ELEIÇÃO EM TORRES E A SOPA DE LETRINHAS

Coluna de Fausto Jr - Jornal A FOLHA - Torres - RS - Brasil

11 de agosto de 2020
Por Fausto Júnior

Estamos iniciando o processo eleitoral. Nesta semana que passou, foram apresentados para a sociedade praticamente todos os pré-candidatos à prefeitura de Torres, mesmo antes de haver as Convenções Partidárias que, ai sim, FORMALIZA as candidaturas.

Antes de haver a oficialização das coligações (que ainda podem ocorrer e propiciarem até viradas de mesa – pela lei), estão apresentados os seguintes nomes:

1 – Carlos Sousa, atual prefeito, deve ir à reeleição pelo mesmo partido, o Progressistas (ex- PP) e leva de vice na chapa o atual vice-prefeito, Fábio Amoretti, que foi eleito em 2016 coligado com Carlos pelo PDT, mas trocou de partido em 2018, passando para o Progressistas.

2 – Alessandro Bauer Pereira vai tentar mais uma vez seguida se eleger prefeito pelo MDB, já que concorreu em 2016 e perdeu para Carlos Souza, mesmo fazendo mais de 8 mil votos. Leva de vice, em princípio, o atual vereador Jeferson de Jesus dos Santos, do PTB.

3 – Carlos Monteiro, o Tubarão, vai pelo PDT, após ser eleito a vereador pelo MDB por duas legislaturas seguidas (2012 e 2016), além de ter sido vereador pelo antigo PFL (atual Democratas) na legislatura 2000/2004. Portanto, já tem doze anos de experiência na Câmara de Torres. Leva de vice em princípio a também vereadora Gisele Rodrigues, a Gisa Weber, que foi eleita em 2012 pelo Progressistas, reeleita em 2016 pelo mesmo partido, mas atualmente está no PSD (Partido Social Democrata), quando aproveitou a janela e trocou de sigla, em março passado.

4 – Ivan Brocca apareceu nesta semana de forma quase anônima (A FOLHA não recebeu comunicado) como pré-candidato pelo PT de Torres. No ano passado, Alexandre Bayma se apresentou como virtual candidato de consenso dentro do PT para ser vice do então candidato virtual do PDT torrense André Pozzi. Só que Pozzi não se confirmou candidato pelo PDT. Quem se apresenta atualmente é o vereador Tubarão.  E acho que foi aí que o ex-presidente da OAB de Torres, Ivan Brocca apareceu e se candidatou pelo menos extraoficialmente. Ele não falou nada (pelo menos não vi) de nome para vice nem coligações. Isto deve aparecer com o tempo.

5 – Marcelo Couto, após concorrer na eleição passada e trabalhar forte localmente para a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro em Torres no ano de 2018, portanto no PSL, então partido do presidente do Brasil quando eleito, agora vai de novo pelo partido Patriotas. A FOLHA também não recebeu nenhuma nota oficial da agremiação, mas parece ser quase certa a formalização da candidatura nas convenções partidárias que se encerram no final de setembro próximo.

 

BASE ALIADA E OPOSIÇÃO NA CÂMARA

 

Atualmente o partido no poder, o Progressistas, é o que possui mais cadeiras na Câmara Municipal. São cinco vereadores eleitos que estão encerrando a legislatura neste ano de 2020 pela sigla: Fábio da Rosa, Val Cabelereiro, Gimi, Jacques e Rogerinho.  Atualmente também apoia o partido do governo Carlos de forma direta e assumida o vereador Ernando Elias, eleito pela Rede Sustentabilidade, mas que passou para o PSL, onde vai tentar a reeleição. O PT teve até então a vereadora Zete como aliada do governo Carlos Souza desde o início, pois o Progressistas se aliou ao PT no governo Nílvia na legislatura 2013/2016 e combinou que haveria a contrapartida nesta legislatura. Mas agora, com a candidatura de Ivan Brocca, parece que há chance deste apoio ser perdido.

