Trigo agroecológico sendo produzido no Litoral Norte

O que era para ser a terceira colheita de arroz agroecológico de Beatricci e Girotto, serviu de base para o plantio de 25 quilos de sementes de trigo, numa área de 2.500 m2 protegida por árvores nativas

2 de dezembro de 2020

Era lua crescente em junho deste ano quando Simone Beatricci e Anderson Girotto semearam trigo pela segunda vez na propriedade em Caraá, no Litoral Norte do RS. A primeira experiência, em 2019, os encorajou a produzir mais do cereal, de forma agroecológica, numa região dominada pela banana e o arroz irrigado.

Beatricci conta que plantaram o trigo sobre a palhada do arroz, que, mesmo sendo de uma variedade que cresce fora da água, não desenvolveu por causa da estiagem. “Acabou que a seca pegou bem na época da florada e a gente conseguiu tirar só pra semente”, relata a agricultora.

Assim, o que era para ser a terceira colheita de arroz agroecológico de Beatricci e Girotto, serviu de base para o plantio de 25 quilos de sementes de trigo, numa área de 2.500 m2 protegida por árvores nativas.  A estratégia para reduzir o tempo de manejo das ervas espontâneas foi fazer um plantio bem adensado, deixando pouco espaço para outras plantas. Depois de semeadas a lanço, as sementes foram incorporadas ao solo pela enxada rotativa de um microtrator (a chamada tobata). Na sequência, os cuidados foram: nos primeiros 45 dias, aplicações de supermagro e esterco fervido a cada 15 dias. Depois aplicações destes mesmos fertilizantes a cada 20 dias. “Esse foi o manejo, bem simples, porque não precisou fazer a limpa”, descreve Girotto.

 

Quantidade colhida ainda é incerta

 

“A gente colheu de roçadeira, amontoou a palha e passou no debulhador. O processo ainda tá bem novo pra nós, temos dificuldade de ter um parâmetro”, explica o agricultor. Ele acredita que entre um terço e um quarto do trigo ficou na lavoura, por causa da colheita com a roçadeira, que debulhou bastante e também por causa da regulagem do debulhador, que em alguns momentos jogou bastante semente fora. “Acabou não vindo pra bolsa, mas no total colhemos 200 quilos (de trigo seco)”.

Após o processo de moagem numa comunidade vizinha, a primeira farinha de trigo agroecológica da região será testada em pães, bolos e comercializada pelo site da propriedade (https://www.sitiocasadebarro.com.br/) e pelo whatsapp. O produto tem a certificação da Rede Ecovida de Agroecologia, da qual Beatricci e Girotto fazem parte por meio do grupo Sal da Terra, um dos 43 grupos do Núcleo Litoral Solidário, representante da rede no Litoral Norte/RS. O Centro Ecológico assessora o Núcleo Litoral Solidário.

A Rede Ecovida visa estimular acesso a alimentos saudáveis. Ela foi a primeira organização no Brasil e desenvolver uma metodologia de certificação participativa de produtos orgânicos reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). No entanto, sua meta não é a certificação, mas sim, estimular a produção e o acesso  a alimentos sem agrotóxicos.


Publicado em: Meio Ambiente






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