Você já ouviu falar das famosas praias do Dia D, ou praias do Desembarque? Muitas pessoas, assim como eu, estudaram sobre as Guerras Mundiais ou assistiram a filmes e minisséries sobre o assunto. Este ano, um dos eventos mais significativos da Segunda Guerra Mundial completou 80 anos e foi amplamente noticiado. Aqueles que têm curiosidade, como eu, buscam entender melhor o que realmente aconteceu naquela manhã de 6 de junho de 1944, nas cinco praias da Normandia, no norte da França: Omaha, Utah, Juno, Gold e Sword.
Geralmente, as reportagens se concentram no desembarque propriamente dito, e há pouco conhecimento sobre a preparação e a complexidade envolvidas nessa grande operação militar. A Operação Overlord, também conhecida como Dia D, tinha como objetivo iniciar a libertação da França das forças nazistas e estabelecer uma frente de guerra no ocidente. Os historiadores consideram a operação de extrema importância, pois foi um golpe decisivo para as forças alemãs. No final de junho de 1944, mais de 850.000 soldados norte-americanos, britânicos e canadenses haviam desembarcado nas praias da Normandia.
Para apoiar esse desembarque, os aliados criaram um improvável porto artificial no mar, formando uma grande enseada entre as cinco praias na região de Arromanches-les-Bains. Arromanches-les-Bains foi escolhida para a instalação desse porto, conhecido como Mulberry, devido à sua localização estratégica e à relativa proteção oferecida pela baía.
O porto era composto por vários elementos pré-fabricados, incluindo: Quebra-mar – Grandes blocos de concreto afundados em forma de cone, que protegiam o porto das ondas e tempestades, Cais – Estruturas flutuantes com pontes de acesso para o desembarque de tropas e equipamentos, Estradas – Pontes flutuantes que ligavam os cais à terra firme, Armazéns – Estruturas flutuantes para armazenar suprimentos. Esses elementos do porto foram construídos em massa na Inglaterra e em outros locais, e depois rebocados para a França. A montagem era rápida e eficiente, graças a um planejamento meticuloso e ao uso de equipamentos especializados. O porto Mulberry era projetado para ser adaptável às condições marítimas e às necessidades militares. Os elementos poderiam ser rearranjados e ampliados conforme necessário.
Da noite para o dia, Arromanches-les-Bains, um pacato vilarejo de pescadores antes da guerra, transformou-se em um dos centros logísticos mais importantes da Europa. A construção do porto Mulberry, uma proeza da engenharia aliada, foi fundamental para o sucesso da invasão da Normandia. Imagine uma cidade inteira, com seus cais, armazéns e ferrovias, flutuando sobre o mar. Essa era a realidade de Arromanches em 1944. O porto permitiu que milhões de toneladas de suprimentos fossem descarregadas e transportadas para o interior da França, garantindo o avanço das tropas aliadas.

Arromanches-les-Bains é hoje um prestigiado balneário portador de vestígios dessa história recente de coragem e inovação estratégica, em que a engenharia e a logística transformaram o curso da história. Para todos os lados que se olha, restos desse porto são avistados, assim como em lugares estratégicos da cidade pode-se encontrar alguns tanques, caminhões e partes das estruturas deixadas após o desembarque.
Para preencher esta lacuna de informação ao mundo, a cidade de Arromanches-les-Bains construiu o museu do Dia D. Nele estão os detalhes de todo o planejamento, construção e execução dessa grandiosa operação que representou um momento de união e estratégia com um impacto profundo na história mundial.
E as praias do desembarque? Falo sobre elas na próxima coluna.