O professor Paulo Ott, da Uergs no Litoral Norte, teve um artigo indicado como um dos mais relevantes de 2016 para a temática da conservação, dentre outros publicados em várias revistas de todo o mundo. A seleção foi feita pela Springer Nature, considerada a maior editora de revistas científicas do mundo e pioneira no campo da pesquisa aberta. O artigo ‘The human dimension of the conflict between fishermen and South American sea lions in southern Brazil (A dimensão humana do conflito entre pescadores e leões marinhos sul-americanos no sul do Brasil)’ tem autoria de Ott e pesquisadores de outras universidades do Brasil e do exterior, sendo que havia sido publicado pela Revista Hydrobiologia em maio do ano passado.
A Springer Nature lançou no ano passado a proposta “Mudar o mundo, um artigo de cada vez”, em que editores-chefes de diversas revistas foram convidados a selecionar os resultados científicos mais relevantes, publicados em 2016, que poderiam ter grande impacto nos problemas mais urgentes da sociedade. O artigo de Ott (e pesquisadores associados) foi selecionado junto com outras 32 produções internacionais.
Estudo teve Ilha dos Lobos como referência
A pesquisa foi realizada próxima ao Refúgio da Vida Silvestre da Ilha dos Lobos, importante unidade de conservação marinha no município de Torres, no Rio Grande do Sul, e analisou a percepção dos pescadores sobre o conflito existente entre a pesca e os leões-marinhos, os quais buscam peixes para sua alimentação e acabam, muitas vezes, diminuindo o rendimento econômico da pesca ou danificando os petrechos de pesca utilizados. Como resultado, os pesquisadores verificaram que a percepção dos pescadores sobre os danos causados pelos leões-marinhos, assim como suas atitudes em relação à espécie, são influenciadas pela idade, posição hierárquica, grau de instrução e dependência da atividade pesqueira como fonte de renda.
Outra constatação do estudo de Ott foi de que os pescadores com idade mais elevada, menor grau de instrução e maior dependência da pesca são aqueles que mais enfatizam e ‘magnificam’ os danos causados pelos leões-marinhos. São estes também que apresentam atitudes mais negativas em relação à espécie.
A fim de contornar esta situação, os pesquisadores recomendam ações de educação ambiental, voltadas especialmente para o esclarecimento da real magnitude das perdas econômicas resultantes desse conflito e do potencial da espécie para impulsionar o turismo de observação da vida silvestre na região.