Valão de Torres segue ameaçado pelo desmoronamento de suas margens

O Riacho que liga a Lagoa do Violão ao Rio Mampituba em Torres - corpo d'água também conhecido como Valão e que cruza o centro da cidade -  pede socorro novamente. Já é recorrente o assunto vir à tona, principalmente porque já há alguns anos as margens do riacho estão ameaçando desmoronar

Foto expõe fragilidade das margens do Riacho - em trecho próximo ao Mampituba
5 de fevereiro de 2022

O Riacho que liga a Lagoa do Violão ao Rio Mampituba em Torres – corpo d’água também conhecido como Valão e que cruza o centro da cidade –  pede socorro novamente. Já é recorrente o assunto vir à tona, principalmente porque já há quase 10 anos as margens do riacho estão ameaçando desmoronar e causar acidentes, além de encarecer mais ainda as necessárias obras que devem ser feitas no local.

Quando chove muito (ou ocorrem fortes ressacas) o Valão eventualmente transborda,  por conta do trancamento da saída para o rio em conjunto com seu assoreamento – causado também por lixo lá acumulado: não são apenas sacolas plásticas e embalagens que poluem o local: aros de rodas, ventiladores, animais mortos e até sofás velhos já foram encontrados atirados no riacho,mostrando que infelizmente tem muito cidadão que ainda não tem a menor noção de quanto seu lixo pode ser nocivo a cidade (e ao meio ambiente).

Outro problema recorrente do Riacho é olfativo: o local cheira mal (principalmente quando Torres está cheia) porque ao longo do tempo muitas ligações clandestinas de esgoto foram ligadas diretas no valo (qualificando um esgoto a céu aberto).

 

Em busca de soluções

FOTO: Prefeito acompanhando limpeza no riacho, em abril de 2021

Limpezas e dragagens eventuais são realizadas no Riacho de Torres, seja pela prefeitura ou por voluntários. Em agosto de 2021, o grupo autodenominado “Guardiões da Natureza de Torres” realizou uma grande limpeza dentro local, com os voluntários recolhendo pneus de bicicleta, de carro e de moto, surdinas, calotas, ventilador, liquidificador, garrafas de vidros, cacos de garrafas, sacolas, rolos de fiação para internet, aparelhos de telefone celular, aparelhos de som. No total o lixo era tanto que foi preciso acionar um caminhão para retirar todos os dejetos.

A própria questão da chance de desmoronamento também vêm a pauta na cidade com certa recorrência. Em 2019, o prefeito de Torres Carlos Souza e o então presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Jacques, estiveram em Brasília visitando o Ministério do Desenvolvimento Regional – onde já solicitavam recursos para obras de drenagem e contenção do ‘Valão’ (riacho que liga o Mampituba a Lagoa do Violão), no trecho próximo à Câmara de Vereadores.

Mais recentemente Uma indicação, de autoria do vereador Silvano Borja (PDT) em novembro de 2021,  sugeria por escrito que a prefeitura da cidade realize estudo de viabilidade para haja uma obra de contenção do riacho (popularmente chamado de Valão) na Avenida do Riacho, especificamente no trecho que se encontra entre a Avenida Barão do Rio Branco e a margem do Rio Mampituba. Mas 2022 já está aí, e o problema persiste.

Vale lembrar que, quanto corpo d’água, a atividade principal do Riacho (que ameia a avenida com o mesmo nome em Torres) é o de fazer o trabalho de ligação entre  a Lagoa do Violão e o Rio Mampituba, para que seja um meio de fazer as águas correrem quando há excesso de chuvas, por exemplo.

 

Curiosidades sobre o Valão  de Torres

 

Confira a seguir algumas informações interessantes coletadas pelo turismólogo, pesquisador e colunista do Jornal A FOLHA, Roni Dalpiaz, sobre a história do Valão de Torres

 

  • Alfredo Varela, em 1897 já relatava a existência de um canal que ligava a lagoa de Torres (ainda sem o nome ‘do Violão’) ao rio: “…a lagoa das Torres, junto a vila deste nome; pequena, mas funda, manda o excesso das águas ao Mampituba, por estreito canal.”

 

  • Foi a S.N.M (Serviço Nacional da Malária) e D.N.O.S. (Departamento Nacional de Obras e Saneamento) através do escoamento das várias pequenas lagoas resultantes de um grande banhado em Torres, que fixaram as margens da lagoa, resultando no formato do violão. O D.N.O.S. também foi responsável pela construção do canal chamado de Valão em 1940/50.

 

  • Conforme relato de Bento Barcelos (in memoriam) Foi na década de 40 que se abriu “a pá” – tendo como base um um outro curso d’água (que acabou secando/ sendo aterrado) – um novo canal ligando a Lagoa do Violão ao Rio Mampituba, que seria o atual Valão .

 

  • Somente na década de sessenta, na gestão do prefeito Antônio Almeida (1959-1964), é que foi construído a parte de engenharia do riacho. Este trecho, da lagoa até a avenida Barão do Rio Branco, foi construído de 1962 a 1964, quando foi inaugurado. A utilidade inicial do canal, assim como o antigo, era equilibrar a vazão das águas da lagoa, porém ao longo dos anos ele também serviu para escoar o esgoto clandestino rumo ao rio e depois ao mar

 

  • A avenida do Riacho, é oficialmente avenida Auguste de Saint-Hilaire, botânico e naturalista francês que descreveu em 1820 a lagoa do violão, ele empresta seu nome a todo o trajeto do canal “Valão”.

 

Voluntário Sandro Greg em agosto de 2021: retirando utensílios que viraram lixo e acabaram indevidamente no Valão

Publicado em: Infraestrutura






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