Sindicalista coloca vereadores torrenses ‘na responsabilidade’ sobre a privatização da Corsan

Presidente do Sindiagua RS esteve na Tribuna Popular da Câmara de Torres, afirmando que municípios teriam que aprovar aditivo junto aos vereadores (os quais, para ele, seriam importantes na luta contra a privatização)

21 de agosto de 2021

Participou da Tribuna Popular da Câmara de Vereadores de Torres, na sessão de segunda-feira (dia 16 de agosto), o presidente do SINDIAGUA RS, Arilson Wünsch. Ele foi à Casa Legislativa torrense para defender a visão da entidade perante a eminente privatização do controle acionário da Companhia Rio-grandense de Saneamento (CORSAN) – sinalizada pelo governo do RS.

O presidente da SINDIAGUA RS disse que há uma visão distorcida da missão da Corsan. Para Wünsch, “quando se fala em Corsan geralmente a informação é ligada à buracos nas ruas e à venda de água em troca do fornecimento da mesma”. Mas ele disse que a Corsan para o Sindiagua, na verdade, “se trataria de um lugar onde pessoas concursadas pelo Estado do RS  trabalham para levar Saúde, Educação Ambiental e Segurança  para a população” ao fornecerem água e higiene para os usuários. Para ele, a Estatal gaúcha  trabalha para todo o Estado do RS (ainda que algumas cidades atualmente já tenham serviços fornecidos por outras companhias). É disse que, em sua avaliação, além desta missão institucional, o governo do Estado também utilizaria dinheiro da Corsan para a manutenção do seu caixa no dia-a-dia, ajudando a pagar contas de outras várias atividades públicas estaduais.

“O governador Eduardo Leite faz palanque eleitoral para querer vender (a Corsan), mas o que vai acontecer é que a empresa vai acabar tornando-se somente uma forma de gerar lucro”, afirmou o sindicalista. Ele criticou também o fato da atual direção da Corsan estar sendo preparada somente para deixar a estatal pronta para ser vendida. Ele deu sua opinião sobre as atividades efetuadas junto a Corsan no governo de José Ivo Sartori (governador do RS entre 2015-18) – o qual teria realizado vários projetos de melhorias estruturais na Corsan – e disse que o governo atual (de Eduardo Leite)  teria feito menos projetos do mesmo quilate.

Afinal o presidente do Sindiagua avaliou que a empresa estatal vai ser privatizada entregando a metade das ações praticamente de graça para o comprador.  E defendeu que “a Corsan não precisaria de privatização, e sim de gestão”.

Vereadores seriam importantes na luta contra a privatização

 

A seguir o presidente do SINDIAGUA RS  apontou os vereadores como capazes de uma forma de ‘poder de inversão do processo de privatização’ caso queiram. É que, na avaliação de Wünsch, as cidades deveriam assinar um aditivo de contrato para que haja a formalização final do negócio da privatização.  E que  faria parte da aquisição algumas modificações nos contratos de prestação de serviço entre as prefeituras e a Estatal – o  que consequentemente geraria um aditivo padrão a ser feito nas municipalidades de todo o RS (aditivo este que, por lei, teria que ser aprovado pelos poderes legislativos locais – Câmara de Vereadores).

 Duas defesas de lados opostos

Nenhum vereador teve a palavra após a participação do sindicalista na Tribuna Popular da Câmara (pois á que a fala foi feita antes dos pronunciamentos gerais de tribuna  da sessão ordinária (diferente da normalidade, quando as falas populares ocorrem após a sessão ordinária). Mas o vereador Rafael Silveira (PSDB), em seu pronunciamento pré-programado, falou sobre o assunto abordado pelo presidente do Sindiagua. O vereador – que é do mesmo partido do governador Eduardo Leite (o PSDB) – defendeu a ideia que está sendo implementada pelo governo, ao mostrar uma visão diferente do trabalho da Corsan. Para Rafael Silveira,  não seria somente o olhar das pessoas que enxergam os buracos como a imagem da Estatal gaúcha (como sugeriu o palestrante do sindicato da categoria). Ele afirmou que os buracos são reais, estão nas ruas, atrapalhando o trânsito e deixando a cidade feia, e como uma realidade ao invés de uma “imagem”.

O vereador Rafael afirmou, ainda, que a estatal teria passivos junto ao município de Torres e junto a outros municípios, por não cumprir o combinado nos contratos com as municipalidades, o que provaria mais ainda (para ele) a fundamentação correta da ação de privatização parcial da Corsan. E se referiu a municípios que já possuem contratos de prestação de serviços com empresas privadas – citando a cidade de Caxias do Sul que,  para o vereador,  possui melhores serviços do que os administrados pela Corsan.

Já o vereador Moisés Trisch (PT), também em parte de seu pronunciamento da sessão ordinária da Câmara, defendeu a ideia da não privatização da Corsan. Ele disse ser contra as privatizações, principalmente de empresas que envolvem setores vitais da sociedade, como o de fornecimento de água e de energia. E questionou a defesa dos que pensam o contrário,  dizendo que estes apenas utilizam a necessidade de diminuir o tamanho do Estado como a justificativa para privatizar. O vereador acha que o tamanho do Estado na realidade é o tamanho dos valores de impostos recolhidos, criticando que a proposta de privatização sequer fala em diminuição da carga tributária.

Moisés encerrou sua opinião sobre o caso na tribuna dando como exemplo o governo do o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele,  um exemplo de diminuição de estatais por um lado e de aumento de imposto do outro, o que mostraria incongruência ideológica.

 


Publicado em: Política






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