Desde a última semana, várias medidas foram tomadas para conter o vírus Covid-19, (medida estas de validades nacional, estadual e municipal). Boa parte do povo de Torres obedeceu às ordens, mesmo que estas sejam de paralisação quase total das atividades, sem horizontes futuros ainda projetados. A FOLHA percorreu as ruas da cidade e os locais mais tradicionais do dia-a-dia da para checar isto, na segunda-feira e na quinta-feira (23 e 26).
A faixa de areia da Praia Grande só tinha bombeiros, nos dois momentos. No começo da Avenida Barão do Rio Branco (entorno da Praça XV de Novembro), o quadro parecia de domingo de Brasil na final da Copa do Mundo: dificilmente se via carros e pessoas passando, seja na segunda ou na quinta . E Isto se repetiu na Avenida José Bonifácio, também nos dois dias – muito pouca gente.
Na Avenida Castelo Branco, o vão entre a sinaleira da Estrada do Mar e a rótula da Ulbra mais parecia uma estrada abandonada na quinta (26). Só se notava movimento por conta da Barreira Sanitária da prefeitura. A barreira está montada justamente nesta rótula e informa sobre o Decreto Municipal de Calamidade Pública na cidade, bem como instrui carros com placas de fora da situação local, ou seja: que não existem hotéis nem pousadas em Torres abertos. O problema de entrada de pessoas de fora em cidades litorâneas como Torres se tornou uma questão estadual.
Na segunda-feira (23), em Capão da Canoa, barreiras de brita foram colocadas em entradas secundárias da cidade. No mesmo dia em Torres, alguns lugares tinham barreiras de canos, que foram colocadas em acessos menores. Entretanto, o Governador do Estado, Eduardo Leite, questionou o poder municipal para que prefeituras fechassem a entrada das cidades, o que fez com que estas fossem retiradas na maioria nas cidades. Mas o mesmo governador do Estado decretou que a faixa de areia estava interditada em todo o RS, nas praias de mar e de rio.
100 mil pessoas em Torres e comércio limitado
Conforme o secretário de Turismo de Torres, Fernando Nery, a questão é preocupante. Sua medição local projeta que a cidade de Torres esteja neste final de semana (25 a 27 de março) com aproximadamente 100 mil pessoas – quando a população fixa total não chega a 40 mil. São pessoas que possuem imóveis na cidade, oriundas na maioria da Grande Porto Alegre e da Serra gaúcha. Elas vêm para passar a quarentena por aqui ou para simplesmente passar o final de semana.
Em Torres, por enquanto, estão autorizados a funcionar somente supermercados e similares farmácias e postos de gasolina (decreto municipal). E estas 60 mil pessoas a mais vão ter de abastecer-se nos mesmos lugares que os torrenses têm disponível, podendo causar certa aglomeração em alguns horários, o que não é nada aconselhável em época de Isolamento Social (por mais que a retomada gradual de atividades paradas esteja próxima, conforme sinalizam algumas autoridades).
Conforme Fernando Nery, este é um problema a mais que cidade como Torres têm que enfrentar em momentos de pandemia como que se está passando. E por isso ele instrui a todos que saiam o menos possível de casa.
Nada específico está sendo planejado para ser feito para mitigar este aumento de população no final de semana – mesmo que o STF (Supremo Tibunal Federal) esteja autorizando operações mais radicais às prefeituras por conta da crise de saneamento causada pelo Coronavírus. Resumindo: cidade turística como as do Litoral Norte têm o bônus de visitantes que consomem e geram divisas, mas têm o ônus destes mesmos estarem nas mesmas cidades em momentos de recolhimento social.
Movimento cresceu um pouco nos supermercados
Contatamos Ivone Krausburg Sartori, proprietária do Supermercado Big Jóia (no bairro Predial). Conforme nos foi repassado, o estabelecimento realmente teve um incremento no movimento de veranistas, apesar de não ser um movimento fora dos padrões. “Conversamos com alguns veranistas que nos passaram a informação de que vieram pra Torres pra reduzir o número de pessoas numa mesma casa (em suas cidades de origem), para reduzir os riscos. Aumentou consideravelmente o número de entregas à domicílio, inclusive para estes veranistas”, ressalta Ivone.
A proprietária do supermercado ainda afirma que está sendo bem atendida pelos fornecedores, sem risco de desabastecimento – sendo que 90% dos produtos estão sendo repostos dentro da normalidade (com exceções como álcool gel, álcool e água sanitária). “Nossa preocupação maior é com o bem estar e saúde de nossos funcionários, por isso estamos operando com cerca de 30% menos do efetivo, sendo que demos férias para os funcionários que estavam no grupo de risco”, conclui Ivone.
Hospital de Torres tem pelo menos oito Respiradores
Na semana, A FOLHA entrou em contato com o Conselho de Saúde da cidade para saber sobre a quantidade dos Respiradores, equipamentos exigidos para casos graves de pessoas infectadas pelo Coronavírus. São um para cada leito de UTI atualmente disponível e mais três na Emergência.
