Valmir Scheffer da Silva Júnior começou no boxe em 2010, fazendo parte do pequeno grupo de alunos que o professor Dionatan Pacheco atendia na época. A ONG Construindo Gigantes nasceu oficialmente em 2016, mas o projeto social teve seu início seis anos antes – quando Dionatan conseguiu um espaço e começou a ensinar boxe gratuitamente para uma turma de 25 crianças. Infelizmente, o local onde aconteciam as aulas teve que ser devolvido, pois seria alugado. Apesar dos esforços do professor, não houve interesse de outros espaços para apoiar a ONG. Então, Dionatan selecionou cinco alunos daquela turma inicial e continuou a treiná-los como podia – muitas vezes dando as aulas na garagem da sua casa ou na academia onde atendia durante a semana.
Valmir fez parte das cinco crianças que Dionatan continuou ensinando entre 2010 e 2016, quando finalmente o projeto pode ser retomado com força total. Naquele ano o professor voltou a atender turmas grandes, além de conseguir inscrever seus atletas mais experientes nas competições oficiais. Para viabilizar a participação dos atletas nos campeonatos estaduais, o professor fechou parceria com escolas de boxe de outras regiões – mais especificamente em Porto Alegre e Criciúma. Foi assim que, com apenas 14 anos, Valmir participou pela primeira vez do Campeonato Catarinense de Boxe.
Ele competiu na edição de 2016, que aconteceu em formato de torneio. O campeonato durou o ano todo, e as lutas eram disputadas mensalmente. Conforme o atleta ia vencendo, somavam-se pontos a seu favor. Entre lutas mais tranquilas e outras acirradas, Valmir acabou vencedor e se tornou Campeão Catarinense de Boxe – na sua categoria de idade e peso.
O sucesso do campeonato motivou a equipe, e a felicidade, que já era grande, tornou-se maior ainda nos anos seguintes. A dedicação e o esforço levaram Valmir a se tornar tetracampeão catarinense, numa sequência de vitórias que foi de 2016 até 2019.
Interesse pelo mundo das lutas desde cedo
O interesse de Valmir pelo mundo das lutas começou ainda muito cedo, incentivado por seus pais. A primeira luta que praticou foi a capoeira, ainda aos quatro anos de idade. Aos sete anos, o pequeno atleta já praticava também taekwondo. Aos oito e nove anos, se dedicava ao taekwondo e ao boxe. Com 12 anos decidiu focar só no boxe, o esporte que para ele é mais que um hobby, mas sim uma segunda profissão, uma segunda casa, uma parte importante da sua vida.
Quando questionado sobre a possibilidade de seguir carreira, a resposta de Valmir foi objetiva: vai depender das oportunidades. Atualmente ele trabalha como auxiliar de eletricista. Para o atleta de boxe, a maior dificuldade no Brasil é conseguir oportunidades para seguir em frente e se estabelecer no esporte. “Não importa o alto nível do atleta, parece que a cidade só sabe receber os créditos. Nunca tem um incentivo para a pessoa chegar lá. Falta incentivo das empresas também. É difícil mesmo. Mas, se houver oportunidades, eu gostaria muito (de trabalhar com boxe profissionalmente)”, conta o boxeador.
Volta após a pandemia
A pandemia que arrasou o mundo em 2020 e 2021 também atrapalhou um pouco o processo, pois acabou impossibilitando a realização de novos eventos oficiais, deixando as lutas em espera. Mesmo assim, ao final de 2021, Valmir foi campeão dos Jogos Abertos de Santa Catarina. Em 2022 foram retomados os campeonatos e as expectativas. Atualmente com 20 anos, o boxeador continua treinando pela ONG Construindo Gigantes. De acordo com o professor Dionatan, o objetivo agora é participar novamente dos eventos oficiais e buscar por novas conquistas.
Quem tem interesse em contribuir com a ONG e seus atletas, conhecer mais sobre os trabalhos desenvolvidos ou sabe de alguma criança que poderia se beneficiar dessas aulas, é possível entrar em contato com eles pelo Instagram ou Facebook no @ong.construindogigantes, ou pelo Whatsapp 51 98210-0091.
