Duas figueiras que há cerca de 70 anos estão enraizadas junto a Rua José Picoral poderão ser removidas em breve. É o que aponta o parecer técnico 85/2019 da SMAURB (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo). Entretanto, estas mesmas figueiras da histórica rua José Picoral são protegidas pela lei municipal de 2168/1985, fazendo parte do Patrimônio Histórico, Cultural e Ecológico de Torres. A situação levou a necessidade de uma autorização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Torres (COMPHAC).
Atualmente, como medida de segurança, o local onde as figueiras estão (em frente à Croassonho – prédio Ilha Dubai) foi isolado, bem como foram retirados os bancos que ficavam em volta das árvores. A SMAURB deu um prazo de mais de 6 meses – a partir de maio – para ver se as árvores se recuperam ou se terão mesmo que ser removidas. Embora a chance de recuperação/sobrevivência sejam mínimas, pode-se tentar apenas a poda dos galhos secos e monitorar o comportamento das espécimes (e em último caso supressão total das figueiras).
Análises da SMAURB e COMPHAC
Conforme análise dos técnicos da prefeitura, as árvores vem perdendo grandes galhos (de até 100kg como um que caiu em dezembro de 2018) que podem tornar-se um risco para pedestres e veículos estacionados. Ainda foram apresentados no parecer técnico um conjunto de fatores que devem, provavelmente, levar a morte das árvores: 1) As figueiras já perderam parte das raízes décadas atrás, em função da construção do edifício onde estão na frente; 2) um ônibus já bateu em uma delas, danificando um dos grandes galhos; 3) há encharcamento do solo onde as árvores estão, proveniente das chuvas; 4) A SMAURB afirma que o lenho (a sustentação da árvore) está comprometido; 5) ventanias provocaram a queda do talude, comprometendo a estabilidade do terreno; 6) A árvore está tomada por parasitas – erva de passarinho, especialmente; 7) Houve redução da incidência solar na árvore no decorrer das últimas décadas.
Tendo em conta que as árvores são protegidas por lei municipal, a Secretaria do Meio Ambiente de Torres encaminhou o laudo técnico sobre a possível remoção das figueiras ao COMPHAC. E o presidente do Conselho, o jornalista e historiador Nelson Adams, esteve na redação do Jornal A FOLHA na última segunda-feira (13), explicando o motivo pelo qual o COMPHAC acompanhou o relatório dos biólogos da SMAURB – favorável a remoção das figueiras. “Fizemos uma sugestão para transplantar as árvores para outro local, mas a viabilidade para tal medida ainda deverá ser vista. Entretanto, por mais que as figueiras façam parte do nosso patrimônio ambiental, o relatório aponta que elas estão naturalmente condenadas, e além do mais podem acabar virando um risco a segurança aos moradores e visitantes de Torres”.Além da explicação, Nelson Adams também mostrou uma foto da Rua José Picoral nos anos 40 – foto onde as figueiras ainda não aparecem. “Estimamos que as árvores tenham entre 60 e 70 anos”.
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