Churrasco à beira mar

É, o churrasco e o chimarrão acompanham o gaúcho por todo o lugar que ele for e, claro que não deixaria de acompanhá-lo também no litoral. E é este o assunto desta semana

22 de janeiro de 2023

Como o gaúcho gosta de churrasco!

É, o churrasco e o chimarrão acompanham o gaúcho por todo o lugar que ele for e, claro que não deixaria de acompanhá-lo também no litoral.

E é este o assunto desta semana.

Não tenho a menor ideia de quem começou essa história de fazer churrasco à beira mar, mas posso contar como devem ter sido as primeiras experiências desta atividade aqui por Torres.

O churrasco, para o gaúcho, é mais que um alimento, ele tem todo um ritual. E este ritual envolve, além de outras coisas, o chimarrão e a cerveja.

Vou tentar apresentar aqui como se dava esta atividade à beira mar, baseado na minha observação ao longo de mais de 50 verões.

O gaúcho frequentador do litoral, vinha (digo no passado, mas acho que ainda é assim) para a praia e trazia tudo que ele gostava. Então, ele pegava o seu carro e colocava todo o necessário para o fim de semana: cusco, mulher, filhos, sogra, não necessariamente nesta ordem de importância. Churrasqueira de latão, espetos, facas, mesa de armar, cadeiras de praia, lona ou barraca, enfim uma mudança inteira! E chegando na praia escolhida, o acampamento era armado logo pela manhã e se estendia até o final de tarde.

Geralmente essa atividade gastronômica era feita em lugares mais abertos onde se podia chegar com o veículo (carro, caminhão, carroça ou algo parecido).

Tenda de lona, churrasqueira de latão ou de tijolos, isopor com muita cerveja e gelo, cadeiras e esteiras para a mulherada. O churrasco tinha hora para começar mas não tinha para terminar.

Gurizada virando croquete na areia, se enterrando em buracos cavados pelos irmão mais velhos, e se torrando no sol ou se enrugando na água do mar.

Sempre havia aquele que se torrava mais do que os outros virando o famoso “camarão”. Se me perguntar porque não passavam protetor solar, a resposta é simples: antigamente não existia protetor solar, o que existia na época era o tal do bronzeador. No final do dia era um vermelhão só e esses sapecados levavam as marcas das queimaduras como recordação do verão.

Hoje em dia os churrasqueiros da orla fazem quase a mesma coisa, mas com duas diferenças cruciais. A primeira é que eles fazem essa “bagunça programada” em qualquer lugar da orla, não mais em lugares com pouca gente. Na verdade, eles fazem o contrário, quanto mais gente por perto, melhor. A segunda diferença é o som. Com gosto musical duvidoso, eles não se acanham em mostrar suas preferências em altos decibéis, ensurdecendo os “viventes” no seu raio de ação. Eles trazem essas caixas de som imensas, que hoje em dia já vêm até com rodinhas (quem será que inventou isso?), e que têm uma bateria que não acaba nunca. Além dessa caixa de som, alguns vêm até com uma escola de samba completa, com sambista e tudo.

O churrasco começa e a fumaça defuma os que tiverem a infelicidade de sentar nas proximidades. E o simples churrasquinho à beira mar transforma-se no terror da praia. Não há quem aguente por perto por mais de uma hora. E o entorno vai se abrindo como o mar morto ou como se uma bomba tivesse caído só na periferia deste grupo e expulsado todos num raio de pelo menos dois metros. Não tem como ficar tão perto.

Ainda bem que isso só ocorre com mais frequência nos finais de semana, mas infelizmente isso pode mudar, assim como já mudou a quantidade de pessoas fazendo churrasco e os lugares escolhidos para isso.

Socorro!

 

PS: Este texto é uma obra de ficção, mas pode ter um fundo de verdade em quase tudo! Eu acho!

 




Veja Também





Links Patrocinados