Não se trata de prioridade. Falar sobre problemas econômicos por conta das restrições sanitárias tomadas pela Calamidade Pública decretada para conter a pandemia do Coronavírus é falar de doenças sociais causadas por estas medidas, muitas delas praticamente mortais, também.
Não se está comparando o valor de uma vida, seja lá qual for, pelo valor de uma sobrevivência de um setor econômico, de uma loja, de uma empresa, de ações da bolsa de valores. Trata-se da reação em cadeia que a paralização das atividades produtivas causa, um problema que pode matar muito mais que a virulência.
O que as autoridades políticas têm que fazer é uma projeção do caminho da pandemia em suas cidades, seus Estados e no Brasil. A seguir, devem trabalhar junto com a projeção de economistas sobre os efeitos doentios de uma parada econômica radical como a que estamos vivendo. E daí sim devem colocar na balança as duas situações. São dois casos que geram doenças, são dois casos em que as doenças podem progredir para a morte.
Cabe às autoridades políticas no poder avaliar profundamente isto, dia após dia, hora após hora, para ir adaptando as coisas. Elas ganham para isto. A nós, simples viventes, o mais responsável é:
1 – Obedecer às regras impostas.
2 – Sugerir ideias de melhorias no sistema assim como abrir a cabeça para aceitar ideias de outros, sem preconceito, mesmo que estas ideias soem como perigosas para nós. Elas devem chegar às autoridades através de manifestações várias nas redes sociais, pois sempre existe uma cabeça a mais para, às vezes, sugerir a saída.
CORONAVÍRUS E ECONOMIA II
Uma pessoa que sobrevive de uma forma indireta, da espécie de “migalha” do consumo, nestes momentos é a mais prejudicada. São vendedores ambulantes, guardadores de carro, catadores de lixo reciclável, esmoleiros, pedintes de esquina, dentre outros.
Estes estão sem renda nenhuma. E geralmente são pessoas que já vivem no extremo: ganham de manhã para almoçar e de tarde para jantar.
Atender estes dando comida deve ser uma medida transitória. Mas reativar as atividades dá mais alento aos cidadãos que optam (ou são obrigados) a sobreviverem desta forma em troca da liberdade.
A liberdade do Ser Humano é talvez o maior patrimônio que a sociedade deveria ter para com seus cidadãos. Ela é tão importante, que tem gente – como estes que citei acima – que preferem viver desta forma para terem suas escolhas, sem exigências fixas.
CORONAVÍRUS E ECONOMIA III
Os pequenos empresários sofrem por eles e sofrem por seus funcionários. Estas empresas também trabalham com capital de giro apertadinho. Precisam de suas vendas diárias para pagar o aluguel, a luz, a água, os poucos funcionários e suas leis sociais (que no Brasil são pesadíssimas).
Imagino o sofrimento que donos de comércios ou empresas prestadoras de serviço estão tendo neste momento. Por um lado, obrigados a não trabalhar, não faturar (vender). Por outro, por contas fixas, que não somem por decreto. E, principalmente, por PESSOAS que dependem do trabalho para seu sustento – os funcionários.
No Brasil, mais de 70% do emprego é fornecido por este tipo de negócio. Emprego formal e informal – informal que sofre ainda mais, porque não tem apoio da rede de benefícios do governo.
CORONAVÍRUS E ECONOMIA IV
João perdeu o emprego na loja do senhor José. João parou de comprar na loja do senhor Manoel, que por sua vez está quase fechando porque já demitiu seus funcionários como fez seu colega José ao demitir João.
Se Manoel fechar ele vai deixar de comprar de vários atacadistas que vendiam para abastecer suas lojas assim como para vários prestadores de serviço de limpeza, segurança, aluguel de imóvel e etc. E estes prestadores também já podem estar no limite para fechar as portas porque muitos pararam como Manoel. E assim por diante.
Como a sociedade vai sustentar urgentemente estes que são oriundos da crise de falta de produção causada pelas medidas de contenção do Coronavírus? Será que ao iniciar o consumo de novo estes que fecharam ou perderam seus empregos vão ter chance de voltar ao normal? Esta é a doença da parada econômica compulsória.
E as pessoas que viviam de “certa sobra” destas relações de consumo – que são a parte mais de baixo da cadeia de emprego & renda? Praticamente vão morrer de fome, pelo menos no primeiro momento.
As autoridades tem o dever de colocar isto na balança.
E os governos que já estão pagando parcelado o salário dos servidores por não terem dinheiro para sequer pagar a Folha de Pagamento? Se cair a produção, cai o recolhimento de impostos. E aí?
CORONAVÍRUS E ECONOMIA EM CIDADES TURÍSTICAS
Cidades como Torres, Arroio do Sal e várias outras do litoral Norte do RS são lugares diferenciados. Nestes existem os moradores locais e os donos de imóveis locais, mas que vivem originariamente em outras cidades. Portanto, a população média acaba sendo flutuante.
Nestes casos proliferação de vírus é compreensível que muitos prefiram passar suas quarentemas nos seus imóveis na praia. Trata-se dos ônus e dos Bônus de ter no Turismo e no veranismo uma das atividades econômicas. É claro que seria mais confortável para os moradores fixos se eles soubessem que a cidade e a estrutura de atendimento em geral estivessem disponíveis somente para eles. Mas é coerente que entendamos que as pessoas estão em seus direitos. Eles não estão aqui passeando. Eles estão utilizando um imóvel que é deles, tem direito igual ao nosso.
Os hotéis estão fechados para desestimular o Turismo puro – pessoas que vêm passear aqui. A faixa de areia foi interditada por decreto Estadual. Restaurantes na maioria estão fechados ao público. Assim, não estamos fomentando o turismo. O que existe é mais gente que utiliza suas casas de Torres ou de outras cidades litorâneas como Arroio do Sal para passar estes dia de quarentena.
Nosso papel é SABER disto. Mas ao saber, nossa atitude não deve ser de discriminação. Deve de ser de tratamento igualitário de nossos pares de moradia fixa. Exigir a colaboração ao máximo na obediência do decreto municipal. Preconceito nunca é bom. Faz mal á saúde.