Os outros seis vereadores da Câmara são oposição, embora alguns tenham sido partes da base aliada do governo Carlos até pouco tempo. Jeferson fez parte do governo com seu PTB, que no início do ano desembarcou do poder para apoiar a candidatura de Alessandro do MDB. Pardal iniciou a legislatura neutro pelo Republicanos, mas depois assumiu oposição frontal ao governo Carlos Souza. Este não vai se candidatar novamente, mas o partido diz estar junto com Alessandro do MDB. Tubarão saiu do MDB após anos de agremiação e ingressou no PDT, onde se apresenta como pré-candidato a prefeito. Marcos Klassen saiu do MDB e ingressou no PSB (Partido Socialista Brasileiro) e se inclina a apoiar (e coligar) com Tubarão e o PDT.  Dê Goulart se elegeu pelo PDT e vai tentar mais uma legislatura seguida depois de emendar duas (2012/2020) e antes ter sido vereador por mais duas vezes (anos 90) e vice-prefeito em Torres no governo do MDB de 2005/2008. E  Gisa Webber saiu do Progressistas em março e ingressou no PSD, para acompanhar e apoiar a  candidatura de Tubarão. Atualmente se apresenta como pré-candidata a vice na chapa majoritária encabeçada pelo PDT.

Ou seja, dos treze vereadores na Câmara, sete são da base aliada e sei da oposição. Tudo após várias trocas feitas durante a legislatura, principalmente na janela eleitoral. Mas parece que, dos partidos com bancada na Câmara Municipal de Torres, vão apoiar o Progressistas e a reeleição do governo Carlos somente o PSL. Dos outros seis nomes que atualmente apoiam o governo, cinco são do partido de Carlos Souza e um do PT, que se apresenta com candidato de esquerda e dificilmente irá se coligar com o Progressistas.

 

ELEIÇÃO EM TORRES E IDEOLOGIAS

 

O Partido Progressistas, atual agremiação de Carlos Souza, prefeito de Torres, é considerado de DIREITA: ou seja, apoia mais ações AMBIENTAIS do que ações diretas NAS PESSOAS. Combina ideologicamente com os partidos unidos em torno do presidente Bolsonaro (PSL, Patriotas e outras siglas mais ligadas ao conservadorismo). Mas é uma agremiação TRADICIONAL no Brasil. E em cidades de interior como Torres e região faz uma espécie de Grenal com o MDB, outro partido histórico. Deve manter coligação atual com PSL e pode buscar outros partidos de centro, como PSDB que em Torres é pequeno, mas possui boa representação, além de ser a sigla do governador Eduardo Leite.

O MDB que vai tentar de novo a cadeira para a prefeitura com Alessandro Bauer, pode ser considerado um partido que surgiu para fazer oposição ao conservadorismo militar unipartidário da década de 1970. É um partido que se situa mais no centro e valoriza ao mesmo tempo a liberdade e a participação das pessoas nas decisões através da democracia representativa (a atual do Brasil). Diz que não é a favor do Estado Grande nem mínimo. Sim o Estado Necessário.  Já tem o PTB ao seu lado em Torres e pode se aproximar de mais partidos de centro como o mesmo PSDB.

O PDT que deve ir representado pelo atual vereador Tubarão é uma sigla de centro esquerda. O trabalhismo de Brizola e Getúlio Vargas valoriza as empresas estatais e o emprego público quase que de forma corporativista. Atualmente tem se aproximado mais da esquerda do Brasil tentando de certa forma abocanhar dissidentes do PT após os problemas que o partido de Lula e Dilma teve, por conta do Mensalão e da Operação Lava à Jato. Em Torres deve se aproximar do PT e dos partidos mais a esquerda ainda como PC do B e PSol.

O PT que se apresenta com Ivan Brocca é um partido que valoriza os direitos humanos perante a sociedade, colocando nestes direitos questões trabalhistas e de defesa das minorias e movimentos sociais afirmativos, como os de orientação sexual diversa, de defesa de raças e origens contra preconceitos e etc. Defende que a sociedade deve pagar impostos para que os governos defendam os direitos das minorias como prioridade. Defende, portanto um Estado grande e protagonista na vida das pessoas, o contrário da defesa da liberdade econômica, por exemplo, no outro extremo. Também deve se aproximar de partidos de esquerda, Por isso, ou vai concorrer com o PDT na busca das coligações, ou vai coligar com o PDT para resolver dois problemas em um.

 

 

 




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