possibilidades das plantas espontâneas, ou partes de plantas desconsideradas na alimentação humana e animal, numa oficina ministrada por Nelson Bellé na tarde do dia 17 de setembro. Conforme o professor André Gonçalves, o tema sugerido por estudantes da disciplina de Agroecologia amplia os horizontes sobre o que é alimento, dentro de um contexto de mudanças climáticas e insegurança alimentar.


Publicado em: Economia






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