MORAR OU NÃO MORAR EM TORRES? EIS A QUESTÃO.

Confira esse conto de ficção (mas não tão ficcional assim) sobre William, um turista apaixonado por Torres que decide vir morar na Praia... e os reflexos dessa mudança em seu estilo de vida e sua maneira de enxergar Torres.

21 de março de 2022

Quem um dia não sonhou em morar na praia?

Muita gente guarda este sonho para colocá-lo em prática no momento da aposentadoria. Uma pequena parte dos que sonham, conseguem realizar e os outros, vão postergando ano a ano e talvez nunca consigam.

William Só, um turista apaixonado por Torres, foi um desses que conseguiram realizar o sonho. Hoje ele faz parte deste seleto grupo de “turistas aposentados”. E, como tal, pensava e fazia como sempre fez quando era apenas turista, ou seja, ia à praia todos os dias. Sim, até no inverno. Aparecia o sol, e lá estava ele, um misto de morador e veranista, com calção de banho, chinelinho e um carrinho de praia com cadeiras e guarda sol, rumo à praia. E lá ficava até perto das 15 horas para finalmente voltar para casa, almoçar e tirar uma boa, e merecida, siesta. Era uma dura vida de “turista aposentado”!

E ele a desfrutou, feliz, por algum tempo até se dar conta que, embora fosse seu sonho, morar na praia, não era bem aquilo que imaginava. Fixado naquela imagem da cidade em plena temporada, ele se deparou com uma nova realidade bem longe daquela idealizada. O que ele não se deu conta é que o verão é basicamente três meses (os da própria estação do ano), e no restante do ano o calor e o sol nem sempre estão presentes. E este um quarto de ano (verão), passa a ser muito pouco dentro do ano inteiro. E, assim como esperava pelo verão na sua terra de origem, ele continuará à espera dele aqui na sua nova morada.

Outra coisa que nunca contaram para ele é que agora seus parentes terão à disposição uma casa de veraneio. Sim, toda sua família e da sua esposa virão (ao mesmo tempo ou escalonados), visitá-los no verão (e apenas no verão).

A cidade de Torres já possui uma vida mais ou menos normal durante o ano todo. Quero dizer que tudo funciona durante o ano inteiro, não é mais como era há uns 20 ou 30 anos, que ficava um marasmo depois da temporada e pouca coisa funcionava. Mas para esses turistas, agora moradores, o baque ainda é grande, o choque de realidade os pega de surpresa. De um quase caos, a cidade entra em outra “vibe”, uma tranquilidade, quase parada, principalmente nas áreas mais turísticas. Isto na percepção deles que vislumbravam outra realidade.

Uns aguentam, e ficam. Outros, não suportam e voltam de onde vieram. Antigamente, aqueles que desistiam eram a maioria, hoje em dia a maioria são os que ficam. Isso fica claro na quantidade de apartamentos e casas que passaram a ser ocupados durante o ano todo, principalmente depois do início da pandemia.

E o William ficou.

O tempo passou e chegou o dia em que este personagem, que escolheu ficar, sofreu uma mutação: de “turista aposentado” passou a ser “morador torrense”. A partir daí ele começa a reduzir suas idas à praia à medida que aumenta suas idas ao mercado (ou aos médicos). Até que chega o momento de só visitar a praia aos finais de semana, mas de longe, o mais perto que chega é à beira do calçadão.

E a coisa piora. A próxima fase desta mutação é quando ele começa a ter um sentimento de pertencimento tão grande, mas tão grande, que passa a não mais gostar da presença de turistas/veranistas em “sua cidade”!

Ele quer a calma, a tranquilidade, o pouco trânsito, os mercados com pouca gente…ele quer sua vida “normal” de volta. Só que não se dá conta que isso não é mais possível. Aquele “normal” não mais existe e, o mais curioso de tudo, é que ele também ajudou a compor esta nova realidade.

 




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